DESATIVADO / Entrevistas / Política

"O PT está manchado pela corrupção", dispara Jutahy Magalhães

Confira entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia

Em entrevista exclusiva à Tribuna, o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (PSDB) falou sobre o atual momento político do país e disse que o Brasil não tem presidente, o que reflete no aumento de poder da Câmara Federal.

O deputado falou sobre as investigações da Operação Lava Jato e avaliou o mecanismo das delações premiadas. “Acho que é um instrumento válido e de consequências positivas, se feita dentro de todos os parâmetros legais”, disse. Jutahy Junior enfatizou ainda que o PT está atolado no petrolão e condenado pelo mensalão. “Quando se achou que o mensalão era o maior esquema de corrupção da história do Brasil, o petrolão mostrou que se poderia, no caso dos governos do PT, roubar mil vezes mais. Então eles (Lula e Dilma) já estão atingidos no quesito credibilidade”.

O tucano aproveitou para destacar que o Partido dos Trabalhadores está em baixa e que não vai se recuperar. Para ele, outro fato que não pode ser descartado é que uma empresa como a Petrobras não poderia ser lesada em mais de R$ 6 bilhões e o seu presidente sequer não saber. “É impossível os presidentes não saberem. Eu não tenho dúvida nenhuma que a responsabilidade do que ocorreu na Petrobras está diretamente ligada às ações do governo Lula e do governo Dilma. Esses diretores estavam lá com a missão de roubar para manter um projeto de governo do PT, comprando apoios políticos de partidos e da mesma forma que se fez no mensalão. A diferença é que os valores agora são bem maiores”. 

Confira a entrevista completa:

Tribuna da Bahia – Como o senhor está vendo o atual momento político do país?
Jutahy Júnior –
Estamos vivendo uma situação muito grave. O presidencialismo exige uma presença constante em todas as ações da figura do chefe do Executivo, mas hoje nós temos uma presidente, a Dilma, que é totalmente irrelevante. Qualquer assunto do Brasil, seja na área política ou econômica, o último lugar que o interlocutor vai procurar é o gabinete da presidente da República, porque sabe que lá não se resolve nada. Isso é uma coisa muito grave porque gera uma insegurança para o país como um todo. Presidencialismo sem presidente é algo que o Brasil nunca viu. Isso cria um ambiente de tensão e consequências graves para a economia, emprego, desenvolvimento e saída da crise. Temos um mandato que está começando.

Tribuna – A presidente Dilma está enfrentando uma crise política, uma crise energética, hídrica e uma crise de confiança com a população. Ela vai conseguir sair disso?
Jutahy –
O mais grave de tudo isso é a falta de credibilidade. Hoje as entrevistas da presidente Dilma são uma mistura de patético e hilário. As pessoas não prestam mais atenção no que ela faz. Se você for tratar de economia, é com o ministro Levy, política com Michel Temer; assuntos legislativos o governo não tem ação em nenhuma das questões, e isso gera consequências gravíssimas. Quando não tem com quem tratar os investimentos de longo prazo na energia, hídrico, petróleo e gás, param. Você tem uma situação, hoje, que a Petrobras está envolvida em uma crise de confiança pelo megar-rombo do petrolão, da má gestão e atraso ideológico do governo. Como sair disso sem ação da presidente da República? Agora imaginar que o Brasil vai ficar três anos e sete meses esperando terminar o mandato da presidente Dilma é complicado. O Brasil não vai esperar esse tempo para tirar uma inoperante do governo.

Tribuna – Como o senhor está vendo as investigações da Lava Jato?
Jutahy –
O desvio de corrupção da Petrobras é uma ação sistêmica do governo do PT. O Pedro Barusco foi um simples gerente que devolveu mais de R$ 100 milhões de dólares na delação premiada. Essas pessoas não chegaram na Petrobras e resolveram roubar. Elas foram indicadas para roubar e tiveram o apoio do governo para roubar. Porque se imaginar que esses desvios já comprovados foram feitos com uma decisão pessoal desses diretores é impossível. Era necessária uma participação do esquema político, que o governo estivesse presente. Tanto o petrolão como o mensalão foram ações do governo Lula e Dilma. 

Tribuna – Como o senhor está vendo as delações premiadas feitas até agora?
Jutahy –
Acho que é um instrumento válido e de consequências positivas, se feita dentro de todos os parâmetros legais. As delações são um instrumento para juntar provas e facilitar a condenação dos culpados.

Tribuna – É possível uma empresa como a Petrobras ser lesada em mais de R$ 6 bilhões e o seu presidente não saber? As investigações atingirão o ex-presidente Lula?
Jutahy –
Impossível os presidentes não saberem. Eu não tenho dúvida nenhuma que a responsabilidade do que ocorreu na Petrobras está diretamente ligada às ações do governo Lula e do governo Dilma. Esses diretores estavam lá com a missão de roubar para manter um projeto de governo do PT, comprando apoios políticos de partidos e da mesma forma que se fez no mensalão. A diferença é os valores agora são bem maiores. Quando se achou que o mensalão era o maior esquema de corrupção da história do Brasil, o petrolão mostrou que se poderia, no caso dos governos do PT, roubar mil vezes mais. Então eles (Lula e Dilma) já estão atingidos no quesito credibilidade. Impossível, depois do mensalão e petrolão, continuar com a história de que não sabia de nada. O Delúbio, que foi preso, era uma pessoa de extrema confiança do ex-presidente Lula.

