Boa Notícia / Nordeste

Produtores de cachaça fabricam e doam álcool 70% para prefeituras na Paraíba

Um grupo de empresários produz álcool líquido e distribui o material gratuitamente

Foto: Pxehere.com/Creative Commons
11 empresários do setor sucroalcooleiro têm distribuído insumos para combater o coronavírus
11 empresários do setor sucroalcooleiro têm distribuído insumos para combater o coronavírus

Ao passo que o mundo busca soluções para impedir o avanço do novo coronavírus, a solidariedade de produtores de cachaça tem feito a diferença no estado.

Um grupo de empresários de Areia produz álcool líquido com concentração de 70% de etanol e distribui o material gratuitamente para a Secretaria de Saúde da cidade e de municípios vizinhos.

O presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Areia, Thiago Henrique de Albuquerque, conta que a iniciativa surgiu a partir da dificuldade encontrada pelas autoridades públicas na distribuição de álcool para a população, inclusive por falta de estoque dos fornecedores.

“Nós produzimos o álcool combustível para consumo próprio, a partir da ‘cachaça de cabeça’. A Associação dos Produtores de Cachaça de Areia levantou a possibilidade de todos os produtores usarem o resíduo dessa etapa da destilação para produzir o álcool 70%, em vez de produzir álcool combustível. Decidimos dar esse destino mais nobre para esse produto”, explica Albuquerque. 

Os 11 produtores associados são orientados a enviar a “cachaça de cabeça” para o Engenho Triunfo, do qual Thiago é responsável técnico pela produção. Neste local, o álcool 70% é produzido e liberado para distribuição.

A “cachaça de cabeça” é o primeiro líquido que surge na destilação da cana-de-açúcar fermentada e tem alta concentração de metanol, um tipo de álcool altamente tóxico.

O presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Areia esclarece que a distribuição dos produtos é feita com base na demanda das prefeituras que, por meio de um ofício, solicitam a quantidade de álcool desejada. “Nós contabilizamos que, do que temos para produzir, teremos capacidade de fabricar entre dois mil e 2,5 mil litros de álcool 70%”, estima Albuquerque.

“Atualmente, estamos fornecendo [os insumos] para quase 10 prefeituras da região. Inicialmente, iríamos produzir apenas para as cidades de Areia e Remígio. Só que a procura foi muito grande e não podíamos dar as costas para os municípios vizinhos. Inclusive, o município potiguar de Jaçanã também já recebeu nossos produtos”, completa.

Além dos produtores de cachaça, o estado tem outros aliados no combate à pandemia do novo coronavírus. A Federação das Indústrias da Paraíba (FIEP), por exemplo, também tem contribuído neste momento de crise com a doação de respiradores. 

A superintendente de Marketing, Comunicação e Relações Institucionais da FIEP, Katarina Leite, afirma que esses equipamentos, que ajudam a levar oxigênio e eliminar o gás carbônico do organismo em pacientes com infecção grave, podem salvar muitas vidas no estado.

“Nesse primeiro momento, esses respiradores serão de uso da prefeitura municipal de Campina Grande, para ser utilizado no Hospital Pedro I, que é referência no combate ao coronavírus. Posteriormente, esse equipamento será doado à Fundação Assistencial da Paraíba”, indica.

A entidade também tem redobrado os cuidados com seus funcionários por meio da informação. “Fizemos podcasts sobre prevenção ao coronavírus, assim como vídeos educativos com orientações de médicos, além da disponibilidade de uma equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, psicólogos e médicos do trabalho para atender os colaboradores”, detalha Katarina Leite.

A Federação das Indústrias doou também 330 jalecos, 300 máscaras, 130 protetores faciais, 500 litros de álcool em gel, 186 lençóis e 360 calças ao setor público de saúde. Todos os itens foram produzidos pelo SENAI do estado, em parceria com o Grupo Alpargatas, que fez a doação dos tecidos para a fabricação dos produtos têxteis.

“Indústria contra o coronavírus”

A FIEP não é a única entidade ligada à indústria que tem se preocupado em amenizar os efeitos da pandemia de Covid-19 e proteger quem produz e quem consome.

Por meio da campanha nacional “A indústria contra o coronavírus”, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Social da Indústria (SESI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e as Federações das Indústrias dos 26 estados e do DF têm levado informação e tomado medidas para reduzir os impactos econômicos e preservar vidas.

O SENAI, por exemplo, abriu vagas gratuitas em cursos a distância voltados à indústria 4.0, que inclui temas ligados à tecnologia, como Blockchain, Lean Manufacturing e BIM (Building Information Modeling).

Os cursos têm carga horária de 20 horas e estarão disponíveis até junho. Para ter acesso aos cursos e às vagas, basta acessar a plataforma Mundo SENAI (https://www.mundosenai.com.br/) e fazer um cadastro. Essa foi a alternativa encontrada pela instituição para levar educação e capacitação profissional nesse período em que milhões de brasileiros precisam ficar confinados dentro de casa.