É isso mesmo, meu benzinho, pode continuar cantando, mexendo as ancas, balançando os ombros, enfim, treinando para chegar no Carnaval bem ‘azeitada’, bem gostosona, com bom molejo – além, claro, daquele sorrisão na cara – pra poder pegar um nêgo bonito, cheiroso e charmoso, produto que não falta nas festas do Momo baiano. E falo isso de cátedra, pois até outro dia essa era a minha prática.

Mas agora sou uma coroa, uma moça respeitável e bem comportada, pois já me ‘desquitei’ da loura e só estou querendo a companhia de um bom ‘moreno’ (de preferencia, tinto seco). Deixei de cultivar o ‘muque’ no braço levantando o copo com a loura. Com toda elegância, passei a estender o dedo mindinho ao levantar a tacinha de cristal para brindar com um bom vinho, agora meu fiel companheiro de fim de semana. Tintim.

Mas hoje é 2 de fevereiro, dia de festa no mar, dia da maravilhosa Iemanjá, a protetora lindinha e amadinha de todos os baianos. Até pouco tempo atrás, eu chegava no final da manhã – antecipava o trabalho no jornal A Tarde – sentava na pracinha para ‘rezar’ para Iemanjá (com o copo de cervejana mão me hidratando, lógico) e só saía depois da entrega dos presentes, quando eu também ia até a praia pedir a bênção a rainha das águas.

Não, mente poluída, eu não ia só pela farra, não. Ia pela devoção à Rainha do Mar, ia para pedir a sua proteção, para agradecer as graças alcançadas, viu, rapaz? Lógico que eu aproveitava a festa para ‘lavar a alma’, para ‘tomar um banho de fé’. E como água é difícil em festa de largo, eu ‘regava’ o espirito com a cervejinha geladinha. Trem bom, véio.

Mas agora, fifo, já voltei a ser moça séria, só mantendo o dedo mindinho pronto para a tacinha de vinho, de vez em quando, he-he, que não quero virar exemplo de pureza. Já parei com todos os outros pecadinhos e agora estou com receio de ser canonizada por tanta virtude que passei a ter. Tô certa ou tô certa, fifo?

Eu tinha que ser baiana, não podia ter nascido em outro estado. Onde é que a gente tem festa de novembro até quarta-feira de Cinzas? Fora os micaretas, as festas regionais, o São João, São Pedro e todos os santos de cada lugar. Tem coisa melhor, neguinho, do que comemorar as festas e santos que tem quase todos os meses? Não, mente impura, não é o mês todo, não, é quando a gente ‘inventa’ um motivo para tomar uma com um amiguinho, pra ter companhia no ‘copinho’, pois beber sozinha, nem pensar.

Mas vamos para a praia render homenagens a Iemanjá e preparar o espirito pois pra semana é a Lavagem de Itapuã, ultima festa de largo antes do Carnaval, que será na semana seguinte. Todo mundo pronto para sacudir o esqueleto, balançar as ancas e espalhar muitos -- beijinhos? Vamos nessa, galera, que a Bahia está em festa e quer muita energia, alegria e felicidade. Como diz a musica, ‘todo dia é festa na Bahia’. 

Minha irmã Carmen, colocou o avental e disse que ia preparar um rango especial para o dia de Iemanjá. E preparou uma torta de frigideira de carne moída deliciosa. Descobri depois que ela tirou a receita de um livreto meu, o Ana Maria Receitas, com receitas testadas e aprovadas. Vejam que delicia, meu amorzinho lindo. E quando eu estiver aí com você, lhe fazendo um denguinho, você prepara também para mim. Tá certo? Aventais a postos, vamos para a cozinha.

Torta de Frigideira com Carne Moída

Ingredientes: Para o recheio

-- Uma cebola média e dois dentes de alho picados
-- Uma colher (sopa) de óleo
-- 300g de carne moída
-- 2 ovos cozidos
-- Sal e pimenta do reino a gosto
-- 4 colheres  (sopa) de salsinha picada
-- Meia xícara (chá) de azeitona verde picada
-- Uma xícara (chá) de ervilhas frescas ou em conserva
-- Duas colheres (sopa) de queijo  ralado.

Ingredientes para a massa:

-- 1 ½ xícara (chá) de leite
-- 2 ovos
-- Meia xícara (chá) de óleo
-- 1 ½ xícara (chá) de farinha de trigo
-- ½ colher (sopa) de fermento químico em pó
-- Uma colher (chá) de sal
-- 6 colheres (sopa) de queijo ralado.

Miodo de preparar:

Para o recheio

1 - Em uma panela, juntar o óleo com a cebola e o alho e dourar

2 - Acrescentar a carne e mexer até ficar solta\

3 - Acrescentar a carne e mexer até ficar solta; temperar com o sal e a pimenta;

4 - Acrescentar os ovos picados, o cheiro verde, a azeitona, as ervilhas  e o queijo, misturar, retirar do fogo e reservar.

Para a massa

1 - No liquidificador, bater os ingredientes líquidos e passar para uma tigela; juntar a farinha, o fermento, o sal e metade do queijo. Misturar bem.

2 - - Aquecer uma frigideira untada com margarina. Despejar ¼ da massa, metade do recheio e cobrir com ¼ da massa. Tampar e cozinhar em fogo baixo até dourar a parte de baixo.

3  - Com a ajuda da tampa, virar pra dourar do outro lado. Polvilhar metade do queijo ralado restanate, tampar e deixar  cozinhar. Retirar e preparar outra torta do mesmo modo.

Saborear, agradecendo a glória de viver na Bahia. Beijins.