Comportamento / Tecnologia
Internet faz parte da rotina de 93% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos no Brasil
Participação da família no cotidiano digital dos pequenos é essencial
Foto: Divulgação
Internet
<p>A internet &eacute; parte da rotina de crian&ccedil;as e adolescentes entre 9 e 17 anos no Brasil. Estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informa&ccedil;&atilde;o (Cetic.br) do N&uacute;cleo de Informa&ccedil;&atilde;o e Coordena&ccedil;&atilde;o do Ponto BR (NIC.br), revela que 93% dos brasileiros nessa faixa et&aacute;ria fazem uso da web. Dessa multid&atilde;o de 22,3 milh&otilde;es de pessoas conectadas, 93% utilizam o celular para acessar a rede e 58% usam o computador. &Eacute; fato que as novas gera&ccedil;&otilde;es integram o mundo digital. Mas as informa&ccedil;&otilde;es nem sempre s&atilde;o boas.</p>
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<p>Entre a popula&ccedil;&atilde;o adulta, quatro em cada 10 pessoas afirmam que recebem not&iacute;cias falsas todos os dias e 65% temem ser v&iacute;timas de informa&ccedil;&otilde;es mentirosas, as fake news, de acordo levantamento do Poynter Institute, com apoio do Google. O cen&aacute;rio &eacute; ainda mais temeroso levando em conta estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em ingl&ecirc;s), dos Estados Unidos, A pesquisa revela que as not&iacute;cias falsas circulam 70% mais r&aacute;pido que as verdadeiras e alcan&ccedil;am muito mais gente.</p>
<p>No meio disso tudo est&atilde;o est&atilde;o jovens e crian&ccedil;as ainda despreparados para lidar com uma vastid&atilde;o de informa&ccedil;&otilde;es divulgadas pela rede. Para enfrentar esse grande desafio, especialistas apontam que a participa&ccedil;&atilde;o da fam&iacute;lia no cotidiano digital dos pequenos &eacute; essencial. Regras precisam ser estabelecidas, por&eacute;m, mais importante do que o controle, as crian&ccedil;as precisam aprender a respeitar limites para ter autonomia e liberdade.</p>
<p>&ldquo;Educar &eacute; fundamental para que a crian&ccedil;a ou o jovem construa a autonomia, adquira liberdade para se relacionar com o mundo de forma respons&aacute;vel. &Eacute; importante compreender o n&iacute;vel de responsabilidade de cada crian&ccedil;a e jovem antes de dar liberdade &agrave; eles&rdquo; afirma a diretora da Escola Lumiar, Graziela Mi&ecirc; Peres Lopes. Ela comenta que &eacute; natural o interesse pelos conte&uacute;dos online e &eacute; importante que a fam&iacute;lia se comunicar com a crian&ccedil;a e entre em contato com as informa&ccedil;&otilde;es que ela est&aacute; acessando.</p>
<p>Restringir o acesso de uma vez por todas, com limites r&iacute;gidos de hor&aacute;rios, pode n&atilde;o ser a melhor op&ccedil;&atilde;o, avalia o publicit&aacute;rio e fundador da startup De Crian&ccedil;a Para Crian&ccedil;a, V&iacute;tor Azambuja. &ldquo;&Eacute; importante estabelecer hor&aacute;rio, mas tamb&eacute;m participar do mundo da crian&ccedil;a. Perguntar o que ela est&aacute; fazendo, o que est&aacute; vendo, participar. Quando voc&ecirc; diz n&atilde;o toda hora, voc&ecirc; se exclui do mundo do seu filho e filha, e eles n&atilde;o entendem o motivo&rdquo;, afirma.</p>
<p>Vitor pondera que n&atilde;o adianta explicar a uma crian&ccedil;a ou adolescente que ele est&aacute; perdendo tempo com informa&ccedil;&otilde;es inadequadas ou acessando conte&uacute;dos impr&oacute;prios. &ldquo;Importa voc&ecirc; se juntar e ver o que a crian&ccedil;a est&aacute; vendo, estabelecer cumplicidade para que ela se sinta segura&rdquo;, diz. Ele lembra que usar a internet com essa enormidade de conte&uacute;dos e informa&ccedil;&otilde;es pode gerar grande ansiedade. &ldquo;Estar do lado do filho ou da filha, sabendo o que est&atilde;o fazendo, um entrando no mundo do outro, pode ser at&eacute; um al&iacute;vio para que entendam melhor o mundo. As crian&ccedil;as precisam de regras e de seguran&ccedil;a&rdquo;, alega.</p>
<p>Graziela explica que as fam&iacute;lias devem estar atentas e acompanhar de perto para conferir se os conte&uacute;dos acessos pelas crian&ccedil;as e adolescentes s&atilde;o adequados e n&atilde;o prejudiciais. Segundo ela, &eacute; preciso despertar o interesse dos pequenos e jovens por outras atividades e pelo uso saud&aacute;vel da internet. &ldquo;&Eacute; importante pensar em como ampliar o repert&oacute;rio das crian&ccedil;as. &Agrave;s vezes ela n&atilde;o tem refer&ecirc;ncia de coisas que ela pode construir, pensar, brincar e jogar. &Eacute; comum hoje as crian&ccedil;as estarem com tela na hora da refei&ccedil;&atilde;o, sem prestar a aten&ccedil;&atilde;o no que est&atilde;o comendo. Muitas vezes &eacute; isso que ela v&ecirc; no entorno dela, observando inclusive as pessoas mais velhas. N&atilde;o &eacute; saud&aacute;vel para ningu&eacute;m, crian&ccedil;a, jovem ou adulto, permanecer tanto tempo diante de uma tela&rdquo;, diz a diretora.</p>
