O italiano Cesare Battisti foi preso nesta madrugada pela Polícia Federal na Bolívia. O terrorista italiano estava foragido desde às vésperas do Natal. A PF fez mais de 30 diligências para encontrá-ló, todas sem sucesso.
Battisti teve a prisão determinada pelo ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele foi condenado em seu país pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970. A extradição do terrorista foi prometida pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha.
O Supremo Tribunal Federal já havia decidido em 2009 aprovar a repatriação do italiano, mas o então presidente Lula (PT), no último dia de seu mandato, em 2010, permitiu a permanência dele no país.
Ele foi detido em Santa Cruz de La Sierra, uma das cidades mais importantes da Bolívia, no centro do país.
O governo italiano e partidos de diferentes orientações comemoraram a prisão de Cesare Battisti na Bolívia. Roma anunciou que um avião já foi enviado ao país e agora aguarda o trâmite legal para que o condenado por terrorismo na Itália possa ser deportado, esperando que isso possa ocorrer nas próximas horas ou dias. A operação que capturou Battisti na Bolívia contava com membros da polícia italiana.
Antonio Bernardini, embaixador da Itália no Brasil, foi um dos primeiros a comentar. "Battisti está preso! A democracia é mais forte do que o terrorismo", escreveu nas redes sociais.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em conta pessoal no Twitter, que com a captura do italiano Cesare Battisti, de 64 anos, “finalmente a justiça será feita”. Ele elogiou os responsáveis pela prisão, numa operação conjunta das polícias da Bolívia e da Itália, localizando e capturando Battisti nas ruas de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia).
“Parabéns aos responsáveis pela captura do terrorista Cesare Battisti! Finalmente a justiça será feita ao assassino italiano e companheiro de ideiais de um dos governos mais corruptos que já existiram do mundo [PT].”
Extradição
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, informou que o italiano Cesare Battisti será extraditado à Itália pelo Brasil. Heleno disse que o Brasil está acertando os detalhes do voo com autoridades bolivianas, depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.
Heleno afirmou que um avião da Polícia Federal fará a transferência de Battisti, que estava foragido do Brasil e foi preso pela Interpol na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra. Havia a possibilidade que ele fosse levado direto da Bolívia para a Itália.
"Um avião da Polícia Federal nosso está indo buscar, e o avião tem problema de autonomia, ele tem que pousar no Brasil", afirmou o ministro. "Não é uma escala, porque ele vai ter que trocar de avião. O avião é brasileiro e não tem autonomia para fazer Europa."
Heleno afirmou que os horários da operação ainda estão sendo definidos entre autoridades policiais e diplomáticas dos países
O ministro disse que o presidente Jair Bolsonaro ficou "feliz" com a prisão de Battisti, mas negou que ele queria tirar proveito político da extradição: "Ele não quer capitalizar nada, quer botar para fora um bandido, nada além disso".
O ministro disse considerar ótima a prisão e negou que o Battisti já estivesse fora do Brasil, por ter fugido para a Bolívia, sem que a PF tenha sido capaz de cumprir a ordem de prisão.
"Eu acho ótimo, (Battisti) está devendo", disse Heleno. "Está fora nada. Gastamos muito dinheiro com esse bandido."
Também participaram da reunião com Bolsonaro os ministros da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ambos deixaram o encontro sem dar declarações aos jornalistas. O vice-presidente Hamilton Mourão não participou da reunião. Mais cedo, o vice, que pedalou ao redor do Palácio da Alvorada, comentou a prisão: "Missão cumprida".
Bolsonaro prometera em campanha que extraditaria o italiano, condenado à prisão perpétua em seu país natal, por quatro assassinatos na década de 1970. O ex-militante de extrema esquerda nega envolvimento e se diz vítima de perseguição política. Ele ganhara refúgio no Brasil no governo Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente Michel Temer revogou o benefício no fim do ano passado e decidiu extraditá-lo. Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão dele, mas Battisti escapou.
Prisão perpétua
Conforme o governo brasileiro, a decisão de trazer Battisti para o Brasil foi tomada conjuntamente com o governo italiano, levando em consideração questões de segurança. Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, braço das Brigadas Vermelhas. Ele se diz inocente. Para as autoridades brasileiras, ele é considerado terrorista.
No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.
Nos últimos dias do governo Michel Temer, o STF decidiu pela extradição. A medida era defendida ainda em campanha pelo presidente Jair Bolsonaro.
Defesa
O advogado Igor Tamasauskas, que defende o italiano Cesare Battisti, disse em nota que espera que o caso “tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente”. Battisti foi preso na Bolívia, em Santa Cruz de La Sierra, por volta das 17h de ontem (12).
“A respeito da prisão do Cesare Batistti temos a informar que, como as notícias dão conta de que ele não se encontra no Brasil, seus advogados brasileiros não possuem habilitação legal para atuar em outra jurisdição que não a brasileira. Esperamos que o caso tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente”, diz Tamasauskas.