Comportamento

É saudável deixar de namorar para se dedicar aos estudos?

A psicopedagoga Magaly Vilarim acrescenta que é preciso que o casal entenda os limites do namoro

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Nesta quarta-feira (12), é comemorado o Dia dos Namorados no Brasil. A data é um marco para as pessoas apaixonadas, que reservam o momento para dedicação à companhia amada. Entretanto, existe quem escolhe não se envolver em relacionamento e prefere usar a energia e o tempo gastos em um namoro para outras coisas, como, por exemplo, para os estudos.

Essa é a realidade de Eduarda Miranda, de 19 anos. Formada há dois anos no ensino médio, Eduarda quer entrar em uma universidade nos cursos de farmácia ou enfermagem. “Comecei a ir a algumas palestras de enfermagem com minha mãe que cursa enfermagem e passei a me interessar; resolvi fazer química no IFPE e notei que eu tenho muita aptidão para as duas áreas”, relatou a garota.

A decisão em não namorar para se dedicar aos estudos veio naturalmente. “Acho que essa questão de namorar e estudar tem a ver com prioridades. Cada qual tem um peso e você escolhe qual vai priorizar. No meu caso sempre priorizei meus estudos, não só porque é preciso, mas porque eu gosto de estudar”, confessa Eduarda.

A estudante ainda revela que não ter problemas emocionais é o fator principal para manter seu foco. “Acho que o conhecimento é algo que ninguém tira. E não estar namorando me dá mais tempo de dedicação e me faz não ficar pensando em problemas com relação a um relacionamento”, aponta.

Quando o término atrapalha o desempenho

Também focada nos estudos, uma estudante de 20 anos, que não quis se identificar, acabou um relacionamento em 2018 e não conseguiu ter bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) daquele ano. “Meu namorado me traiu e eu descobri alguns dias antes da prova. Meu sonho é ser médica e quero muito fazer em uma universidade pública. Estudei muito no ano passado e por conta do ocorrido não fui bem na prova. Não passei por conta do que ele fez comigo”, disse.

Desde então, a jovem desistiu de ter relacionamentos amorosos. “Não quero saber de namoro até passar, sabe? A última experiência serviu de aprendizado para mim, para que eu percebesse a necessidade de dar atenção exclusiva aos meus estudos. É isso que eu vou fazer e nada vai me impedir. Estou totalmente focada. Quando passar, aí vou me preocupar em ter um namorinho”, brincou a estudante.


Vida equilibrada é a solução

Segundo o psicopedagogo Cleyson Monteiro, não é preciso abdicar da vida amorosa para alcançar uma meta. “A vida é caracterizada pelo equilíbrio. O impacto quando não está preparado é, obviamente, do indivíduo correr riscos. Ele vai ter problemas de ordem afetiva, problema de transtornos de humor em decorrência da abdicação de seu relacionamento social, e isso pode ser muito bem administrado, depende muito do tipo de personalidade, de conduta e de apoio que esse indivíduo possa ter”, explicou.

O especialista em depressão de ordem afetiva ainda salienta que cortar relações pode ser a causa de um mau desempenho no vestibular, por exemplo. “Não é porque você está dedicando parte do seu tempo para a pessoa ou a relação afetiva que vai transcorrer ou implicar no atrapalho. Tudo depende da forma como você consegue mediar, equilibrar. O que caracteriza a diferença entre o remédio e o veneno é a dose”, crava Monteiro.

Limites devem ser acordados

A psicopedagoga Magaly Vilarim acrescenta que é preciso que o casal entenda os limites do namoro. “Dependendo do grau de maturidade do casal, tudo pode ser conversado e chegar a um acordo. A parte que abre mão de estar perto do outro tem um objetivo a atingir, o que não significa que por outro lado o(a) namorado(a) irá se sentir menos importante ou menos amado”, explanou.

A especialista ainda reitera a importância da construção das prioridades a dois. “E estar focado no Enem não quer dizer que se deva abrir mão de um namoro, mas de ficar juntos a todo momento. É bom organizar os horários de estudos, ter disciplina no horário de dormir e organizar um horário no fim de semana para namorar, porque se os dois se amam, irão compreender a necessidade do outro. E ficarem juntinhos algumas horas nos finais de semana é importante para descontrair e trocar experiências”, aconselhou.