<p>Gera&ccedil;&atilde;o cobaia</p>
<p>O universo dos nativos digitais ainda &eacute; desconhecido. Segundo Azambuja, essas crian&ccedil;as fazem parte de uma gera&ccedil;&atilde;o cobaia. &ldquo;&Eacute; a primeira gera&ccedil;&atilde;o que tem tanto acesso &agrave; internet. Ent&atilde;o s&oacute; vamos saber o que vai acontecer daqui a alguns anos. S&oacute; poderemos avaliar o resultado com o passar dos anos. Pode dar muito certo e pode dar muito errado. Vamos saber depois&rdquo;, afirma.</p>
<p>Mesmo para os adultos, o mundo real e o virtual se misturam, e a internet tem muitos benef&iacute;cios. Permite maior intera&ccedil;&atilde;o e troca de ideias. &ldquo;Podemos visitar museus, ter contato com produ&ccedil;&otilde;es de arte. H&aacute; v&aacute;rias op&ccedil;&otilde;es. Podemos assistir a conte&uacute;dos que nos deixam passivos, at&eacute; hipnotizados, ou conte&uacute;dos que fa&ccedil;am pensar, criar, ter novas ideias, conex&otilde;es. &Eacute; importante entender o que est&aacute; sendo feito diante da tela&rdquo; aponta Graziela.</p>
<p>As crian&ccedil;as precisam ser ensinadas a ter discernimento sobre o que &eacute; conte&uacute;do de qualidade. A diretora comenta que a fam&iacute;lia deve conversar com o filho e a filha para entender o que eles veem, trazer refer&ecirc;ncias de coisas saud&aacute;veis e tamb&eacute;m ativas. &ldquo;&Eacute; importante conhecer o mundo digital, mas &eacute; importante fazer atividades no mundo f&iacute;sico. &Eacute; preciso equilibrar e ter diversidade para estimular nosso c&eacute;rebro, manter o corpo saud&aacute;vel e crescer de forma ben&eacute;fica&rdquo;, diz.</p>
<p>Azambuja afirma que as fam&iacute;lias devem dar outras op&ccedil;&otilde;es para a crian&ccedil;a, n&atilde;o apenas o celular. &ldquo;Fazer passeios, levar ao teatro, ao&nbsp;cinema, ao museu. Oferecer um livro interessante, entrar no mundo das crian&ccedil;as de outras maneiras, mostrando atividades l&uacute;dicas e divertidas&rdquo;, comenta. Graziela acrescenta que o segredo &eacute; aprender a lidar com a liberdade e se comportar de forma respons&aacute;vel. &ldquo;O limite &eacute; fundamental porque &eacute; um cuidado amoroso para que a crian&ccedil;a e o jovem sejam preservados de coisas com as quais ainda n&atilde;o conseguem lidar, decidir. Limite &eacute; fundamental e liberdade tamb&eacute;m. &Eacute; preciso ter discernimento&rdquo;, diz.</p>
<p>Graziela Mi&ecirc; Peres Lopes</p>
<p>Diretora Geral das Escolas Lumiar. &Eacute; formada em Ci&ecirc;ncias Biol&oacute;gicas, bacharel e licenciada, pela USP e em Pedagogia, pela Universidade Metropolitana de Santos. Fez mestrado em Hist&oacute;ria, Filosofia e Did&aacute;tica de Ci&ecirc;ncias na Universidade Claude Bernard, em Lyon, na Fran&ccedil;a. Dedica-se &agrave; Educa&ccedil;&atilde;o, encontrando nessa &aacute;rea a motiva&ccedil;&atilde;o necess&aacute;ria para trabalhar com entusiasmo e alegria, alinhada com seus prop&oacute;sitos. Acredita em modelos pedag&oacute;gicos que favore&ccedil;am a constru&ccedil;&atilde;o da autonomia para que as pessoas possam atuar no mundo de forma mais autoral, criativa e respons&aacute;vel, descobrindo seus talentos e validando seus interesses.</p>
<p>Vitor Azambuja</p>
<p>Vitor Azambuja &eacute; brasileiro nascido no Rio de Janeiro. Especialista em cria&ccedil;&atilde;o, &eacute; diretor de arte e artista pl&aacute;stico. Formado em publicidade e piano cl&aacute;ssico. Trabalhou em diversas ag&ecirc;ncias de propaganda, tanto no Rio de Janeiro quanto em S&atilde;o Paulo, criando filmes e an&uacute;ncios para grandes anunciantes. Foi premiado em festivais de propaganda, tais como Figueira da Foz, Colunistas, Clube de cria&ccedil;&atilde;o de S&atilde;o Paulo, Art Directors em Londres e New York Festival. Realizou exposi&ccedil;&otilde;es de pinturas em S&atilde;o Paulo, Rio De Janeiro, Nova Iorque, Miami e Paris. Um dos criadores do programa De Crian&ccedil;a Para Crian&ccedil;a. Seu prop&oacute;sito &eacute; fazer com que as crian&ccedil;as do mundo inteiro aprendam desenvolvendo a sua criatividade.</p>