Brasil / Entrevistas

Arthur, o sertanejo que preferiu a bola à viola

Nascido em Goiás, meia se apaixonou pelo futebol e se tornou peça chave da Seleção Brasileira

Cravada na região central do país, a cidade de Goiânia é a capital da música sertaneja. Apesar disso, a viola nunca foi uma tentação para Arthur. Apaixonado pelo futebol, ele não nega as origens. Onde quer que vá, segue com ele um modão, um sertanejo universitário. Mas em Goiás, nem todos os filhos são de Francisco. E foi justamente o seu Aílton, pai de Arthur, quem o influenciou a ser jogador.

"Eu gosto de sertanejo, são minhas músicas preferidas. Mas nunca houve concorrência. Só com o tênis. Até pensei em abdicar do futebol para seguir a carreira de tenista. A ajuda do meu pai me fez seguir no futebol. Ele me deu muitos conselhos e sou muito grato por isso", contou.

Apesar do apreço pelo tênis, o futebol entrou na vida de Arthur muito cedo. Com apenas quatro anos, já fazia parte de uma escolinha em Goiânia, e não foi desbancado em momento algum. Foi ali que começou a se forjar um representante clássico dos meio-campistas brasileiros. O estilo de jogo de Arthur não é por acaso: desde pequeno, se encanta por um futebol bem jogado, com a posse de bola e o controle.

Muito por conta disso, o meia se adaptou tão bem à nova vida no Barcelona. Contratado pelo clube catalão no ano passado, Arthur encaixou muito bem no estilo de tiki-taka que o time pratica (um modelo de jogo baseado, em partes, na escola brasileira de futebol). Apesar de se sentir bem na Europa, Arthur não esconde a saudade de sua terra. E sempre que pode, embarca rumo a Goiânia.

"Quando comecei a conhecer mais de futebol, é o estilo que me encantava, que eu achava que era o certo, que me chamava a atenção. Por gostar desse estilo de jogo, fui me aperfeiçoando, por isso quando cheguei lá tive uma adaptação mais fácil",  relembrou, antes de falar sobre a saudade de casa:

"Tirando meus pais e meu irmão, que estão em Barcelona, toda minha família mora em Goiás. É um estado que eu gosto muito, conheço bastante. Gosto de ir para casa do meu vô, que é no interior de Goiás", disse.

Arthur já não mora em Goiânia há quase 10 anos. Quando tinha 14 anos, transferiu-se para o Grêmio. Em Porto Alegre, o frio o castigou, mas a bola o premiou. Com a camisa tricolor, foi campeão da Copa do Brasil em 2016 e da Libertadores da América em 2017. No torneio continental, foi eleito o melhor jogador da final, contra o Lanús.

Encantado pela cidade que chama de segunda casa, ele volta à capital gaúcha neste domingo. Dessa vez, para tentar guiar a Seleção Brasileira a um título, que não sai de sua cabeça. Porque pode até não dar em nada, mas com a Amarelinha, ele nunca deixará de ser um sonhador.

"Um dos primeiros sonhos eu já realizei, que era vestir a camisa da Seleção. O outro é ganhar algo grande com ela. A Copa América, uma Copa do Mundo, então, nem se fala... Isso passa na minha cabeça todos os dias. Acordo e durmo pensando nisso", revelou.