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Passa de 1,4 mil o número de mortos na guerra entre Israel e o Hamas

O papa Francisco lamentou o conflito

Foto: Mnistério da Defesa de Israel
Dezenas de caças israelenses estão realizando uma onda de ataques aéreos

Chegou a 1.487 o número de mortos no conflito iniciado após o ataque do Hamas a Israel. O balanço mais recente das autoridades aponta 800 mortes em Israel e 687 na Faixa de Gaza. A Embaixada de Israel nos Estados Unidos relatou que mais de 100 soldados e civis foram sequestrados. Há mais de 2 mil pessoas feridas.

O conflito iniciado após um ataque massivo do Hamas a Israel entrou no segundo dia neste domingo (8 de outubro).

Israel está concentrando todos os esforços em uma contraofensiva. O Exército israelense informou que já conduziu 500 ataques em Gaza.

Informações das Forças de Defesa de Israel afirmam que dezenas de caças estão realizando uma onda de ataques aéreos “intensos” na Faixa de Gaza.

Segundo o Ministério de Relações Internacionais de Israel, houve registro de um ataque no Egito: "Nesta manhã, durante uma visita turística de um grupo israelense em Alexandria, no Egito, um local abriu fogo contra eles, matando dois civis israelenses e a guia egípcia".

"Além disso, há um ferido israelense com estado de saúde estável.

O Ministério e a Embaixada no Cairo estão colaborando com autoridades egípcias para repatriar os cidadãos israelenses para Israel o mais breve possível", diz o comunicado.

Fontes afirmam que haveria ainda em Israel duas "células dormentes" do Hamas prontas a entrar em ação se os militares israelenses entrarem na Faixa de Gaza para uma operação por terra, o que é esperado.

Um porta-voz do Hamas, Ghazi Hamad, declarou à BBC que o ataque recebeu apoio do Irã.

O premiê israelense, Benjamin Netanyahu, pediu aos palestinos que deixem Gaza e prometeu reduzir os esconderijos do Hamas a ruínas.

"Nos vingaremos do Hamas por esse dia escuro. O Exército usará toda a força para perseguir o Hamas, atingiremos em qualquer lugar. O que aconteceu nunca havia acontecido em Israel e farei com que nunca aconteça de novo. Será uma guerra que levará tempo, será difícil, dias desafiadores estão diante de nós", declarou.

Ele também advertiu que o Hamas não "encoste em um fio de cabelo dos reféns em Gaza": "Vocês fazem parte da cadeia dos heróis de Israel e estamos com vocês".

Moradores da cidade de Safed, no norte, relatam que os sistemas de defesa aérea israelenses estão lançando projéteis sobre a área. Israel disparou um míssil terra-ar Patriot perto da fronteira com o Líbano. 

Os incidentes despertam temores de que o conflito possa se espalhar para uma segunda frente.

Sem aulas - As escolas em Israel permanecerão fechadas nos próximos dias em meio aos combates contínuos entre Israel e grupos terroristas na Faixa de Gaza, à medida que o Comando da Frente Interna estende as restrições existentes.

Além disso, as empresas ao sul de Netanya e ao norte do centro de Negev só podem ser abertas se houver acesso imediato a abrigos antiaéreos, dizem os militares. As reuniões são restritas a 10 pessoas ao ar livre e 50 pessoas em ambientes fechados nessas áreas.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visita o comando da Força Aérea
Foto: Governo de Israel

Brasileiros

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil informou que está monitorando a situação das comunidades brasileiras em Israel e na Palestina. 

Segundo o Itamaraty, um brasileiro foi ferido e encontra-se hospitalizado. A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está prestando assistência. O órgão informou ainda que a embaixada também está buscando contato com outros dois brasileiros que também estavam em um local atacado.

O monitoramento está sendo realizado pela Embaixada do Brasil em Tel Aviv, em Israel, e do Escritório de Representação em Ramalá, na Palestina. São estimados 14 mil brasileiros residentes em Israel e 6 mil brasileiros na Palestina, a grande maioria fora da área afetada pelos ataques.

“O Escritório de Representação em Ramalá mantém contato com representantes dos cerca de trinta nacionais que vivem na Faixa de Gaza. A Embaixada em Tel Aviv, por sua vez, monitora a situação dos cerca de sessenta brasileiros estimados em Ascalão e outras localidades na zona de conflito”, informou o Itamaraty em nota divulgada as 13h35.

Ainda de acordo com o ministério, os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com Whatsapp, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência.

A Força Aérea Brasileira (FAB) vai fazer uma operação de repatriação de brasileiros na área do conflito entre Israel e Hamas.

Um primeiro avião será enviado ainda neste domingo de Natal, no Rio Grande do Norte, para a Itália.

De lá, a aeronave deve decolar para Israel entre segunda e terça-feira (9 e 10).

A operação é coordenada em conjunto com as embaixadas do Brasil na região, que montam a lista de pessoas que desejam retornar ao Brasil.

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, explicou que os voos devem ocorrer à tarde: "Facilita o transporte terrestre até os aeroportos.

Num momento de crise como esse, os transportes terrestres enfrentam mais dificuldade. Se decolássemos de manhã, os passageiros teriam que se deslocar de madrugada".

