Helô Sampaio

Lembranças de quando era possível entornar o balde sem usar máscara

Depois destes dias todos sem a gente conversar, sem eu contar uma história no seu pé de ouvido e lhe chamar de ‘meu benzinho’, você não sentiu falta dessa sua amiga conversadeira, não, meu fofinho? Pois eu fico troncha de saudade quando demoro de confidenciar neste seu ombro amigo.

O pior é que, nestes dias de prisão involuntária ´covidiana´, a gente não pode fazer muita coisa, até porque não temos a quem xingar ou botar a culpa, a não ser na maldita pandemia, que decretou prisão domiciliar para o mundo inteiro. Incrível. Ninguém nunca imaginaria uma situação dessa até pouco tempo atrás.

 Ainda bem que o meu irmão Paulo veio passar as férias aqui na Bahia e está comigo e com Ana, nossa irmã que mora em Itabuna. Ficamos aqui em Salvador os três irmãos, e mais Sandro e Jaci, amigos que nos auxiliam. Aí, sensação de solidão foi embora, apesar de mantermos todos os cuidados – e distância – recomendados. E Paulo é doutor. Aí, a gente fica ainda mais tranquila. Mas que é uma situação enlouquecedora, disso ninguém duvida.

A única distração, além das palavras cruzadas e televisão, é entrar no carro e rodar a cidade, sem parar em nenhum lugar com muita gente.

Deixei passar os festejos do Bonfim – que mesmo com o cancelamento das festividades sempre atrai muita gente – e somente agora irei lá, levar os irmãos para pedir a bênção ao ‘Pai Velho’.

Foi uma agonia não ter como participar das homenagens e festas que sempre fizemos ao Senhor do Bonfim. Não é somente pelas farras do percurso, não, mente impura, é que eu sou mesmo devota do meu amado santinho. Só vou para rezar, acredite (mas segure o teto, he-he).

Bonfim, Rio Vermelho, Itapuã... as lavagens ‘dançaram’ todas.

Como é que vou rever os meus amiguinhos amadinhos sem um copo para bater o tintim? A gente se encontrava mais nas festas populares.

Qual a desculpa que vou ter que inventar para chegar e tomar todas na casa de Sônia Araújo, a minha Neguinha amadinha que mora lá, juntinho do percurso do Pai Velho? Agora, vou marcar um dia e chegar na cara-de-pau avisando: vim aliviar a sua geladeira, Humberto, e pede pra Neguinha preparar os tira-gostos. Eles vão amar a surpresa, he-he.

Quero ver o que vai acontecer no período que deveria acontecer o Carnaval, na semana da cachaçada e da alegria em Salvador. Vejo que alguns turistas não se amedrontaram e já estão por aqui apreciando as belezas da nossa terrinha.

Mas Carnaval é outra história. É alegria, trio elétrico, sacolejo de quadril, cerveja na mão e beijo na boca. Festão bom danado, meu. Amo demais.

Eu me perdia naquela Praça Castro Alves. E nunca me esqueço quando saí com a ‘tchurma’ da praça, umas cinco horas da manhã, e paramos numa barraca perto do Relógio de São Pedro, pra tomar a saideira. Quando estou ‘virando o copo’ vejo Elizete, minha amiga (hoje comadre também) dançando no meio da rua, atrás do que ela achava que era um trio elétrico. E era o caminhão do lixo que passa va. Quem guenta?

Mas enquanto aguardamos os acontecimentos para vermos se vamos preparar a fantasia ou não, vamos cuidar do nosso corpinho gostoso bem alimentado por minha amiga e melhor culinarista da Bahia, Elíbia Portela, que está enfeitando nossa cidade num belo outdoor onde sua beleza e simpatia ficam patentes. 

Amei ver você, de repente na rua, amiga. E fiquei me gabando com a plebe rude, ignara e laboriosa que estava comigo: ‘estão vendo esta manequim no outdoor? É a minha amiga querida e amadinha, que me dá as receitas para a coluna. Morram de inveja por não ter amigas em outdoor’, tripudiei. E ela mandou esta receita de pão árabe ou pão sírio, que eu gosto muito, para você poder encantar o seu benzinho. Aventais a postos.

Pão árabe de Elíbia

Ingredientes:

-- 250 gramas de farinha de trigo
-- 5 gramas de açúcar refinado e 5 gramas de fermento biológico instantâneo
-- 2 colheres (sopa) de azeite de oliva
-- 3 gramas de sal
-- 150 ml de água (se necessário, acrescentar mais 10m).

Modo de preparar:

1 - Colocar na tigela da batedeira (ou numa vasilha) a farinha de trigo, açúcar, fermento e azeite.

2 - Misturar rapidamente, juntar o sal e continuar misturando.

3 - Ir agregando a água morna aos poucos, até obter uma massa maleável.

4 - Transferir o resultado para uma mesa e trabalhar a massa, polvilhando farinha de trigo até que não grude mais nas mãos.

5 - Cortar pedaços, modelar bolas, cobrir com um pano ou saco plástico, e deixar descansar na própria mesa por 15 minutos.

6 - Estirar cada bola em disco não muito fino, e levar para assar (o forno deve estar pré-aquecido a 200º, juntamente com a assadeira). Observar para não corar demais.

7 - Depois de assados, retirar do forno e cobrir com pano até esfriar. Isso deixará o pão mais macio. Conserve em sacos plásticos depois de saboreá-los com muito gosto e prazer.

Bom apetite!