Jolivaldo Freitas

Ação do MP na Bahia desautoriza o Tribunal de Justiça do Estado

O que será que deu na cabeça do MP?

A pressão do Ministério Público Estadual para que as prefeituras baianas suspendam a vacinação de jornalistas, como a ocorrida em Camaçari, é algo sem precedentes e prima pela prepotência e arrogância, ver que vai de encontro à decisão do Tribunal de Justiça da Bahia que validou a iniciativa de vacinar os profissionais de imprensa.

Falta sensibilidade ao povo do MP para ver que os repórteres estão na linha de frente e já morreram algumas dezenas levados pela Covid-19.

Claro que não é da índole dos jornalistas fazer como fazem quaisquer outros profissionais que se sentindo ameaçados em seus direitos saem às ruas, fecham o trânsito, criam o caos na Avenida Paralela, no centro da cidade, defronte ao Shopping da Bahia, sendo que para isso basta meia dúzia para que o caos seja instalado.

Seria preciso um ato incivil qualquer para chamar a atenção da sociedade? O MP – que nós jornalistas estamos sempre defendendo em suas diversas posições dentro do conceito de democracia – age com a arrogância e com a falta de perspectiva que os seus contrários o acusam. Fica parecendo até que fazem jus àquela frase do ex-presidente Lula dizendo que o pessoal do MP se sente como “enviado de Deus”.

Os jornalistas da capital esperam que o prefeito Bruno Reis seja retado, como o foi a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, que mandou o MP às favas. Camaçari afrouxou e suspendeu a vacinação mandando para o MP a cópia da decisão do do TJ-Ba, coisa que não deve ter lido ou se fingiu de morto, com o indeferimento da liminar impetrada pelo próprio MP.

Diversos municípios vêm aplicando a vacina nos jornalistas, a exemplo de Dias D´Ávila e Maragogipe e vários estão com o processo à espera. O que será que deu na cabeça do MP? Acho que seria o caso, nesse instante, de os prefeitos agirem numa forma branca de “desobediência civil”. Lembrando que este conceito vem do século XIX e tem como filosofia a ação da sociedade num protesto político, seja contra uma lei injusta ou contrário a uma atitude desleal seja de grupo, entidade, órgão ou instituição. Sua característica é a não-violência, mas um posicionamento firme, contra desmandos.

Vacina, sim. Também para jornalistas, esses que estão na linha de frente. Lembrando que já tomei as duas doses e a da gripe. Vou tomar a Pneumotox. Se o MP não mandar tirar dos postos de saúde. E era só que faltava, mas não se iluda. Revivendo a frase, dessa vez do ex-governador Octavio Mangabeira: "pense num absurdo, na Bahia há precedente".