Há também expectativa sobre a retomada das operações do principal aeroporto do país, o Ben-Gurion. Caso isso ocorra, os brasileiros podem conseguir deixar o país em voos comerciais.

Há seis aeronaves prontas para a missão: 2 aviões KC-30, com capacidade para até 230 passageiros cada; 2 KC-390, com capacidade para até 80 passageiros cada; e 2 VC-2, cedidos pela Presidência da República, que podem transportar até 38 passageiros cada um.

Apreensão

Em entrevista à TV Brasil, o técnico de ginástica artística Felipe Bichof, que mora em Tel Aviv, disse que o clima é de apreensão. “A cidade está deserta, ainda que Tel Aviv seja uma zona segura nas ruas, não foi declarado nenhum tipo de lockdown, mas as ruas estão desertas, com poucos carros passando”, relatou. Ele acrescenta que só resta esperar. “Uma situação como essa deixa a gente apreensivo, impotente, porque é angustiante ficar dentro de casa sem poder fazer nada”, completou.

Os infiltrados do Hamas tomaram assentamentos próximos à Faixa de Gaza e fizeram reféns. “Como todos sabem, Israel é reconhecido mundialmente por seu poder militar e ninguém imaginava uma situação dessa. Geralmente, quando há infiltrações são por túneis subterrâneos e, em sua maioria, são frustradas. O poder militar israelense dá conta de intervir e são poucos os casos adentrando no país”, disse.

Bichof acrescentou que o noticiário local mostrou israelenses em bunkers, que entraram na TV ao vivo por telefone. “Foi uma situação que começou a ficar muito tensa. A gente acompanhando pelo noticiário pessoas sussurrando ao telefone: ‘Eles estão aqui, me ajuda!’”, concluiu.

Segundo Bichof, o maior temor neste momento é que haja uma escalada na violência com a entrada de outros países no conflito. O governo de Israel já convocou mais de 100 mil reservistas para atuar na proteção do território. “É imprevisível, pode durar algumas horas, alguns dias, semanas, isso pode escalar e a gente fica na tensão para que outros países não entrem nessa situação”, afirmou.

O clima de apreensão também foi relatado pela jornalista Carolina Rizzo, moradora de Tel Aviv. “Não estou saindo de casa, estou trancafiada dentro de casa, só acompanhando em grupo de WhatsApp de quem mora por aqui, vendo notícias o dia inteiro. Venho para a varanda do apartamento e quase não tem carro passando. Você não vê gente andando na rua, está bem estranho e angustiante. Hoje foram cinco sirenes de disparos de foguetes que a gente ouviu e a gente teve que ir para o abrigo anti-bombas”, contou à TV Brasil.

A entrevista precisou ser interrompida em razão de uma sirene de alerta de míssil.

Reunião

O governo brasileiro anunciou que realizará na manhã deste domingo uma reunião de coordenação sobre os conflitos e a situação dos brasileiros na região.

A reunião deverá contar com a participação da Ministra substituta das Relações Exteriores, Embaixadora Maria Laura da Rocha; do Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro; e do Assessor Especial do Presidente da República, Embaixador Celso Amorim.

Está prevista uma declaração à imprensa ao fim do encontro.

Também há previsão de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU neste domingo. A presidência de turno é do Brasil.

Papa lamenta

Durante a tradicional oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco lamentou o conflito neste domingo.

"Acompanho com apreensão e dor o que está ocorrendo em Israel, onde a violência explodiu mais ferozmente, deixando centenas de mortos e feridos", disse o pontífice.

"Que os ataques armados parem, por favor, e que se entenda que o terrorismo e a guerra não levam a nenhuma solução, só à morte de muitos inocentes. A guerra é sempre uma derrota. Oramos para que haja paz em Israel e na Palestina", acrescentou o Papa.

A Faixa de Gaza

O território é palestino, composto por uma estreita faixa de terra localizada na costa oriental do Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio, que faz fronteira com o Egito no sudoeste (11 km) e com Israel no leste e no norte (51 km).

O território tem 41 quilômetros de comprimento e apenas de 6 a 12 quilômetros de largura, com uma área total de 365 quilômetros quadrados.

A população da Faixa de Gaza é de cerca de 1,7 milhão de pessoas. 

Apesar de a maior parte da população ter nascido na Faixa de Gaza, uma grande porcentagem se identifica como refugiados palestinos, que fugiram para Gaza durante o êxodo palestino que ocorreu após a Guerra árabe-israelense de 1948.

A população é predominantemente muçulmana sunita.

Com uma taxa de crescimento anual de cerca de 3,2%, a Faixa de Gaza tem a sétima maior taxa de crescimento demográfico do mundo, além de ser um dos territórios mais densamente povoados do planeta.

A área sofre uma escassez crônica de água e praticamente não tem indústrias. A infraestrutura é precária, e quase nada foi refeito após os bombardeios israelenses de 2008-2009. 

A designação Faixa de Gaza deriva do nome da sua principal cidade, Gaza, cuja existência remonta à Antiguidade.

Desde julho de 2007, depois das eleições parlamentares palestinas de 2006 e da Batalha de Gaza, o Hamas tem controlado de fato a administração da área.