Tribuna – O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, estaria sendo blindado como uma forma de proteger o ex-presidente Lula?
Jutahy –
Não tenho como avaliar porque o processo está em curso. Eu tenho absoluta convicção de que esse processo vai ter desdobramento e que todas as pessoas que praticaram crimes contra a empresa serão condenadas. Agora, mesmo que não tivesse o petrolão, a Petrobras estaria em crise pela má gestão e pelos erros cometidos em mudanças de legislação. Inclusive tenho um projeto de lei que pode ajudar muito a questão do petróleo e gás brasileiro. Hoje a Petrobras está sem capacidade de investimento no pré-sal e com isso não podemos ter novos poços descobertos produzindo no Brasil. Um dos absurdos que aconteceu foi obrigar a Petrobras a entrar com 30% de investimento mínimo e ela sendo operadora única. Como a Petrobras não tem hoje dinheiro para investir, não pode furar mais poços e isso é um prejuízo gigantesco para todas as empresas nacionais que precisam de clientes através desses produtos.

Tribuna – O que dizer dos defensores do pedido de impeachment da presidente Dilma. O senhor acha que é viável?
Jutahy -
 Agora a realidade é que não temos números na Câmara para aprovar o impeachment.

Tribuna – Qual o destino do PT, após tantos casos de corrupção mancharem sua história?
Jutahy –
O PT perdeu muito com todos esses episódios. O PT era um partido defensor da ética no Brasil e defensor das causas dos trabalhadores. Hoje o PT está manchado pela corrupção, dois tesoureiros e a antiga direção presa. Essa marca o PT perdeu de forma irreversível. Em relação à defesa dos trabalhadores, com aumento de juros, desemprego, diminuição da renda das famílias, mexendo na aposentadoria e pensionistas. O PT está em baixa e não vai se recuperar. 

Tribuna – Como o senhor vê críticas de ex-alidos do PT como o pedetista Carlos Lupi e a senadora Marta Suplicy?
Jutahy – O PT está numa situação que hoje estão em baixa. Agora esperar o processo político e eleitoral para comprovar isso. Em alguns estados do Brasil, eles estão sem condições de sair nas ruas. É uma situação grave o que o partido está passando. Primeiro porque não tem coragem de fazer uma autocrítica e reformular seus métodos. O PT começou a fazer a política do vale-tudo e o poder a qualquer preço. Com isso está agora atolado no petrolão e condenado pelo mensalão.

Tribuna – O governo federal está refém do PMDB?
Jutahy –
Nós temos uma presidente que não preside e isso fortalece o Legislativo. Ao fortalecer o Legislativo em excesso, estamos dando poder a quem não tem responsabilidade de executar. Quando se tem uma presidente fraca, como temos hoje, cria condições de aumentar as despesas sem nenhuma responsabilidade por quem paga as despesas. Temos hoje um desequilíbrio. O Executivo é insubstituível no presidencialismo. O Brasil está em um governo completamente pessimista em relação ao futuro. 

Tribuna – Estamos vendo uma colcha de retalhos sendo costurada no Congresso Nacional para impor uma mudança e uma reforma política no país. Qual o modelo que deve passar pela Câmara e pelo Senado?
Jutahy –
A única coisa relevante da reforma é acabar com a reeleição. Se eu tivesse força para implementar um modelo seria o modo distritão. A Bahia tem 39 deputados federais. Eu dividiria a Bahia em 10 distritos. Os quatro deputados mais votados em cada distrito federal seriam eleitos e os seis mais seria deputado estadual. Mas isso só vai acontecer no Brasil com um presidente que atua para encontrar melhorias.

Tribuna – A gente tem um fato inédito que é a prisão de empreiteiros e grandes empresários no país, que até então não tinha acontecido numa investigação de desvios e corrupção. O Senhor acredita que esses empreiteiros terão dificuldades de irrigar novos Caixas 2 na próxima eleição?
Jutahy –
O Caixa 2 é um crime. Quem aceitar o Caixa 2 vai correr riscos gigantescos. Eu sou a favor do financiamento privado porque apresenta transparência absoluta nessa contribuição financeira. O financiamento público faria um aumento gigantesco do Caixa 2. 

Tribuna – Como o senhor avalia o começo do governo Rui Costa?
Jutahy – Estamos numa situação muito grave na economia do estado. Eu uso muito as redes sociais e postei as seguintes perguntas: Cadê a ponte Salvador-Itaparica que ficaria pronta em 2013? Cadê a complementação do estaleiro da enseada do Paraguaçu? Existem promessas não cumpridas da duplicação da BR-101 sul, do trecho de Feira de Santana à divisa com Espírito Santo. A duplicação da Ilhéus – Itabuna, Ferrovia Oeste Leste, Porto Sul, Jac Motors.... tudo conversa fiada.

