A gestação é um momento muito especial e único na vida das mulheres e vem acompanhada de mudanças e transformações que requerem uma atenção diferenciada para a mulher e o bebê.
Dentro desse cenário de novidades, muitas vezes, o casal se sente constrangido em buscar informações sobre as práticas sexuais durante o período de gravidez e, consequentemente, as dúvidas não são esclarecidas ou são explicadas de maneira incorreta e incompleta. Logo, essa desinformação pode levar a pensamentos equivocados sobre o ato, prejudicando, assim, a saúde da mulher e a vida sexual dela e do casal como um todo.
“As questões mais debatidas dentro do mundo da maternidade, quando envolvem a prática do sexo durante a gestação, são: ‘O sexo durante a gestação é permitido?’, ‘Será que machuca o bebê?’ e ‘O ato causa alterações no corpo da mulher?’, entre outras tantas. É muito comum que todas essas perguntas venham à tona, principalmente em mulheres que são mães de primeira viagem, pois é um assunto que ainda não é tratado livremente e com a devida importância que deveria ter”, comenta a Dra. Evelyn Prete, ginecologista e obstetra, que, inclusive, é quem esclarece as principais dúvidas sobre o sexo durante a gravidez. Confira logo abaixo:
1. O sexo pode machucar o bebê
Mito. “O bebê está dentro do útero, que é um músculo altamente resistente, e dentro da bolsa amniótica, preenchida pelo líquido amniótico, que absorve impactos e também funciona como proteção para o feto”, explica a Dra. Evelyn. “Portanto, fique tranquila, durante a relação sexual o bebê não é alcançado e não sente qualquer desconforto”, completa.
2. O ato sexual pode ajudar a mãe a entrar em trabalho de parto quando ela já estiver nas últimas semanas de gestação
Verdade. O sexo no final da gestação é recomendado como forma de indução de trabalho de parto natural, pois no ato sexual há liberação do hormônio ocitocina, que estimula as contrações uterinas. “Além de ajudar antes do parto, o sexo, sendo uma atividade leve ou moderada, também pode auxiliar a mulher na hora de dar à luz, pois proporciona a melhora do condicionamento fisíco e da massa muscular”, esclarece a obstetra.
3. O sexo não pode ser realizado se a gestante tem placenta prévia
Verdade. O sexo durante a gestação é permitido livremente com uma condição: a gestante não ter nenhum fator de risco ou contraindicações do(a) obstetra responsável. “No caso de grávidas com placenta prévia - quando ela está localizada na parte inferior e recobre totalmente o colo uterino -, considerado um risco para elas, o ato sexual não é recomendado durante toda a gravidez, pois o problema ocasiona alto risco de sangramento vaginal”, explica Evelyn.
4. O sexo estimula o trabalho de parto prematuro
Mito. “Por mais que haja a liberação de ocitocina, seus níveis são pequenos e não suficientes para estimular um trabalho de parto prematuro”, comenta a médica. “Essa é uma situação totalmente diferente de quando a mãe está nas últimas semanas de gestação e, por isso, já existe uma série de outros fatores ocorrendo para estimular o trabalho de parto”, completa. No que diz respeito ao parto, são causas como o descolamento de placenta e a ruptura prematura da bolsa amniótica que podem causar a antecipação do nascimento do bebê, não o ato sexual.
5. Não se pode usar lubrificante durante a gravidez
Mito. Não existe nenhuma restrição quanto ao uso de lubrificantes durante a gestação, de acordo com a Dra. Evelyn Prete. “Porém, opte sempre por lubrificantes que tenham como base a água, pois estes possuem uma formulação mais suave e que agride menos o organismo, ou os lubrificantes que sejam naturais, como o óleo de coco e a vaselina”, ressalta.
6. Sexo faz bem pra saúde da gestante
Verdade. “O sexo também é saúde e traz benefícios surpreendentes para a vida da mulher. Pode ajudar no relaxamento dos músculos pélvicos e na liberação de hormônios que diminuem o estresse”, afirma a ginecologista. Além disso, ele é uma ótima maneira de manter a autoestima elevada e aprimorar a conexão entre o casal. “Portanto, não tenha medo! Aproveite a gestação para manter vivo o relacionamento sexual com o parceiro”, completa.
A Dra. Evelyn ainda destaca que o sexo não traz malefícios para a mãe ou para o bebê. Ao contrário, ele se torna fundamental durante a gravidez para a saúde da mulher e do casal. Porém, sempre deve haver acompanhamento com um(a) médico(a) obstetra para saber se existe alguma situação onde deve ser recomendada a restrição da prática sexual.
“Acontecimentos como sangramento anormal durante a gestação, placenta prévia ou elevado risco de parto prematuro são fatores que podem restringir o ato. Portanto, sempre que tiver dúvidas sobre o sexo na gravidez e se é seguro ou não para você, se consulte com seu ou sua obstetra e esclareça todas as questões pertinentes”, finaliza.