Cinema

Documentário 'Biocêntricos' entra em cartaz nos cinemas de Salvador

O documentário teve filmagens no Brasil, EUA, Japão e Costa Rica

Foto: Divulgação
Biocêntricos: conexão de pessoas que colocam a vida no centro de suas escolhas

“O que vemos aqui representa menos de 1% das espécies que já passaram pelo planeta. O que sobreviveu foi altamente aperfeiçoado durante 3,8 bilhões de anos de seleção natural”, argumenta a bióloga e ativista americana Janine Benyus em prol do uso das estratégias e conhecimentos da natureza para solucionar problemas gerados pela humanidade e da criação de inovações tecnológicas e sociais eficientes nos mais diversos campos da criação.

Este processo de inovação científica é chamado Biomimética, ou Biomimicry Thinking, termo propagado por Benyus e tema do documentário  “Biocêntricos”, dirigido por Fernanda Heinz Figueiredo (“Sementes do Nosso Quintal”) e Ataliba Benaim (“Saúde S/A”).

O longa, que teve sua estreia mundial na 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, entra em cartaz nos cinemas de várias capitais brasileiras nesta quinta-feira (16 de março).

“Biocêntricos” é uma produção da Aiuê, produtora que atua há mais de 10 anos com tripé temático da sustentabilidade, educação e cultura, em coprodução com Globonews, Globo Filmes e Spcine. O filme foi viabilizado pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e estreia no canal em breve.

Com filmagens no Brasil, nos EUA, no Japão e na Costa Rica, o longa documental mostra como a bióloga e ativista Janine Benyus influencia a obra de ecologistas, arquitetos, designers, químicos, engenheiros e biólogos com a criação da Biomimética – processo de inovação científica que busca, na evolução da vida na terra, a inspiração de base para solucionar os problemas mais caros à humanidade contemporânea.

Narrado pela própria Janine, o público conhece as motivações e teorias científicas por trás do pensamento dos biomimeticistas, como são chamados os inventores adeptos desta ciência. Acompanhando a rotina de nove personagens em seus campos de atuação, o filme entrelaça suas histórias com imagens da natureza em sua plenitude, mostrando em detalhes desde o funcionamento de uma árvore centenária, que vai muito além de dar sombra ou servir de material para construções, a estratégias sofisticadas de certas espécies de plantas e animais para sobreviverem.

Como explica a própria diretora, Fernanda, “Biocêntricos” busca tanto provocar quanto proporcionar ao público rotas de esperança, por ampliar a visão sobre esses conhecimentos profundos e fascinantes do mundo natural, disponíveis a todos, e capaz de trazer soluções a inúmeras questões da atualidade. Ao se considerar sustentabilidade, economia circular, colaboração, ecologia e saúde como princípios de reconexão individual e coletiva com a natureza elementar que nos habita, é possível visualizar um futuro bem diferente das perspectivas distópicas que estamos nos acostumando a consumir.”

Mas o filme vai além da reflexão filosófica e conceitual ao mostrar soluções acessíveis, em muitos exemplos já materializados por esta prática.

Entre as histórias contadas na tela, estão a dos designers Bruno e Pedro Rutman, que desenvolveram uma forma de reflorestamento, a de Benki Piyãko, líder indígena e agente agroflorestal que viaja o mundo promovendo o intercâmbio entre os conhecimentos ancestrais e a ciência moderna e a do engenheiro e observador de pássaros Eiji Nakatsu, que redesenhou o trem bala japonês, reduzindo em 15% o consumo de energia, ao imitar a eficiência de um pássaro, o martim pescador, entre outros seres vivos. 

Outro personagem é o carioca Fred Gelli, um dos designers mais requisitados do mundo por seu trabalho com marcas e embalagens, e seu discurso que busca extinguir o rótulo de “consumidor” dos seres humanos.

Instituída em 1997 pelo trabalho de Janine Benyus, a Biomimética é um processo multidisciplinar de inovação tecnológica inspirada numa mestra com 3.8 bilhões de anos de experiência: a natureza.

A cada ano, diferentes áreas da atividade humana, como arquitetura, engenharia e desenho de produtos, incorporam práticas baseadas nesta ciência, transformando o futuro em um presente mais eficiente e sustentável.

“No momento em que submergimos em discussões simplificadas do bem contra o mal, Janine faz emergir uma visão de amplo alcance, promovendo uma agenda comum a todos, conjugando o olhar realista e atento ao sistema em que vivemos com o desenho, ainda viável, de um mundo que priorizará a continuidade da vida”, acredita Ataliba Benaim, codiretor do documentário.