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Casos de Covid crescem em todo o mundo e variante africana assusta

A Europa registra picos recordes de infecções 

Foto: Henitsoa Rafalia | Banco Mundial
Na América do Sul, quase todos os países estão notificando aumento na incidência

"O futuro está se revelando diante de nós e deve ser um alerta para nossa região”, alertou a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a respeito dos picos recordes de infecções e casos de Covid-19 na Europa. Nas Américas, os casos aumentaram 23% na semana passada, preocupando especialistas.

Tendências de alta já são observadas nas Américas, principalmente nos Estados Unidos e Canadá. Na América do Sul, quase todos os países estão notificando aumento na incidência, incluindo no Cone Sul. Altas taxas de infecção também são notificadas no Caribe. A América Central é a única área que registrou uma queda no número de novas infecções.

Embora pouco mais da metade das pessoas na América Latina e no Caribe estejam totalmente vacinadas contra a Covid-19, há países que ainda não atingiram a meta da OMS de 40% de cobertura vacinal até o fim de 2021. Apesar disso, as medidas preventivas estão sendo suspensas, inclusive em áreas densamente povoadas.

Com a Europa registrando picos recordes de infecções e os casos de Covid-19 aumentando 23% nas Américas na semana passada, não há espaço para complacência no combate à pandemia. O alerta foi feito nesta quarta-feira (24) pela diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.

“À medida que as celebrações de fim de ano se aproximam, vacine-se, mantenha reuniões pequenas e garanta o uso de máscaras e o distanciamento social, especialmente em ambientes fechados”, pediu a diretora da OPAS, durante a coletiva de imprensa semanal da Organização.

Nas últimas semanas, muitos países europeus notificaram um número recorde de novos casos, apesar da alta cobertura de vacinação. O relaxamento das medidas de saúde pública combinado com grupos de pessoas não vacinadas criou o ambiente perfeito para o vírus se propagar, disse Etienne.

Tendências de alta já são observadas nas Américas, principalmente nos Estados Unidos e Canadá. Na América do Sul, quase todos os países estão notificando aumento na incidência, incluindo no Cone Sul. Altas taxas de infecção também são notificadas no Caribe. A América Central é a única área que registrou uma queda no número de novas infecções.

Embora pouco mais da metade das pessoas na América Latina e no Caribe estejam totalmente vacinadas contra a Covid-19, há países que ainda não atingiram a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 40% de cobertura vacinal até o fim de 2021. Apesar disso, as medidas preventivas estão sendo suspensas, inclusive em áreas densamente povoadas.

Em 2020 as Américas registraram um aumento no número de novos casos após a temporada de férias, que levou meses para diminuir. Com os próximos feriados e férias de verão no hemisfério sul, Etienne alertou que “nossas decisões individuais e coletivas traçam o caminho desta pandemia”.

Portanto, é crucial que as pessoas se vacinem o mais rápido possível para se proteger contra a forma grave da Covid-19 e evitar que os hospitais fiquem lotados, especialmente se planejam viajar, disse Etienne.

Mais de 1,3 bilhão de doses da vacina contra a Covid-19 foram administradas nas Américas e a OPAS está trabalhando para expandir o acesso em lugares que estão ficando para trás.

Etienne disse que as medidas continuadas de saúde pública junto com a vacinação também são fundamentais para reduzir a propagação do vírus. Isso inclui o uso de máscara, distanciamento físico e evitar grandes reuniões, especialmente em ambientes fechados. “Já enfrentamos as consequências de uma pandemia descontrolada e não queremos estar nessa posição novamente”, acrescentou a diretora da OPAS.

Variante africana

Cientistas têm afirmado que a nova variante localizada na África do Sul possui um alto número de mutações, as quais podem torná-la mais transmissível e permitir que ela contorne algumas das respostas imunes detonadas por infecção anterior ou pela vacinação.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou nesta sexta-feira (26 de novembro), em sua conta no Twitter que o órgão executivo da União Europeia proporá, "em coordenação próxima com Estados membros", uma interrupção emergencial das viagens aéreas da região sul do continente africano. O motivo, segundo ela, é o fato de a África do Sul ter identificado uma "variante de preocupação" da Covid-19.

Em tuíte publicado na quinta-feira (25), Von der Leyen alertava para a nova onda de casos da Covid na Europa e pedia que a vacinação fosse reforçada no bloco.

O governo da África do Sul publicou comunicado, no qual reforça a importância de que a população local se imunize contra a Covid. A administração diz que as vacinas continuam a ser o meio mais eficaz de combater o vírus e casos graves da doença, mas também defende o uso de máscaras em locais públicos, para evitar a disseminação do problema.

"Vamos acabar com o poder da nova variante nos vacinando para limitar o número de mutações, e salvar nosso verão porque as vacinas enfrentam as variantes", diz o texto.

Em outro comunicado, o governo sul-africano comenta o fato de que o Reino Unido decretou na quinta-feira um veto a voos do país, por causa da nova variante.

O texto nota que Londres tomou a decisão antes mesmo de a Organização Mundial de Saúde analisar e se pronunciar sobre a gravidade da nova cepa e diz que estará em contato com o país para tentar reverter a decisão.

Outras nações anunciaram decisões na mesma linha.

A Itália proibiu nesta sexta-feira a entrada de viajantes provenientes de sete países do sul da África devido ao surgimento da nova variante do coronavírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19.

De acordo com o despacho assinado pelo ministro da Saúde, Roberto Speranza, quem tiver transitado por África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue nos 14 dias anteriores à chegada na Itália não poderá entrar no país.

"Nossos cientistas estão trabalhando para estudar a nova variante B.1.1.529. Enquanto isso, vamos nos manter no caminho da máxima precaução", escreveu Speranza no Facebook.

Essa variante surgiu em uma região com baixíssimos índices de vacinação contra a Covid-19 devido à distribuição desigual de imunizantes pelo mundo.

Enquanto a Itália, por exemplo, tem 73% de sua população totalmente vacinada, em Lesoto, que lidera o ranking entre os sete países afetados pelo bloqueio, esse índice é de 27%, segundo o portal Our World in Data.

Em seguida aparecem África do Sul (24%), Eswatini (21%), Botsuana (20%), Zimbábue (18%), Namíbia (11%) e Moçambique (11%). A variante B.1.1.529 possui dezenas de mutações na proteína Spike, espécie de coroa de espinhos que reveste o Sars-CoV-2 e é usada pelo vírus para atacar as células humanas.

Como a maior parte das vacinas disponíveis se baseia nessa proteína, existe o temor de que a variante também possa escapar dos anticorpos gerados pelos imunizantes.

Em seu perfil no Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que vai propor a suspensão dos voos provenientes do sul do continente africano, medida já adotada por Israel, que detectou seu primeiro caso em um cidadão recém-chegado do Malauí, e pelo Reino Unido.

Ao longo dos últimos meses, cientistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e até o papa Francisco alertaram que a pandemia não acabaria enquanto todo o planeta não estivesse vacinado.

Ainda assim, a imunização segue em ritmos desiguais ao redor do mundo. Na União Europeia, 67% da população está totalmente vacinada, índice que é de 56% na América do Sul, de 48% na Ásia e de apenas 7% na África.

"Uma variante desse vírus é o nacionalismo fechado, que impede, por exemplo, um internacionalismo das vacinas. Outra variante é quando colocamos as leis de mercado ou de propriedade intelectual acima das leis do amor e da saúde da humanidade", disse o Papa em maio passado.

Recordes na Itália e Alemanha

 Itália registrou nesta quinta-feira (25) mais 13.764 casos e 71 mortes na pandemia de Covid-19, de acordo com boletim do Ministério da Saúde.

Com isso, o total de contágios já diagnosticados no país subiu para 4.968.341, enquanto o de óbitos chegou a 133.486. O número de casos desta quinta é o maior para um único dia na Itália desde 29 de abril, quando houve 14.320 infecções.

A média móvel de contágios em sete dias aumentou pela 23ª vez consecutiva e atingiu 10.639, alta de 62% na comparação com duas semanas atrás, enquanto a de mortes subiu de 64 para 65, cifra 35% maior do que há 14 dias.

A Itália também soma mais de 4,67 milhões de curados e 166.598 casos ativos, maior valor desde 10 de junho (169.309). Até o momento, mais de 84% do público-alvo (pessoas a partir de 12 anos) está totalmente vacinado, porém 7 milhões de indivíduos aptos a se imunizar não tomaram sequer a primeira dose.

A alta nos casos no país já fez o governo de Mario Draghi antecipar para 1º de dezembro a dose de reforço da vacina para todos os adultos.

Além disso, entre 6 de dezembro e 15 de janeiro, pessoas que não tenham se vacinado nem se curado recentemente da Covid não poderão entrar em bares, restaurantes, museus, academias, casas noturnas, cinemas, teatros e eventos esportivos.

Dessa forma, indivíduos antivax só poderão frequentar serviços essenciais, meios de transporte e o próprio local de trabalho, e desde que apresentem exame negativo. 

A Alemanha superou nesta quinta-feira a marca de 100 mil mortes na pandemia de Covid-19.

De acordo com o Instituto Robert Koch, agência de controle de doenças do governo alemão, o país totaliza agora pelo menos 100.119 óbitos provocados pelo novo coronavírus, após um acréscimo de 351 no último período de 24 horas.

Além disso, a Alemanha soma 5,57 milhões de casos confirmados, sendo que pouco mais de 1 milhão foram registrados apenas nos últimos 28 dias.

A incidência semanal da Covid-19 chegou a 419,7 contágios para cada 100 mil habitantes, recorde do país na pandemia. Pacientes do novo coronavírus ocupam 18,2% dos leitos de UTI, sendo que houve 357 internações somente no último período de 24 horas.

Vivendo um período de transição de governo, a Alemanha enfrenta o pior momento da pandemia em termos de novos casos e tem pouco menos de 70% de sua população totalmente vacinada contra a Covid.

O recrudescimento da crise sanitária já fez diversos estados adotarem medidas restritivas, como o fechamento dos populares mercados de Natal e a proibição de não imunizados em restaurantes.

Segundo a imprensa alemã, a chanceler Angela Merkel, que está de saída do cargo, queria decretar um lockdown nacional até 8 de dezembro, mas a proposta foi recusada por sociais-democratas, verdes e liberais, as três forças que participarão do futuro governo de Olaf Scholz.