Pedro Oliveira

Mais de 500 mil pessoas dependem do sisal na Bahia

No pólo sisaleiro, são cerca de 30 mil produtore

O “ouro verde da Bahia”, principalmente nas décadas de 60/70 o sisal, depois de uma fase de declínio, volta a figurar com importância na economia do estado, notadamente com a pluralização da sua utilização. A cadeia produtiva do sisal é formada por mais de 60 municípios e beneficia mais de 500 mil pessoas que dependem de forma direta ou indireta dessa lavoura proporcionadora de um giro de US$100 milhões/ano na economia do estado.

No pólo sisaleiro, são cerca de 30 mil produtores com 3.500 motores extraindo o sisal dos campos, mais de 35 mil pessoas nos motores, além de mais de 100 batedeiras, beneficiando o produto “in natura”, gerando emprego e renda para uma vasta região de poucas opções de trabalho. O dinheiro gerado pela cultura sisaleira fomenta e estimula o comércio dessas comunidades.

Mutilação zero

A mutilação de trabalhadores, que operam os antigos motores do modelo “Paraibano”, o maior problema dos ruralistas voltados para essa atividade, parece ter os dias contados com o surgimento do desfibrador Faustino VII. Com cinco metros de comprimento, 1,5 metros de largura e dois metros de altura, motor de 70 cavalos de potencia, sistema de transmissão, radiador com refrigeração a água, esteira, rotor côncavo, raspador e protetor de fibra, podendo desfibrar até 600 kg/hora de sisal molhado, o Faustino VII moderniza o processo que já provocou centenas de mutilações.


Máquina desfibradora acaba com mutilação no sisal

Embasado nesses índices de segurança o empresário de Conceição do Coité, Marcelo Araújo, da HR-Grupo Hamilton Rios, investiu cerca de R$ 500 na aquisição de seis dessas maquinas, de um modelo menor, com custo de R$80 mil a unidade, já em testes nos campos da região de Salgadalia. O empresário defende a modernização do desfibramento do sisal: “Ninguém merece trabalhar naquelas condições. É preciso agir, mudar essa realidade e mudar as condições dos trabalhadores do sisal nos campos. Mas é preciso um plano de ação muito perfeito por parte do governo do estado”, diz Marcelo, referindo-se ao trabalho com o antigo motor ainda amplamente usado.

Ele explica que a empresa não participa da extração nos campos. “Nós já compramos a produção “in natura”, sisal desfibrado e seco. Nossa atividade é industrial e dentro de nossa empresa seguimos rigorosamente todas as leis trabalhistas, pagado inclusive, um salário acima do piso nacional, e todos os funcionários usam equipamentos de segurança exigidos por lei”, relata o empresário.

Utilidades do sisal

Com 1001 utilidades, o sisal é considerado uma planta muito versátil, pois quase tudo pode ser aproveitado do alguma forma, a exemplo de sua batata na alimentação dos animais no período de seca. A flecha, pode ser transformada em caibo, ripa ou até mesmo em peça em substituição a madeira nativa usada na cobertura de casa. A folha beneficiada na fabricação de fios, cordas, tapetes, peças decorativas entre outros. O produto vem sendo especulado também, como matéria prima em substituição ao plástico usado em acabamentos de veículos pelas montadoras.

Recentemente a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Embrapa de Campina Grande, começaram a investigar o poder de inseticida que existe na polpa do agave (sisal), já que o suco extraído da planta era usado antigamente por agricultores para matar carrapatos nos animais. Nas pesquisas, descobriu-se que esse líquido é uma poderosa arma contra o mosquito aedes aegypti, matando-o em todas as fases: ovo, larva e mosquito adulto em 24 horas.