Olá Este é o podcast Curta de Casa e eu sou Doris Pinheiro.
Com as bênçãos de Cosme e Damião, hoje a gente começa um novo momento do Curta de Casa, com podcasts mais curtinhos e seriados e dando apoio a ações culturais e institucionais que merecem muito a nossa força.
E para abrir os trabalhos eu chamo ninguém menos que a educadora, compositora, escritora e cordelista Mabel Velloso.
O culto aos gêmeos mártires foi trazido para o Brasil em 1530 por Duarte Coelho Pereira e os santos logo se tornaram padroeiros de Igarassu, em Pernambuco. No Nordeste brasileiro passaram a ser invocados para afastar o contágios de epidemias. Boa hora para pedir proteção extra a eles né? Capricha nas velas, na reza e no caruru, meu povo!
A história oficial conta que São Cosme e São Damião nasceram na cidade de Egéia, na Arábia, por volta do ano 260 depois de Cristo. Eram gêmeos, filhos de família nobre e tinham outros três irmãos. Sua mãe, Teodata, foi quem ensinou a eles a fé cristã. Eles estudaram Ciências e Medicina na Síria, na época um grande centro de estudos e formação. Se transformaram em médicos que curavam os enfermos não só com seu saber, mas através de milagres propiciados por suas orações. Seus nomes verdadeiros eram Acta e Passio. Olha só...
Na Igreja Católica sua festa é celebrada no dia 26 de setembro, de acordo com o atual Calendário Litúrgico Romano do Rito Ordinário, e no dia 27 de setembro, pelo Calendário Litúrgico Romano do Rito Extraordinário. Na Igreja Ortodoxa são celebrados nos dias primeiro de julho e primeiro de novembro . Nas religiões afro-brasileiras em 27 de setembro.
E na casa de Mabel Velloso, da família Velloso, como a festa era e é celebrada?
Os gêmeos praticavam a medicina em Egeia e alcançaram, por isso, grande reputação. Não aceitavam nenhum pagamento por seus serviços e foram chamados de anargiras, em grego antigo avessos ao dinheiro, mas o que eles queriam mesmo era conquistar novos adeptos para a fé cristã. Hoje eles são padroeiros dos médicos, das faculdades de Medicina e dos farmacêuticos.
Mas, foram mártires, então...
Quando a perseguição do imperador romano Diocleciano começou, o prefeito Lísias mandou prender Cosme e Damião e disse que eles tinham de se retratar . Mesmo sob tortura, eles se recusaram e, segundo a lenda, não sofreram nenhum ferimento por água, fogo, ar, nem mesmo na cruz. Só morreram quando foram decapitados por uma espada. Seus três irmãos, Antimo, Leôncio e Euprepio e seu pai também morreram como mártires. A execução dos santos gêmeos aconteceu em 27 setembro, provavelmente entre 287 e 303 depois de Cristo. Olha aí o dia 27...
E para agradar os santinhos, que conquistaram nossos corações profundamente por aqui, a gente tem de montar para a festa os altares né? O artesão, aderecista, e florista Rodrigo Guedes responsável por belíssimos andores e altares nas igrejas católicas de Salvador e também nos terreiros de religiões afro-brasileiras, diz o que é preciso para fazer a festa ficar ainda mais linda e homenagear os dois dois..
Ah, que lindo Rodrigo... pois é, e na nossa tradição a gente vê muito, além das imagens dos santos, louças de barro em miniatura com a comida servida no caruru, além de quartinhas com água ou aluá, que é uma bebida de origem afro-indígena brasileira, olha só mais uma vez nossa linda mistura, que pode ser feita a partir da fermentação de grãos como o milho moído, ou de cascas de frutas como o abacaxi, como é mais comum aqui pelas bandas da Bahia.
Nos altares também flores e folhas especiais e votivas, muitos tipos de doces, que podem ser feitos em casa como as cocadas ou comprados, como as balas... tudo para agradar Cosme e Danião, os Bêje, os Hoho, as Crianças, os Tobossis, os Meninos...
Mas como é nos terreiros das religiões de matriz africana? Rodrigo Guedes conta para a gente.
O dia de São Cosme e Damião é celebrado com grande beleza pelo candomblé, batuque, xangô do Nordeste, xambá e pela umbanda. E pelos católicos.. O poeta, antropólogo, professor doutor da Unilab Bahia, Marlon Marcos, bota a gente para pensar agora sobre a importância do processo civilizatório africano em nossa cultura.
Marlon Marcos fala dessa mistura linda que está presente em muitas coisas em nossa cultura, e que é extremamente bem representada pelo caruru de Cosminho...
Ai, que coisa boa falar de nossas tradições, da celebração aos santos gêmeos. No próximo episódio do Curta de Casa eu apresento a você o secular Lindro Amor de São Francisco do Conde, cuja devoção é a Cosme e Damião.