Helô Sampaio

Como ir de Ilhéus a Itabuna vendo fantasmas e cachoeiras no caminho

Voltei ao interior, de carrapeta nos pés


Imagem: pxhere/Creative Commons

As minhas ótimas intenções de chegar a Salvador, aquietar na minha casinha para fazer meus exames médicos, cuidar das minhas coisas, rever os amigos e outras maravilhas, desceram por água abaixo tão logo meu irmão chegou de Sumpaulo. Beijins pra lá, cheirinhos pra cá, ele disse que só ia ficar dois dias pois ia para o interior ver a netinha Analua. Meu fogo acendeu logo e os olhos brilharam. Por que não levar o meu irmãozinho ao interior?

(Puxei à minha mãe, que tinha um carretilha nos pés: era falar de viagem que ela já estava com a mala pronta. Lembro de um dia – eu era presidente do Sindicato dos Jornalistas – quando fui convidada para um evento em Juazeiro. Ela tinha acabado de chegar do interior e devia estar cansada, achava eu, quando avisei: "Mãe, fui convidada para fazer abertura de um evento em Juazeiro..." Ela nem me deixou terminar e foi logo perguntando: "que dia viajamos?" Minha mãezinha era maravilhosa e me faz muita falta).

E lá vou eu com os meus dois irmãozinhos, Ana e Paulo, rumo a Itabuna e Ibicaraí, minha terra natal, que eu amo. Fiquei com Ana na região e o mano foi para Vitória da Conquista ver a filhota e a netinha, a fofura da família. Vou lá depois. Agora, quero curtir novamente o esplendor do verde das matas da minha região, rever meus conterrâneos, lembrar meus tempos passados quando, estudando em Ilhéus, vinha nos finais de semana ver meus pais e manos, com o nariz grudado nas janelas dos ônibus da Sulba, registrando todas as paisagens do trajeto.

O trajeto Ilhéus-Itabuna é muito lindo, sempre ao lado do rio Cachoeira, com sedes de fazendas maravilhosas, como a Primavera, ou intrigantes como a fazenda malassombrada, que, diziam, tinha ‘visagens’ e fantasmas assombrando à noite. Quando criança eu morria de medo de passar pela porta. Entrar, nem pensar. Até hoje passo por lá e fico pensando: será que ela é assombrada mesmo? Na dúvida, fico de longe, he-he.

Já a estrada Itabuna-Ibicaraí é muito cacau, mata, verde, cachoeira e belezura pra todo lado. A cachoeira da Pancada Formosa era o encanto da viagem. Hoje, ainda existe, mas perdeu muito da sua imponência pois a água escasseou. Mas ainda é atraente para mim. Viajo registrando mentalmente, quando chego antes de Cajueiro: aqui era a fazenda Sarracena, que foi de meu pai e minha mãe ajudou na arrumação da casa; depois tinha uma casinha que era do DNER, e foi onde pela primeira vez vi uma cascavel quando ia para Cajueiro de cavalo com Lula meu irmão. Depois do Cajueiro, vem o Quarenta e Um e chegamos a Ibicaraí, a terra santa, a minha terra.

Sou moça fina, benzinho, e só de vez em quando tomo uma tacinha de vinho, se insistirem muito. E com o dedo mindinho esticadinho, como manda o figurino. Mato o povo de inveja com a minha elegância e o meu ar ‘blasé’, chic, he-he!

Chegamos para o aniversário de Itana, filha de Lula meu irmão. Gente, meu povo continua sendo exímio exterminador de cervejas. Cruz credo, pé de pato, mangalô três vezes: vão beber tanto assim lá longe. Quando eu me lembro que eu era uma das principais competidoras, sinto calafrio. Como é que uma moça requintada como eu, virava copo assim, sem finesse? Ô loco, meu. Hoje, eu tripudio, e ainda critico os beberrões com cara de séria. Cambada de fracos.

Depois que aprontei e revi os amigos (de novo) vou voltar para a capital. Desta vez para ficar mais dias. Me aguarde, meu lindinho, que vou lhe dar um ‘xero’ no cangote e contar um monte de mentirinhas para lhe distrair. Enquanto isso, vamos saborear esta empadinha de queijo integral, receita do grande culinarista Mauro Rabelo, que alerta: ‘Já está longe o tempo em que comida saudável era sinônimo de ‘sem graça’ e ‘sem sabor’. Hoje, cuidar da alimentação é uma escolha inteligente e fundamental para quem deseja ter qualidade de vida, sendo ainda mais fundamental para quem tem diabetes’.  Vamos para a cozinha comer gostoso, saudável e fazer sucesso.

Empadinha de queijo natural

Ingredientes da massa
-- 
250g de farinha de trigo integral
-- 250g de farinha de trigo branca ou farinha de aveia
-- Uma colher (sopa) cheia de linhaça dourada
-- 4 gemas
-- 1 a 1 ½  colher (chá) de sal
-- 250 a 300 ml de óleo de soja, canola ou girassol.

Modo de preparar a massa:

- Misturar todos os ingredientes até que fique uma massa homogênea.

- Colocar de início apenas 200ml de óleo e se a massa ficar muito seca, acrescentar o restante.

- Forrar forminhas de empada e reservar.

Ingredientes do recheio de queijo
-- 2 caixas de creme de leite (pode substituir por iogurte natural ou a mesma quantidade em leite. O sabor fica um pouco diferente mas não fica ruim, e fica com menos calorias);
-- 4 ovos
-- 150g de queijo parmesão de boa qualidade
-- Uma xícara de leite
-- Uma colher (sopa) cheia de farinha de aveia
-- Orégano a gosto.

Modo de preparar o recheio

- Misturar todos os ingredientes com auxilio de um fuê ou bater no liquidificador;

- Encher as forminhas de modo que o recheio fique quase na borda;

- Assar em forno preaquecido na temperatura de 180º por 25 a 30 minutos ou até que as empadinhas fiquem coradas. Rende 20 empadas grandes de queijo.

Saborear com o amorzinho trocando jurinhas de love. Bom apetite.