Livros

Escritora baiana lança na Flica o livro de poesias 'Habitadores'

O evento será no sábado (28 de outubro), às 11h

Foto: Divulgação
A autora Renata Ettinger

"Habitadores", novo livro de poesia da escritora e publicitária baiana Renata Ettinger (@renataettinger) mostra "os desafios de aprender a lidar com as rachaduras da casa inescapável que somos todos nós". É assim que Thaís Campolina, autora e crítica literária descreve a obra na apresentação do livro.

Publicado pela editora Patuá (124 p.), "Habitadores" será lançado na Festa Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), a maior festa literária do Norte e do Nordeste.

O evento será no sábado (28 de outubro), às 11h, na Casa dos Autores Baianos (Rua Ana Neri, 7, Centro, Cachoeira - Bahia).

"O primeiro nome desse livro foi 'Habito Dores'. Nesse momento, comecei a investigar o que tinha escrito e por onde poderia caminhar. Com o tempo, o título do livro migrou para a 3ª pessoa do singular: 'Habita Dores' ou 'Habitadores'. E quando o livro foi ganhando forma, entendemos que seria algo como 'Habita d o r e s'", conta.

Na orelha do livro, a escritora e idealizadora do Coletivo Escreviventes, Carla Guerson, destaca o protagonismo da dor e da ausência no trabalho de Renata: "É, de fato, em meio às dores e aos medos, literalmente enumerados neste livro, que a falta parece se destacar. A falta da palavra, edificada em silêncio. A falta que nos aproxima, que nos torna humanos. A falta que nos constitui”, escreve Carla. “Descobrimos, então, que somos feitos de ausência, do que não somos. E que a poesia, se nasce da falta e busca preenchê-la, nada mais é do que a materialização do impossível: preencher a falta, traçar a linha tênue entre o riso e o choro, captar o momento exato em que a boca muda de direção."

Adélia Prado e Adriana Lisboa foram principais referências para novo livro

Baiana, nascida em Itabuna, Renata Ettinger é publicitária, poeta e “dizedora” de versos que encontrou na palavra um lugar de ser. Publicou quatro livros de forma independente: "um eu in verso" (2002), "Oito Polegadas" (2018, junto com mais três poetas, "Grito: silêncios ecoando em minha voz" (2020) e "A mesma vida é outra" (2022). Leitora voraz de poesia contemporânea, durante o período de isolamento social, realizou o projeto “Quarentena com Poema (QCP)”, em que compartilhou um poema em áudio por dia com amigos e interessados em poesia. Depois, criou o podcast “Trago Poemas”, iniciativa que caminha para o terceiro ano. Ambos estão disponíveis nas principais plataformas de streaming (Spotify, Deezer, Google Podcasts, entre outras).

Suas principais referências literárias são poetas contemporâneas como Adélia Prado, Conceição Evaristo, Ana Martins Marques, Adriane Garcia, Adriana Lisboa e Elisa Lucinda. Para "Habitadores", Renata cita que as principais influências literárias foram "O Vivo", de Adriana Lisboa, e o trabalho de Adélia Prado: "Nesse livro, ela está na epígrafe com o verso 'dor não é amargura', que trouxe muita luz para o que eu estava sentindo e escrevendo no momento".

Confira o poema “habito dores”:

do verbo
da hipocondria
do sentir

são
uma espécie
de casa

entro saio
durmo
me alimento

moro em dores
que eu conheço
mas também
em solos
nunca antes
visitados

na dor que
ainda não senti
chego
e logo penduro
nas paredes
espelhos para
me reconhecer
ali

habito dores
de todos os tempos
   de muito antes
   de eu existir
   ou de
   só agora percebi

dores que ainda
não têm nome

mas alimento
suas fomes