A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu aos países desenvolvidos para doar vacinas contra a COVID-19 por meio da iniciativa COVAX, liderada pela ONU, antes de começarem a inocular crianças e adolescentes.
O apelo partiu do diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, em uma entrevista com jornalistas em Genebra. Na ocasião, o diretor-geral disse compreender a decisão de alguns países, mas reiterou que as nações menos desenvolvidas precisam de imunizantes com urgência.
Vacinação desigual - Em países de renda baixa e média-baixa, o suprimento de vacina é insuficiente para os profissionais de saúde. No momento, apenas 0,3% de todas as doses vão para nações de baixa renda. Tedros desaprova a distribuição desigual de imunizantes, e afirma que “a vacinação lenta não é uma estratégia eficaz para combater um vírus respiratório mortal."
O diretor-geral da OMS também alerta para os perigos do nacionalismo de vacinas, dizendo que o mundo testemunha uma “catástrofe moral”, com “um punhado de países ricos, que compraram a maior parte do suprimento de seringas, vacinando grupos de menor risco."
Até então, alguns líderes globais, incluindo mais recentemente o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, se posicionaram contra a prática condenada por Tedros e pediram a remoção rápida de todas as barreiras comerciais.
Nações em crise - A situação na Índia continua sendo extremamente preocupante, com grande número de casos em vários estados, hospitalizações e mortes. Diante do cenário turbulento, a OMS enviou milhares de concentradores de oxigênio, tendas para hospital de campanha, máscaras e outros suprimentos médicos.
Alguns países nas Américas, que concentraram 40% de todas as mortes globais na semana passada, ainda têm um alto número de casos. O Brasil é um deles. Atento à alta de mortes e novos casos em países em desenvolvimento, Tedros lembra que a COVID-19 já causou mais de 3,3 milhões de mortos e que o mundo está “caminhando para que o segundo ano da pandemia seja muito mais letal que o primeiro.”
Esforços - Também esta semana, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) anunciou que está intensificando as doações e a cooperação técnica com os países da América Latina e do Caribe. A diretora-geral da agência, Carissa F. Etienne, disse que “o aumento das hospitalizações na região está desencadeando um desafio sem precedentes nos suprimentos de oxigênio.”
A OPAS apoia os países a aumentar a produção de oxigênio e a doar suprimentos essenciais, incluindo 7 mil oxímetros de pulso e quase 2 mil compressores de oxigênio.
Capacidade - O braço regional da OMS também ajudou a implantar 26 equipes médicas de emergência em 23 países. Etienne informou que, além disso, “cerca de 400 equipes médicas de emergência e locais de atenção médica alternativos foram estabelecidas, ajudando os países a expandir a capacidade com 14 mil novos leitos hospitalares e mais 1,5 mil leitos de terapia intensiva.”
A previsão da OPAS — considerando a propagação da doença — é que mais 20 mil médicos e mais de 30 mil enfermeiras e enfermeiros sejam necessários para responder às demandas de UTI em metade dos países da América Latina e do Caribe.