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Febre maculosa: conheça os riscos
e o que fazer para evitar a doença

A febre maculosa é doença infecciosa pouco conhecida do público

Foto: Ministério da Saúde

O carrapato deve ser retirado com uma pinça

A Secretaria de Saúde de Campinas informou que foram registrados mais dois casos suspeitos de febre maculosa no município paulista. Trata-se de duas mulheres que estiveram na Fazenda Santa Margarida: uma de 40 anos, que esteve no local em 27 de maio; e outra de 38 anos, que frequentou um evento na mesma fazenda em 3 de junho. Ambas estão internadas em Campinas, com sintomas da doença.

Quatro casos já foram registrados: um homem de 42 anos, do município paulista de Jundiaí, que morreu no último dia 8, com infecção de febre maculosa confirmada pelo Instituto Adolfo Lutz; uma mulher de 36 anos, de São Paulo, falecida no último dia 8, com infecção confirmada pelo Adolfo Lutz; uma mulher de 28 anos, de Hortolândia, interior paulista, morta no dia 8 de junho, com infecção também confirmada pelo instituto; e uma adolescente de 16 anos, de Campinas, que morreu ontem, com infecção que ainda está em investigação.  

Além das seis ocorrências, dois casos foram confirmados em Campinas desde início do ano. As duas pessoas morreram, mas os casos não estão relacionados ao surto da Fazenda Santa Margarida.

De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, de 2007 a 2021, foram notificados 36.497 casos da doença no Brasil, dos quais 7% foram confirmados, em uma média de 170 por ano nesse período.

A febre maculosa é doença infecciosa pouco conhecida do público, transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) infectado pelas bactérias Rickettsia rickettsii ou Rickettsia parkeri.

O período de incubação é de 2 a 14 dias, com média de sete dias após a picada do carrapato.

Após a picada do carrapato, estima-se que o tempo médio necessário para que ocorra a inoculação da bactéria seja em torno de 4 a 6 horas de parasitismo, mas dependerá de cada espécie de carrapato.

Os principais sintomas são:

-- Febre
-- Dor de cabeça intensa
-- Náuseas e vômitos
-- Diarreia e dor abdominal
-- Dor muscular constante
-- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés
-- Gangrena nos dedos e orelhas
-- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória.

Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por febre maculosa são:

-- Viver em uma área onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados.

-- Convivência com cachorro, cavalo ou outros animais domésticos.

-- Se um carrapato infectado se prender à sua pele, é possível contrair febre maculosa ao remover o carrapato, pois o fluido do carrapato pode entrar no seu corpo por meio de uma abertura como o local da picada.

Para diminuir os riscos de infecção, em caso de exposição a carrapatos, siga os seguintes passos:

-- Ao remover um carrapato da sua pele, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente.

-- Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em álcool ou jogue no vaso sanitário.

-- Limpe a área da mordida com anti-séptico.

-- Lave bem as mãos

“Ao se aventurar em regiões de mata e cachoeira, é importante estar ciente que estamos no período de reprodução do carrapato estrela, ocorrendo o risco de transmissão da Febre Maculosa através de sua picada. Caso em até 15 dias após este deslocamento, você apresente sintomas deve procurar atendimento médico o mais rápido possível”, afirma Tatiana Lang, Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo.

Embora seja grave e com alta letalidade, é possível reduzir significativamente o risco de contrair a doença. Verificar com frequência se há algum carrapato preso ao seu corpo, usar roupas claras com manga longa, calça comprida e calçado fechado são algumas medidas efetivas para a proteção contra o carrapato transmissor.


Infográfico: Unicamp

Tratamento -  A febre maculosa brasileira tem cura desde que o tratamento com antibióticos seja introduzido nos primeiros dois ou três dias.

O ideal é manter a medicação por dez a quatorze dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa a regredir e evolui para a cura total. 

Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins, dos pulmões, das lesões vasculares e levar à morte.

O carrapato-estrela, que faz a transmissão da bactéria causadora da febre maculosa, sobrevive se alimentando do sangue de animais de grande porte, como bois, vacas e capivaras.

No entanto, aves, animais domésticos e roedores também podem carregar carrapatos-estrela, que se fixam entre os pelos e penas desses bichos.

Para que uma pessoa desenvolva a febre maculosa de forma definitiva, é preciso que o carrapato fique preso à pele do ser humano por pelo menos quatro horas. Vale ressaltar que o carrapato que tenha a bactéria fica com ela durante toda a vida, podendo passar a doença para outros indivíduos.

Uma forma de prevenir a doença é, assim que entrar em contato com animais que podem ter carrapatos, checar o corpo por sinais desses insetos e tomar bastante cuidado ao removê-los da pele.

Há uma vacina para a febre maculosa, que oferece proteção parcial contra a condição.