O Instituto Adolfo Lutz confirmou o diagnóstico de febre maculosa da adolescente de 16 anos, moradora de Campinas, que morreu na terça-feira (13). No dia 27 de maio ela esteve no evento na Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, local provável de infecção, onde outras três pessoas estiveram antes de morrerem esta semana em decorrência da doença.
Segundo a Secretaria de Saúde de Campinas, com as quatro mortes pela doença, a situação já se configura como um surto localizado. O distrito de Joaquim Egídio é mapeado como área de risco para febre maculosa.
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, em 2023, foram registrados 17 casos de febre maculosa com oito mortes, incluindo as quatro confirmadas desde segunda-feira (12) e que estiveram no mesmo evento. Em 2022, foram registrados 63 casos, com 44 mortes confirmadas. Já em 2021, foram 87 casos e 48 óbitos.
Alerta
O alerta da secretaria estadual é para que as pessoas que estiveram na Fazenda Santa Margarida no período de 27 de maio a 11 de junho e apresentarem febre e dor pelo corpo, dor cabeça ou manchas avermelhadas pelo corpo, procure atendimento médico imediatamente e informe ao médico que estiveram na região.
A febre maculosa, também conhecida como doença do carrapato, é uma infecção febril de gravidade variável, com elevada taxa de letalidade. Causada por uma bactéria do gênero Rickettsia é transmitida pela picada do carrapato. O período de incubação da Febre Maculosa é de 2 a 14 dias, então o correto é considerar exposições ocorridas nos últimos 15 dias antecedentes ao início de sintomas.
Entre os cuidados a serem tomados para diminuir os riscos de contrair a doença então verificar frequentemente se há algum carrapato preso ao corpo, usar roupas claras e com manga longa, calça comprida e sapato fechado. Para retirar um carrapato da pele, seja de um humano ou de um animal, é preciso utilizar uma pinça delicadamente, torcendo o parasita até que a boca saia da pele. Isso porque a bactéria que causa a doença está na saliva e se ele for apertado ou esmagado, pode inocular mais saliva e assim aumentar o contato da vítima com a bactéria.
A doença não é transmitida diretamente de pessoa para pessoa pelo contato e seus sintomas podem ser facilmente confundidos com outras doenças que causam febre alta. Em humanos, a enfermidade caracteriza-se por febre e máculas (manchas) vermelhas no corpo. Além disso, há sinais de fraqueza, dor de cabeça, muscular e nas articulações, tudo de início súbito.
Se não for tratada, a doença pode levar à morte rapidamente. Se diagnosticada rapidamente e tratada com antibiótico específico nos três dias iniciais de manifestações clínicas, a doença tem cura. Porém, depois que a bactéria se espalha pelas células que formam os vasos sanguíneos, o caso pode se tornar irreversível.
O Brasil registrou 2.059 casos de febre maculosa de janeiro de 2013 a 14 de junho de 2023, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Desse total, 1.292 casos foram na Região Sudeste. Desde o início deste ano, 53 casos ocorreram em todo o país, dos quais 30 se concentraram no Sudeste.
Com relação às mortes causadas pela doença do carrapato, foram contabilizados 703 no Brasil desde 2013, dos quais 623 foram no Sudeste. Até 14 de junho de 2023, o Brasil registrou oito mortes, todas no Sudeste.
Quando analisados os 30 casos registrados este ano na Região Sudeste, quatro foram em Minas Gerais, oito no Espírito Santo, seis no Rio de Janeiro e 12 em São Paulo. Segundo o levantamento do Ministério da Saúde, as oito mortes deste ano ocorreram no estado de São Paulo. Todas as vítimas estiveram em evento da Fazenda Santa Margarida, no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, local provável de infecção, no dia 27 de maio.
No estado de São Paulo há duas espécies da bactéria causadora da doença. Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica do estado de São Paulo (CVE), na região metropolitana da capital, há pouquíssimos registros devido à urbanização da área.
No interior do estado, a doença passou a ser detectada a partir da década de 1980, nas regiões de Campinas, Piracicaba, Assis, nas regiões mais periféricas da região metropolitana de São Paulo e no litoral, mas em uma versão mais branda. Os municípios de Campinas e Piracicaba são, hoje, os que apresentam o maior número de casos registrados da doença.