Helô Sampaio

Uma receita de panetone para um Natal sem a família aglomerada

Foto: Cottonbro/Pexels/Creative Commns
Papai Noel
Está difícil para o Papai Noel sair de casa

Ho-ho-ho! Gente, quando começo a ouvir esse som sei que o Papai Noel já está no comércio e o Natal está batendo na porta. Essa risadinha safadinha devia receber o Prêmio Nobel de criatividade. Isso mesmo: é um som diferente, criativo, e deve ter a idade do nascer do mundo (acho que ouço isso desde que me entendo por gente). Mas não sei o que vai ser do velhinho de vermelho com o saco de presente nas costas neste Natal da Covid.

Com esta pandemia, a vida virou um pandemônio, ficamos sem poder ver as pessoas que amamos, pois vive todo mundo mascarado, fugindo um do outro. E quando se está em um lugar e alguém dá uma tossidinha para limpar a garganta, é gente pulando pra todo lado, tentando fingir que vai beber água ou ver alguma coisa, e não que está correndo da tosse. Todo mundo se mexe, se ajeita, se previne. Chega a ser engraçado.

Mas o ‘trem’ está sério demais. Todo dia fico arrepiada vendo na tevê o número de mortos e de infectados por esta praga. E cada vez mais, me recolho em casa, tendo cuidado também com a cabeça, pra não entrar em depressão, tristeza, essas agonias que a solidão traz. Solidão é palavra agora desconhecida para mim pois as maninhas, Carmen e Ana, preocupadas, vieram ficar comigo em Salvador. Aí, já viu, né, bonitinho, solidão, silêncio, paradeiro, são coisas que não existem mais na casa. Viraram conversê, fuzuê, agitaê. Melhor assim.  

Carmen é a mais irrequieta, tem um formigueiro nos pés e, pelo seu gosto, saía toda hora, como fazia quando vinha pra cá, antes da pandemia. A gente briga para ela ‘aquietar’ em casa, o que é um castigo. Mas não deixa de dar uma caminhada na orla, sempre de máscara e com todo cuidado, claro. Mas se não for, ela dá um troço. Todo dia, chega feliz com o passeio, falando do sol, da cor do mar, das pessoas se exercitando, é como se, a cada dia ela fosse para um lugar diferente. Não é legal, essa minha irmã?

Ana fica mais comigo, pra vermos televisão, pedalarmos, conversarmos fiado, lembrarmos as bobagens da infância e da família. E, claro, tomarmos um vinhozinho seco, gostoso, enquanto esperamos o almoço. Quer mais, lindinho, nestes tempos bicudos? Nunca fiquei tanto tempo vendo televisão. Sei de tudo que vai passar, só falta eu fazer as receitas da Ana Maria Braga. Mas, não senhor, não traio a minha querida Elíbia Portela, de jeito nenhum. Receita, é com Elíbia, e fim.

Ouço a água caindo na minha fonte enquanto penso no destino da Humanidade. Deus! Jamais imaginamos viver momentos tormentosos como este. E não é só aqui na Bahia, não, é no mundo todo. A praga veio para igualar pela doença, ricos e pobres, gordos e magros, velhos e novos de todas as terras, indiscriminadamente. Mata tudo igual. Vixe Maria! Quero ficar bem longe desta coisa.

Lembro de umas ‘agonias’ anteriores como surto de sarampo, catapora, varíola, dengue, mas estes viraram ‘fichinhas’ com a covid. Nêgo nem faz comparação, pois a covid dá de dez a zero. ‘Crendeuspadre, pédepato, mangalô treiz veiz’, como diz o povo da minha terra. E eu fico me benzendo de cá.

Falar em gordo, o jornal A Tarde neste domingo, 29 de novembro, fez uma matéria muito legal sobre a ‘gordofobia’. Não que eu seja gorda, nã-não, que eu sou bonita e gostosa, e tenho excesso de fofura, como diz Gianna, minha sobrinha amadinha que veio visitar a titia com as ‘anjinhas’ gêmeas, Nina e Lara, e leu a matéria. Concordo com minha filhota, a titia amadinha dela não se enquadra nessa onde de gorduchas. Só na das fofinhas, né, neguinho.

E não vamos perder o ânimo, o tesão, a alegria, nem a máscara da cara, claro, que a Vida continua, bela e gostosa, interessante e desafiadora como sempre. E minha irmã tem razão: os dias estão maravilhosos, o mar continua atraente e sedutor, as praias acolhedoras.

Desesperar, jamais, como diz a música, pois o momento é para fortalecer o espirito, vencer os obstáculos e não esquecer que tudo na vida passa. Inclusive essa praga. E, quem sabe, o mundo ainda sairá melhor, pois as pessoas estão sentindo o quanto são vulneráveis, o quanto somos iguais uns aos outros. A diferença é dos que vivem pensando em se locupletar, fazer o mal, prejudicar o outro. Mas estes infelizes, o próprio Mundo dará o castigo, com certeza.

Liguei para a minha amiga amadinha, Elíbia Portela, que sugeriu fazermos um panetone para reunir o possível da família. Mas ela disse que também gostaria de estar aqui conosco, papagueando, contribuindo com o conversê das manas. Tá bom, miga, guenta um pouco mais que logo, logo, vamos poder juntar as nossas alegrias e fofocas, e voltaremos a ser essa maravilhosa família da vida. Chega de conversa fiada, aventais a postos e vamos para a cozinha, para sairmos com um panetone emoldurando a mesa.

Panetone by Elíbia Portela

Massa básica – Ingredientes:

Primeira etapa:
-- 1 xícara de chá de açúcar refinado
-- 20 grs de fermento biológico
-- 1 e meia xícara de chá de farinha de trigo
-- 300 ml de água morna

Modo de fazer:

1 - Em uma tigela, colocar o açúcar, fermento, a farinha de trigo de trigo e a água.

2 - Misturar e deixar descansar por 20 minutos.

Segunda etapa:
-- Á parte, colocar no liquidificador 100grs de manteiga derretida e fria, 100ml de óleo de milho, uma colher (café) de sal, 2 gemas , 2 ovos inteiros, 2 colheres de chá de essência de laranja, 200ml de água morna, e 3 colheres de sopa de leite em pó.

1 - Bater por 2 minutos. Após a esponja estar bem fermentada, juntar a mistura batida no liquidificador, ir trabalhando com uma colher ou espátula, e aos poucos, ir juntando farinha de trigo passada por peneira, continuando a misturar até formar um ponto elástico. Sovar bem.

2 - Deixe descansar por 30 minutos ou até dobrar de volume. Dividir em 3 partes, recheiar cada uma delas, com o que desejar (por exemplo, frutas ou gotas de chocolate), e modelar as bolas.

3 - Colocar cada uma delas em forma especial para Panetone ou formas improvisadas. Deixar descansar até que ultrapasse a borda da forma. Pintar com gema misturada a gotas de leite.

4 - Colocar uma colher de chá de margarina sobre cada Panetone e levar para assar em forno pré-aquecido a 180°C por 35 minutos ou até dourar.

Recheio de frutas:

-- 1 e 1/2 xícaras (chá) de frutas cristalizadas
-- 1 xícara (chá) de uvas passas pretas
-- 1 colher (sobremesa) de essência de panetone.

1 - Misturar as frutas cristalizadas, essência e as uvas passas, e agrega-los á massa.

Para o panetone, gotas de chocolate, é só substituir as frutas pelas gotas de chocolate.

E saborear com o agrado de toda a família, já se preparando para o Natal. Ho-ho-ho!