Cinema

Sim! Valeu muito a pena aguardar a estreia de Top Gun Maverick no cinema!

Confira na resenha de Bruno Passos

Foto: Divulgação
Top Gun

A pandemia mudou o cinema. Várias produções foram adiadas, as salas de cinema foram fechadas e aconteceu a popularização dos streamings. Durante esse período, alguns diretores não quiseram lançar seus filmes diretamente na TV e forçaram a barra, contra as orientações de saúde, para lançar na tela grande (como foi o caso do filme “Tenet”) e outras produções, já prontas e com grande potencial de sucesso de público resolveram esperar o retorno à normalidade para estrearem nas salas de cinema do mundo todo, como foi o caso desse “Top Gun – Maverick”. E aí? Valeu a pena esperar?

Sim! Valeu muito a pena aguardar a estreia de Top Gun – Maverick para assistir na maior tela possível, com o melhor sistema de som disponível, de preferência numa sala “Imax”, “X-plus”, etc. A experiência realmente é recompensadora, é uma aula de como fazer um bom blockbuster. Um roteiro ok (sim, apenas “ok”, um roteiro simples não significa um roteiro ruim), boas atuações, produção caprichada e muitas, mas muitas, cenas de ação.

Aqui, reencontramos, 35 anos depois dos eventos do primeiro filme, o piloto “Maverick” (Tom Cruise, que deve ter envelhecidos só uns 5 anos desde 1986) ainda como um piloto de testes que insiste em se manter na posição de campo, renegando altas patentes, porque é ali o lugar ao qual ele pertence. Solitário e determinado, ele segue testando os limites da própria sorte e a resistência dos aviões. Eis que o destino, e a vontade de um antigo amigo, fazem com que ele seja chamado novamente para o programa dos melhores pilotos das forças armadas, o “Top Gun”, agora na posição de professor de uma turma de jovens para executar um feito quase impossível.   

As sequências no ar, com os atores dentro dos caças, estão sensacionais. Tudo do filme gira em torno desses momentos: A empatia que criamos com os personagens, a fragilidade e os dramas de cada um, o desenvolvimento do protagonista e a criação de uma “missão” clara (explodir uma base inimiga) ... Tudo isso existe para que essas cenas de treinamento e missão sejam ainda mais impactantes. Assistir a esse filme no cinema nos faz lembrar o quanto ainda vale sair de casa para essa experiencia. A imersão é fantástica, as imagens e a adrenalina nos dão realmente a sensação de estarmos vivenciando aquela missão junto com os pilotos. 

No chão, o ritmo também não decepciona, a dinâmica entre os personagens funciona muito bem, com a dose certa de drama. Tudo bem que os antagonistas estão bem unidimensionais e só servem como escada para os grandes feitos dos heróis e tudo bem, isso não atrapalha.  Dentro desse drama está a figura do piloto “Rooster” (o talentoso Miles Teler, do filme “Whiplash”) que representa para Maverick um encontro com o passado e o enfrentamento de uma culpa que o persegue até os dias atuais. Além disso, ter Jennifer Connelly no elenco como interesse amoroso também só ajuda.

Essa continuação ganha força por surfar numa onda que está em alta nos dias de hoje: A Nostalgia, principalmente na cena com Val Kilmer, o “Iceman”. Desde as séries de TV até os lançamentos cinematográficos, muitas produções têm aproveitado a nostalgia que essa geração tem do seu tempo. Séries como “Stranger Things” e “Kobra Kai”, continuações tardias como “Ghostbusters” e “Matrix” se beneficiam muito do público já cativo para garantir o sucesso da empreitada.  Algumas dão certo porque respeitam a obra de origem e trazem algo novo para esse universo e outras não alcançam um bom resultado por achar que bastaria revisitar a fonte para dar certo, caso do pavoroso “Um Príncipe em Nova York 2”.

Mas esse Top Gun faz tudo certo, apresentou uma história nova, com alguns personagens diferentes, um ritmo acelerado, com estéticas atuais, além de revolucionar mais uma vez o cinema de ação pipoca e, de quebra, revitalizar o ato de ir ao cinema como um espetáculo. E isso está refletido tanto nas bilheterias (dentre tantos outros recordes, é o filme mais lucrativo da carreira de Tom Cruise, acostumado a fazer muito dinheiro em Hollywood), e na repercussão na mídia e na crítica, gerando até algumas polêmicas sobre fazer propaganda militar ou até em exagerar na testosterona ..., mas, sinceramente, nada disso importa diante do espetáculo visual e narrativo desse filme que parece trazer um novo ânimo para a indústria.