Tribuna – Qual o cenário que o senhor vislumbra para o estado, diante desse cenário de crise e da dependência do governo da Bahia dos cofres federais?
Jutahy –
Não estamos numa situação muito grave porque no Brasil 2/3 dos investimentos são por estado ou município. Os municípios estão praticamente quebrados e os estados sem capacidade de novos investimentos, além da crise econômica nacional. O mundo inteiro está crescendo e o Brasil vai ter uma queda no PIB de mais de 1%, o desemprego aumentando com grave situação na construção civil, as famílias consumindo menos, diminuição de vendas. Então vamos ter um período complicado que essa nova geração nunca viu nada igual. Vamos ter uma inflação alta com desemprego. Isso não acontecia no Brasil há pelo menos cinco anos. E a Bahia vai sofrer muito com isso, porque as obras estão paradas.

Tribuna – O senhor acredita que o PT vai ter dificuldade em 2016 com o processo eleitoral?
Jutahy –
Disso eu não tenho dúvida nenhuma. Acho que o PT vai sofrer um enfraquecimento brutal nas principais cidades do Brasil e vai ter um resultado muito justo de repúdio da população.

Tribuna – Diante do cenário de crise no país, o senhor acredita que parte da população que votou na presidente Dilma já está arrependida?
Jutahy –
As pesquisas mostram isso. Quem já sabia o que o Brasil estava passando optou no Aécio, contra a corrupção e desorganização da economia. A presidente Dilma ganhou a eleição por 3,5 milhões de votos na frente e hoje ela não teria nem metade dos votos que teve.

Tribuna – A reeleição do prefeito ACM Neto será tranquila ou a pulverização de candidatura da base da PT pode dificultar a reeleição para ele?
Jutahy –
Eu acho que o prefeito ACM Neto tem feito uma grande gestão em Salvador e vai ter o reconhecimento da população. Acredito que ele terá uma reeleição. Acho que ele é o candidato mais forte e favorito para ser reeleito.

Tribuna – Falando em favoritismo, o PSDB desponta com nome natural para indicar o vice do prefeito ACM Neto? Quem será esse nome?
Jutahy –
Já conversamos com o prefeito ACM Neto no sentido de que ele terá no PSDB a liberdade para escolher o que será mais conveniente para a sua vitória e para o futuro político da nossa coligação. Se dentro desse projeto de aliança ele achar mais conveniente um nome do PSDB, ele irá indicar, mas não exigiremos participação.

Tribuna – Com a mudança no comando, o senhor acredita que o PSDB pode viver um momento de mais força e pujança na Bahia?
Jutahy –
Vamos ter candidaturas fortes em grandes municípios da Bahia como Teixeira e Freitas, Itabuna, Vitória da Conquista. Vamos trabalhar sempre na linha de unidade. Lógico que têm candidaturas naturais que não são do nosso partido, como ACM Neto, que terá nosso apoio incondicional, como em Feira de Santana, que apoiaremos a reeleição de Zé Ronaldo?

Tribuna – Quais projetos têm colocado como prioridade na Câmara Federal?
Jutahy –
Aqui na Câmara estou me dedicando a dois projetos. A questão da mudança da lei do petróleo, que é importante tirar essa obrigação da Petrobras de ser operado única, o que inviabiliza a prospecção de petróleo no Brasil hoje. Sou da Comissão da discussão da maioridade penal, então estou apresentando um projeto que reduz a maioridade penal no artigo 5º da Constituição, no inciso 43, assim como a reincidência da prática de crimes, lesão corporal grave. Então mantém a maioridade penal com 18 anos, mas no caso desses crimes será com 16 anos. 

Colaboraram: Fernanda Chagas e Hieros Vasconcelos

Em entrevista exclusiva à Tribuna, o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior (PSDB) falou sobre o atual momento político do país e disse que o Brasil não tem presidente, o que reflete no aumento de poder da Câmara Federal.

O deputado falou sobre as investigações da Operação Lava Jato e avaliou o mecanismo das delações premiadas. “Acho que é um instrumento válido e de consequências positivas, se feita dentro de todos os parâmetros legais”, disse. Jutahy Junior enfatizou ainda que o PT está atolado no petrolão e condenado pelo mensalão. “Quando se achou que o mensalão era o maior esquema de corrupção da história do Brasil, o petrolão mostrou que se poderia, no caso dos governos do PT, roubar mil vezes mais. Então eles (Lula e Dilma) já estão atingidos no quesito credibilidade”.

O tucano aproveitou para destacar que o Partido dos Trabalhadores está em baixa e que não vai se recuperar. Para ele, outro fato que não pode ser descartado é que uma empresa como a Petrobras não poderia ser lesada em mais de R$ 6 bilhões e o seu presidente sequer não saber. “É impossível os presidentes não saberem. Eu não tenho dúvida nenhuma que a responsabilidade do que ocorreu na Petrobras está diretamente ligada às ações do governo Lula e do governo Dilma. Esses diretores estavam lá com a missão de roubar para manter um projeto de governo do PT, comprando apoios políticos de partidos e da mesma forma que se fez no mensalão. A diferença é que os valores agora são bem maiores”. 

Confira a entrevista completa: