Veículos

Romi-Isetta: 65 anos no Brasil

A produção nacional ficou a cargo das Indústrias Romi

Microlino é o novo BMW Isetta

Em setembro de 1956, a Romi iniciou no Brasil a produção do Isetta, modelo com apelo urbano lançado na Europa alguns anos antes. Trata-se do primeiro automóvel fabricado em série no País A perua Vemag Vemaguet, considerada por muitos como a pioneira, começou a ser feita dois meses depois.

Porém, alguns especialistas não consideram o Romi-Isetta como um carro. Isso porque, como ele tinha apenas uma porta e dois lugares, não foi beneficiado pelos incentivos oferecidos pelo governo do então presidente Juscelino Kubitschek, para fomentar a produção de veículos no Brasil. O programa contemplava apenas modelos com duas ou mais portas e espaço para ao menos quatro pessoas.

A produção nacional ficou a cargo das Indústrias Romi. Localizada em Santa Bárbara D’Oeste, no interior do Estado de São Paulo, a empresa já era reconhecida por fabricar tratores. O Romi-Isetta teve cerca de 3 mil unidades feitas no País até sair de linha, em 1961.

Entre os destaques, o carrinho media apenas 2,28 metros de comprimento e 1,38 m de largura. Para comparação, um Renault Kwid tem, respectivamente, 3,68 m e 1,58 m.

De cara, o modelo conquistou famosos e formadores de opinião, sobretudo artistas. As atrizes Eva Wilma e Dercy Gonçalves e o ator John Herbert participaram das campanhas publicitárias do compacto.

O Romi-Isetta feito no Brasil tinha o mesmo conceito do modelo criado em 1952 pela italiana Iso Rivolta. Ou seja, o formato arredonda da carroceria, que era montada sobre chassi tubular. O eixo da frente maior que o traseiro dava a impressão de haver apenas uma roda atrás.

Aliás, as rodas eram de 10 polegadas e a suspensão tinha molas independentes. Mesmo com essa boa solução, o conjunto sofria sobre o piso irregular das vias do País.

A única porta na dianteira era inspirada em aviões cargueiros e, ao ser aberta, levava junto a coluna de direção e o volante. Dentro, havia apenas um banco para dois adultos e uma criança. Aliás, era comum os mais altos rasparem a cabeça no teto.

Inicialmente, o Romi-Isetta tinha motor bicilíndrico de dois tempos e 236 cm³ a gasolina que gerava 9,5 cv de potência. Em conjunto com o câmbio manual de quatro marchas, podia levar o carrinho a até 85 km/h.

Em 1959, houve uma importante atualização. Entrou em cena o motor BMW de apenas um cilindro, mas de quatro tempos. Com 298 cm3, gerava 13 cv.

Porém, mesmo com 36,8% a mais de potência, a velocidade máxima não mudou. Também não houve alterações na transmissão, bem como na tração traseira e no tanque com capacidade para apenas 13 litros.

História

Em 1955, os empresários Carlos Chiti e Américo Emílio Romi foram a Turim, na Itália, negociar a produção do Isetta no Brasil. Em cerca de um ano, foram concluídas a fábrica e a escolha dos fornecedores.

Em 1956, começaram a ser montadas as primeiras unidades. As carrocerias eram feitas pela Tecnogeral e o índice de nacionalização chegava a 72%.

O lançamento, em 5 de setembro, parou a capital paulista. Houve caravana e até desfile no Estádio do Pacaembu, na região central da cidade.

No IAA Mobility, encerrado no domingo passado, em Munique, na Alemanha, e que substitui o Salão de Frankfurt, a suíça Micro lançou a versão moderna do Isetta. Batizado de Microlino 2.0, o elétrico tem autonomia entre 95 km e 230 km.

A produção deve começar em 2022 e, segundo a empresa, o preço será de € 4.900. Isso dá uns R$ 30.500, sem impostos.