Em ano de Copa do Mundo, mostra temporária estreia no dia 28/4 e explora o desenvolvimento da modalidade desde 1988, quando foi realizado o mundial experimental de futebol de mulheres. Exposição apresenta imagens, dados e histórias até hoje pouco conhecidas pelo público
O caminho percorrido pelas mulheres até conquistarem o direito de disputar uma Copa do Mundo foi contrário àquele percorrido pelos homens: exatos 61 anos separam a estreia do Mundial masculino, em 1930, da primeira edição oficial feminina, em 1991.
Em 2023, quando a Copa do Mundo de futebol de mulheres chega à sua nona edição com a expectativa de ser histórica em termos de audiência e interesse, o Museu do Futebol apresenta a exposição temporária Rainhas de Copas, aberta ao público a partir de 28/4 para celebrar as conquistas da modalidade e de suas profissionais ao longo dos mundiais. Localizado no Estádio do Pacaembu, o Museu do Futebol é uma instituição do Governo do Estado de São Paulo.
Com curadoria de Aira Bonfim, Juliana Cabral, Lu Castro e Silvana Goellner, a mostra explora histórias até hoje pouco conhecidas pelo público, trazendo imagens que estavam restritas a acervos pessoais e que serão exibidas pela primeira vez, além de dados que revelam a grandeza das mulheres que participaram das Copas do Mundo e suas conquistas individuais e coletivas. "É uma exposição importante por reconstruir, pela primeira vez no Brasil, a história sobre o maior evento da modalidade", afirma Aira Bonfim.
A exposição temporária Rainhas de Copas conta com o Patrocínio Máster do Banco Bmg, com o Patrocínio da Goodyear, da Rede e da Sabesp; e com o Apoio da Farmacêutica EMS e do Mercado Livre – todos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
“Sabendo da importância e magnitude do Museu do Futebol para o esporte, decidimos apostar em sua relevância e patrociná-lo. E, com essa parceria inédita, estamos presentes na exposição ‘Rainhas de Copas’, que vem apresentar e ressaltar a força feminina no futebol. É uma honra e um grande prazer poder apoiar o futebol feminino no Brasil, assim patrocinamos as equipes femininas do Barcelona FC, Corinthians, Vasco, Galo e do Vozão”, conta Sandoval Martins, Vice-Presidente Digital, Marketing e Comercial do Banco Bmg.
Rainhas de Copas parte de 1988, quando foi realizado o Torneio Experimental na China, o primeiro passo para que a FIFA fosse convencida a organizar o mundial entre seleções de mulheres. A competição, no entanto, não foi televisionada, ocorreu sob muita precariedade para a Seleção Brasileira e é pouco conhecida até hoje. Assim, a exposição será uma oportunidade para o público ver jogadas inéditas, além de imagens de acervos das próprias jogadoras.
Com o sucesso do torneio, a FIFA enfim iniciou o planejamento para a 1ª edição oficial da Copa do Mundo, que aconteceu em 1991, também em solo chinês. A partir daí, a mostra constrói a história do futebol de mulheres ao longo dos mundiais, trazendo relatos de atletas, histórias e curiosidades, ressaltando como foi a participação brasileira em cada edição. O público poderá conhecer as trajetórias das rainhas do futebol feminino do Brasil, que marcaram para sempre a história da modalidade, como Sissi, Marta, Cristiane e Formiga, entre outras.
A exposição também destaca a luta das jogadoras pela igualdade. O visitante descobrirá que, diferente dos mundiais dos homens, a Copa de mulheres sempre foi marcada por reivindicações em campo, já que as condições dadas às jogadoras sempre foram muito inferiores às dos torneios masculinos. Elas também tinham que lidar com muito preconceito: no torneio experimental de 1988, chegou a ser cogitado o uso de uma bola menor. A ideia foi abandonada, mas as partidas tiveram a duração reduzida para 80 minutos.
Apenas em 1995 a FIFA adotou o termo “lineswomen” para se referir às árbitras auxiliares, que até então eram chamadas oficialmente de “linesmen”. E em 2015, no Canadá, o torneio foi inteiro disputado em gramados sintéticos, já rechaçados nos mundiais masculinos por aumentar as chances de lesão. No torneio de 2007, as jogadoras brasileiras foram a campo com uma faixa improvisada em uma fronha de hotel: “Brasil, precisamos de apoio!” era o recado de quem pedia para ser tratada com profissionalismo. Vale lembrar que até 2015 a Seleção Feminina não tinha um uniforme próprio e jogava com modelos adaptados do time masculino.
A última sala da Rainhas de Copas promete grandes emoções para os visitantes, que terão uma experiência interativa e ainda poderão ver de perto a réplica a taça da Copa do Mundo de Futebol Feminino. Ao longo da exposição e, em especial, durante a Copa da Austrália e Nova Zelândia, que acontece entre julho e agosto, o Museu do Futebol realizará programação cultural e educativa associada ao tema.
Rainhas de Copas fica em cartaz até 27 de agosto.
Exposição virtual destaca Copa Experimental segundo olhar de jornalista
Junto com a exposição Rainhas de Copas, o Museu do Futebol lança também, no dia 27, uma exposição virtual que apresenta acervo inédito da jornalista Claudia Silva — a única brasileira a cobrir a Copa Experimental da China, em 1988.
À época estagiária do Jornal dos Sports, Claudia acompanhou de perto toda a trajetória da primeira Seleção Brasileira de mulheres a convite da CBF — na ocasião, ela era a única mulher entre os jornalistas que cobriam o dia a dia da entidade, no Rio de Janeiro.
Claudia enviava suas matérias por telex e registrava tudo em fotografias que só foram publicadas depois de sua volta ao Brasil, pois não havia recursos para enviar o material da China durante o torneio.
Toda esta história estará contada no perfil do Museu do Futebol no Google Arts & Culture na exposição Primeiro Mundial de Mulheres na China, com material inédito cedido por Claudia.
Futebol de mulheres no Museu do Futebol
Rainhas de Copas será a segunda grande exposição temporária sobre futebol de mulheres no Museu do Futebol. Antes dela, Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol, realizada em 2019, ressaltou a história da proibição do futebol feminino no Brasil entre 1941 e 1979. Mas a história da modalidade no Museu do Futebol começa ainda antes, em 2015, quando a ação Visibilidade para o Futebol Feminino promoveu a inclusão de jogadoras e referências ao futebol de mulheres na exposição principal.
Desde então, a modalidade entrou definitivamente na agenda do museu e vem orientando ações de pesquisa, exposições, programação cultural, ação educativa, formação e comunicação.
Este ano, uma versão itinerante de Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol foi produzida para circular pelo interior de São Paulo, estando em cartaz até abril de 2023 na Biblioteca Municipal Mário de Andrade, em Araraquara. A mostra itinerante conta com recursos do ProAC Direto, programa de incentivo à cultura do Governo do Estado de São Paulo, e parceria da Prefeitura Municipal de Araraquara e do SESC Araraquara.
Anote
Museu do Futebol
Exposição temporária Rainhas de Copas
Praça Charles Miller, s/n - Pacaembu - São Paulo
De terça a domingo, das 9h às 18h (entrada permitida até as 17h)
Toda primeira terça-feira do mês, até as 21h (entrada até 20h)
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Crianças até 7 anos não pagam
Grátis às terças-feiras
Garanta o ingresso pela internet:
Estacionamento com Zona Azul Especial — R$ 6,08 por três horas
Localizado numa área de 6.900 m² no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho — o Pacaembu, o Museu do Futebol foi inaugurado em 29 de setembro de 2008 e é um dos museus mais visitados do país.
Sua exposição principal, distribuída em 15 salas temáticas, narra de forma lúdica e interativa como o futebol chegou ao Brasil e se tornou parte da nossa história e nossa cultura.
É um museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, concebido pela Fundação Roberto Marinho e administrado pela Organização Social de Cultura IDBrasil Cultura, Educação e Esporte.