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'Do Outro Lado do Mar' ganha versão presencial no Teatro Vila Velha

O espetáculo foi considerado uma dos mais relevantes do ano passado

Foto: Divulgação
Espetáculo Do outro Lado do Mar

A aclamada primeira versão brasileira da obra de Jorgelina Cerritos, uma das mais importantes dramaturgas de El Salvador, Do Outro Lado do Mar retorna em versão presencial no palco do Teatro Vila Velha de 22 de janeiro a 13 de fevereiro, sábados e domingos, às 16h.

Com encenação de Marcio Meirelles, o elenco é formado por Andréa Elia e Edu Coutinho, que também assina a tradução do texto para o português, com a colaboração de Meirelles.

O espetáculo foi considerado um dos mais relevantes de 2021 e destacado nas categorias espetáculo, direção, ator e atriz pelo crítico teatral José Cetra do Palco Paulistano.

O projeto é realizado pela Companhia Teatro dos Novos em parceria com o Toró Teatro. Os ingressos custam $30 a inteira e $15 a meia e  estão à venda no site  sympla.com.br/vilavelha.

O texto, que rendeu à autora Jorgelina Cerritos o prêmio Casa de las Américas, em 2010, já foi montado em países como Cuba, Costa Rica, Guatemala, Panamá, República Dominicana e Estados Unidos, e ganha agora a sua primeira montagem presencial no Brasil.

“Do Outro Lado do Mar” é também o primeiro espetáculo virtual da Companhia Teatro dos Novos a ganhar uma versão ao vivo no palco com presença do público.

Pensado totalmente para o digital durante o auge da pandemia da COVID-19 no Brasil, a peça era executada totalmente a distância, cada ator na sua casa, unidos na mesma tela e cenário através do recurso chroma-key.

Agora, o público poderá contemplar os atores cara a cara e expandir suas experiências sensoriais com o espetáculo.

Trazer a peça do ambiente digital  para o presencial traz diversos desafios de adaptação e produção teatral. O ator Eduardo Coutinho, revela que houve uma preocupação em manter as sensações experimentadas pelo público no espetáculo virtual ao trazer projeções, efeitos sonoros e outros recursos presentes na versão online.

“O espetáculo foi concebido para o espaço virtual, então a encenação aproveitou ao máximo os recursos tecnológicos que cabiam naquele ambiente. A atuação também muda, porque antes cada um de nós atuava para duas câmeras que estavam muito próximas, e agora voltamos a falar com aquele espectador que está na última fileira da plateia.

Muita coisa fica mais fácil também. Agora tenho Andréa Elia na minha frente, olhando nos meus olhos. Antes, estávamos cada qual em sua casa e mal nos enxergávamos - atuávamos mais tempo olhando para as paredes do que para o outro, por conta das marcações de cena”, revela o ator. 

A peça acontece em uma praia deserta, onde foi instalado um balcão de atendimento da prefeitura para serviços burocráticos. Ali, uma funcionária pública dedicada e prestes a se aposentar espera sozinha alguém que apareça precisando do seu trabalho.

De um barco chega um homem jovem, sem nome ou sobrenome, que não sabe onde nasceu, em busca da emissão de um documento que comprove a sua existência. Assim surge uma história sobre identidade real e identidade oficial carregada de poesia que, com aparente simplicidade, provoca uma profunda reflexão sobre o trabalho, a solidão e a busca de identidade.

A identidade é um tema fundamental para os atores neste processo de retomada e adaptações no setor cultural, sobretudo no teatro. Inspirada pela temática do espetáculo, a atriz Andrea Elia reflete  sobre a felicidade da retomada. 

“A minha identidade é o teatro! Me vejo assim na vida: atriz, professora de teatro. Sempre estou no teatro. Em 2021, mesmo no confinamento social, fui para cena tanto no virtual como no presencial ao final do ano. Estrear  em janeiro na versão presencial desse lindo espetáculo é mais um sinal de que a vida não para e o teatro sempre me chama. Digo sim sempre!”, afirma a atriz. 

A autora salvadorenha Jorgelina Cerritos tem também sido uma parceira do projeto desde o início. É a primeira vez que um texto seu é montado por artistas brasileiros, embora apenas a peça "Al otro lado del mar" já tenha sido encenada em seis países diferentes: "É muito significativo que a peça tenha a capacidade de dialogar com criadores, criadoras e espectadores da cena internacional, pois me confirma a universalidade e a força da palavra dramática, essa palavra que nos habita e nos fecunda para além das fronteiras".