Zeca Pagodinho, de 62 anos, foi internado com covid-19 em um hospital do Rio de Janeiro neste sábado, dia 14. De acordo com informações da Casa de Saúde São José, o cantor apresenta sintomas leves, com bom estado geral e sem a necessidade de suporte de oxigênio.
Procurada pelo Estadão, a assessoria do sambista deu mais detalhes sobre a situação. "Ele não teve nenhum sintoma. Uma pessoa da família precisou fazer o teste e o laboratório testou a todos, então ele soube que estava positivo. Está no hospital para fazer um monitoramento de praxe. Está bem e, em breve, estará em casa".
Zeca Pagodinho já recebeu as duas doses da vacina contra o novo coronavírus. A primeira em abril, e a segunda no último mês de julho. Na ocasião, foi flagrado em um drive-thru no Rio de Janeiro e deu uma entrevista à TV Globo ressaltando a importância do imunizante: "Vou tomar a segunda, se tiver a terceira eu tomo também. Tem que tomar quantas tiver. Se tem a vacina, tem que tomar, por causa das crianças, dos idosos".
Confira a íntegra da nota divulgada pelo hospital neste domingo, 15 de agosto:
"A Casa de Saúde São José informa que o cantor Zeca Pagodinho está internado na unidade, desde ontem (14/08), para monitoramento e tratamento de Covid-19. O paciente apresenta bom estado geral, com sintomas leves, sem necessidade de suporte de oxigênio."
Terceira dose
Em julho, o Ministério da Saúde iniciou pesquisa para indicar a necessidade da 3ª dose para idosos que tomaram a Coronavac.
"É premente que o Ministério da Saúde estude o assunto para planejar", diz Carla Domingues, epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Antes de iniciar a 3ª dose, porém, ela acredita que o Brasil precisa acelerar a vacinação com a segunda dose, considerando o avanço da variante Delta, mais transmissível.
Estudos já demonstraram que só uma dose das vacinas não protege contra a cepa. A possibilidade de revacinação, segundo a epidemiologista, deve ser estudada para todas os imunizantes - e não apenas para a Coronavac. Mas já se sabe que vacinas produzidas com vírus inativado, como é o caso da Coronavac, exigirão reforço no futuro.
Nos países que estão mais à frente na cobertura vacinal, a estratégia de revacinação já começou. É o caso de Israel, que iniciou este mês a aplicação da 3ª dose do imunizante da Pfizer em maiores de 60 anos. O país tem 62% da população totalmente imunizada graças a uma rápida campanha que começou em dezembro. No Brasil, só 22,4% da população tomou as duas doses.
Nos Estados Unidos, que têm metade da população totalmente imunizada, a Food and Drug Administration (FDA) analisa a liberação de doses de reforço contra a para pessoas imunocomprometidas. E, nesta quarta-feira, vacinados com duas doses da Coronavac no Chile começaram a receber uma 3ª dose da vacina da AstraZeneca.
A 3ª dose no Chile começou a ser aplicada para maiores de 86 anos, mas o plano nacional contempla vacinar com a dose extra os maiores de 55 anos nas próximas quatro semanas. O país andino conduziu uma das campanhas de vacinação mais eficientes do mundo, que já alcançou 82% do público-alvo com duas doses e quase 87% com uma dose.
Para a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o Brasil tem dificuldades de fazer esse debate porque parte significativa da população ainda não tomou nenhuma dose. "O Brasil precisa fazer esforços para ter mais doses e proteger as pessoas que têm diminuição da resposta imunológica."
Em Estados ou municípios com vacinação mais adiantada, o dilema de prioridades se impõe. A capital paulista, por exemplo, deve iniciar a vacinação de adolescentes este mês - e disse aguardar definição do Ministério da Saúde e do governo do Estado para planejar a 3ª dose aos idosos. Procurado sobre a intenção de aplicar a dose extra, o governo estadual paulista não respondeu. A prefeitura do Rio já informou que pretende aplicar uma terceira dose de vacinas em idosos antes do mês de outubro.