Com obras de arte atualmente prestigiadas e supervalorizadas, depois de 61 anos do seu falecimento, o artista baiano Agnaldo dos Santos (1926-1962) ganha homenagem com a abertura especial no espaço expositivo da Capela do Museu de Arte Moderna (MAM Bahia) da exposição ‘Agnaldo Manuel dos Santos – A conquista da modernidade’. A coleção apresentada no MAM reúne cerca de 50 peças representando orixás, santos, ex-votos, carrancas e figuras humanas, sob curadoria da curadora e historiadora da arte, Juliana Ribeiro Bevilacqua.
Agnaldo nasceu na Ilha de Itaparica e tem sua obra classificada como uma continuidade no Brasil da escultura africana. De acordo com o diretor do MAM Bahia, Pola Ribeiro, "ele é uma pessoa de raiz profunda, do povo, começou a trabalhar com 10 anos de idade, era descendente de índios e negros, foi lenhador, fabricante de cal, depois vigia, ajudante e aprendiz do artista Mário Cravo Jr”, diz. Segundo Pola, a história e o legado de Agnaldo trazem de volta o discurso da primeira diretora do MAM, Lina Bo Bardi (1914-1992). “Ela desejava unir a Arte erudita e a Arte popular em um mesmo patamar e essa exposição é uma excelente oportunidade de colocar Agnaldo ao lado da exposição ‘UANGA’ de J. Cunha, da Coleção Rubem Valentim e da Coleção de Arte Popular em um museu da estirpe e com a história de excelência do MAM Bahia”, defende Ribeiro.
Retorno de um filho – Para o ex-curador do MAM e atual diretor do Palacete das Artes, Daniel Rangel, a chegada da mostra de Agnaldo é como um retorno de um filho que passou anos fora de casa. “Essa exposição está em sintonia com o momento atual do MAM, que desde o final de 2021 retoma o programa curatorial iniciado por Lina Bardi, de forma atualizada; ela pensou um museu moderno, baiano e nordestino, que apresenta uma modernidade/contemporaneidade: negra, indígena e popular”, conclui Rangel. A exposição de Agnaldo dos Santos ficará aberta gratuitamente no MAM de terça a domingo, sempre das 13h às 17h.
Foi pelo olhar de Lina Bo Bardi e foi no MAM – quando ainda instalado no foyer do TCA – que Agnaldo dos Santos fez sua primeira exposição individual na Bahia. “Aliás, foram duas mostras solos dele enquanto Lina era diretora do museu e Agnaldo seria um dos seus artistas prediletos”, completa Rangel. A atual mostra no MAM já foi apresentada anteriormente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Bienal e Prêmio – Com estímulo de Mário Cravo Jr., Agnaldo começou a esculpir em 1953. Viajou pelo Rio São Francisco e conheceu o famoso mestre escultor de carrancas, Francisco Guarany. Suas esculturas em madeira estiveram em importantes coletivas e eventos como a Bienal de São Paulo (1957). Nesse mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual, na Petit Galerie do Rio de Janeiro, que passou a lhe fazer encomendas regulares, possibilitando-lhe estabilidade financeira. Em 1959 e 1961, participou do Salão Nacional de Arte Moderna. Foi incentivado ainda por Wilson Cunha, Pierre Verger, José Valladares e Lênio Braga.
Depois da sua morte foi reconhecido com o prêmio internacional de escultura no 1° Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Dakar, Senegal (1966), pela escultura ‘Rei’. Sua obra foi estudada pelo crítico especialista baiano, Clarival do Prado Valladares, que viu nela “a expressão eterna da sua ancestralidade cultural”. Obras dele estão no acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e importantes coleções privadas. Segundo Valadares, a obra de Agnaldo “não pode ser entendida como filiação a uma determinada estilística regional africana: Agnaldo era senhor de meios expressionistas de absoluta originalidade”.
O MAM é um equipamento do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA). Esta exposição é uma parceria com a Galeria Paulo Darzé e a Galeria Almeida e Dale. Acesse: www.mam.ba.gov.br, redes sociais (instagram e facebook) ou telefone (71) 31176132 e 31176139 (segunda a sexta, 9h às 12h e 13h às 15h).
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Site: www.mam.ba.gov.br