Os benefícios da atividade física regular são velhos conhecidos. Reduz o risco de doenças cardiovasculares, melhora a circulação sanguínea, controla a pressão arterial, fortalece músculos e ossos, além de fazer bem à saúde mental e emocional. Pesquisadores do Hospital Infantil de Boston (EUA), afiliado à Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, descobriram mais uma vantagem.
Em crianças, praticar exercícios tem efeito positivo no desenvolvimento dos circuitos cerebrais, que se tornam mais organizados, eficientes, flexíveis e robustos, segundo o estudo. Os especialistas chegaram a esta conclusão depois de analisar os dados de neuroimagem de 5.955 participantes de 9 e 10 anos, que foram comparados com outra pesquisa com informações sobre atividade física e índice de massa corporal (IMC).
De acordo com Caterina Stamoulis, pesquisadora principal do estudo, diretora do Laboratório de Neurociência Computacional do Hospital Infantil de Boston e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard, não importava o tipo de atividade física. O fundamental para obter tal resultado era a criança estar ativa diversas vezes por semana, durante pelo menos 60 minutos.
Os pesquisadores encontraram ganhos nos circuitos que desempenham papel essencial nas funções cognitivas e motoras, de atenção, processamento sensorial, memória e tomada de decisões. Além, claro, de efeitos na perda de massa corporal.
Para avaliar a organização funcional do cérebro, os dados da ressonância magnética foram capturados quando as crianças não estavam realizando tarefas cognitivas, isto é, permaneciam em repouso. O objetivo era o de mapear as conexões neurais que existem no sistema nervoso. Para isso, os pesquisadores adequaram as informações à idade, idade gestacional no nascimento, estado da puberdade, sexo, raça e renda familiar.
O cruzamento dos dados mostrou que a atividade física estava associada a propriedades positivas em todo o cérebro, e que refletia positivamente na eficiência, robustez e agrupamento das conexões neurais.
A professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard explica que o agrupamento e a conexão cerebral são importantes para o funcionamento ideal da estrutura do cérebro. E essa organização aprimora a eficiência do processamento e da transmissão de informação para outras partes do órgão.
Por ter um efeito protetor sobre esse processo, a neurocientista reforça a importância da prática regular de exercício físico no início da adolescência, por ser um momento caracterizado pelo desenvolvimento e mudanças nos circuitos funcionais do cérebro, e que anormalidades nessas áreas podem levar a comportamentos de risco e déficits na função cognitiva durante toda a vida.