Helô Sampaio

Uma receita de quindim (para você que ficou sem os quindins de Iaiá)

Estamos vivinhos, fogosos, elétricos e... desiludidos

“Tanto riso, Oh! Quanta alegria, mais de mil palhaços nsalão...”. Ouço a música que ecoa em meus ouvidos enquanto remexo os quadris ou pedalo para manter a gostosura, quando o rádio toca outro sucesso antigo: “este ano não vai ser igual aquele que passou...”. Não, não vai mesmo.

Estamos em pleno Carnaval, sem Armandinho e o trio de Dodô e Osmar, sem um ‘pé de gente’ na rua, sem feriado, sem remelexo, sem um nêgo bonito pra beijar na boca, sem cerveja gelada na madrugada da Praça Castro Alves. Nem acredito que estamos em Salvador, em pleno Carnaval, neste marasmo todo. Tenho certeza que vou acordar já, já, sair pra avenida e cair na farra com a galera. “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu...".

Mas nós estamos vivinhos, fogosos, elétricos e... desiludidos. A maldita Covid jogou areia no nosso brinquedo. Vem matando gente no mundo inteiro, aterrorizando os governos, fechando as cidades, fazendo as pessoas se isolarem dentro da própria família, uma coisa horrenda, como nunca tínhamos visto antes. Que praga! Mas não vai derrubar a gente não. Nossa força e fé serão mais fortes, pode crer.

“Eu sou o carnaval em cada esquina/ Do seu coração/ Eu sou o pierrot e a  colombina...”. Ah! Lembrei da música porque já botei pra tomar sol e pendurei a minha fantasia de Colombina, que vai ficar esperando o Carnaval chegar – ainda este ano ou, quem sabe, somente paroano. Com esta fantasia eu fico irresistível e pego todos os nêgos gostosos da praça, he-he. É só chegar no Campo Grande que já saio acompanhada, com um pierrot cheirando meu cangote,


Enquanto espero o rango de minha amiga Ivete

E enquanto não definem quando iremos comemorar a festa de Momo, fico em Itacimirim, na casa da minha querida amiga Ivete Monteiro, no condomínio Tavarua, curtindo este solzão, numa piscina maravilhosa, saboreando os rangos deliciosos que Ivete prepara para mim e para Sued, sua amiga amadinha, enquanto aprecio a vista, o ambiente, e tomo um vinho tinto seco, que gosto muito. Quer mais, fio?

Se quer, tem. Ivete me leva para conhecer os diversos lugares atrativos da área, as cachoeira, praias aconchegantes, restaurantes com comidinhas deliciosas. Ela conhece tudinho. E eu vou na carona, com o nariz colado no vidro do carro, apreciando todos os detalhes, as belezas do litoral desta Bahia. Adoro.

Na hora que eu acordo, já pulo no maiô e vou para a beira da piscina esperar elas acordarem. As crianças adoram quando eu chego e começo a brincar com elas. Eu estou uma negona bonita e gostosa, e queimadinha de sol, fico mais atraente ainda. Olha aqui, miga, reze para o seu amorzinho não passar perto de mim senão ele te larga e vem cair nos meus pés, fia. Do jeito que eu estou, não há quem resista. Estou vendo a hora de ter que pegar uma vassoura para ficar afastando os nêgos bonitos que babam atrás de mim, acredite, he-he.

Mas foi num desses passeios com Ivete e Sued por Itacimirim que descobrimos o restaurante Alecrim, que, acreditem é da minha xarázinha, Helo Braga e ‘nosso’ marido, Marcelo Poletto. Entramos na hora para conhecer e almoçar. Helo não estava mas Marcelo, que eu chamo Polilo, nos encheu de delicias. Tanto no almoço quanto nas sobremesas. Mas, como eu penso em você, meu lindinho amadinho, pedi a Marcelo para me adiantar a receita de um pudim maravilhoso que comi. É para você preparar para a sua amadinha. A minha sugestão é que a leve até Itacimirim para comer no Alecri mas, com essa restrição de mobilidade, veja a historia que Polilo me contou.

“Minha irmã Renata me deixou como herança umas forminhas de quindim, que eu levei doze anos para usar. Mas um dia, encarei as forminhas e enfrentei o desafio de produzir os quindins nas forminhas, com receio de não ficarem tão maravilhosos como os de Renata, marca registrada da família. Acordei, dei um ‘trato’ nas forminhas até brilharem e procurei nos cadernos a receita dos deliciosos quindins de Renatinha. E fiz. Ficaram dos deuses, de comer rezando ajoelhado agradecendo o maravilhoso sabor. E, resolvemos dividir com os nossos clientes esta maravilha de pudim da família. Veja como fazer”.


Os pudins da xará Helô Braga no restaurante Alecrim

Quindim da Helô Braga

Ingredientes

-- 100g de manteiga
-- 400g de açúcar refinado
-- 100g de coco fresco ralado
-- 14 gemas peneiradas
-- Um ovo com a gema também peneirada

Para o pudim de claras da Helo:

-- 8 claras batidas em neve bem firmes
-- 16 colheres (sopa) de açúcar refinado.

Modo de preparar

1 - Bater a manteiga com o açúcar até ficar bem clarinho. Misturar, sem bater, o coco ralado, as gemas peneiradas e o ovo com a gema peneirada;

2 - Colocar em forminhas untadas com manteiga e açucaradas com açúcar cristal;

3 - Completar as forminhas até as bordas, deixar descansar por uma hora e levar para assar em banho-maria em forno pré-aquecido até dourarem. Desenformar ainda mornas. Aproveitar as claras para o delicioso

Pudim de claras da Helo:

1 - Bater 8 claras em neve bem firmes e juntar 16 colheres (sopa) de açúcar refinado, colocar numa forma caramelada e levar ao forno até dourar o pudim. Desenformar ainda morno. (Se usar as 14 claras que sobraram do pudim, colocar mais açúcar, usando o bom senso, recomenda Marcelo). E se não acertar, vá ao Alecrim provar a delícia feita por ele, recomendo eu.

Beijinhos, lindinhos.