Confiante na derrocada do PT frente ao candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, o deputado tucano Antônio Imbassahy, líder do partido na Câmara Federal, afirmou que as forças de oposição na Bahia se converteram em uma força que transpassa as formações partidárias.
Para o cacique do PSDB baiano, o senador mineiro dará uma atenção especial ao estado, numa eventual vitória, e será o “presidente do Nordeste brasileiro”.
Em entrevista exclusiva à Tribuna, Imbassahy diz que o novo governador Rui Costa (PT) terá uma atenção especial de Aécio, “principalmente para tocar obras que já foram anunciadas e não acontecem”, por ter “muita coisa parada na Bahia”.
Ele lembrou ainda do relacionamento político entre o então governador de Minas com o prefeito à época de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), que não atrapalhou o desenvolvimento da capital mineira.
Questionado sobre o estabelecimento de metas para o segundo turno, se conseguirão aumentar a votação do presidenciável do PSDB para 40% do eleitorado baiano, Imbassahy desconversou e citou a redefinição das estratégias de campanha, com a reorganização dos 32 polos regionais do estado.
O tucano minimizou também a informação de que teria havido pouca mobilização dos aliados na primeira fase do pleito. Para ele, o que houve foi “um ou outro candidato a deputado que pode ter tido pressão de lideranças do interior, no sentido de não fazer a campanha" do tucano. Para ele, o Bolsa Família tem mais peso no Nordeste que em outras regiões do país, mas que “a proposta não é acabá-lo, mas mantê-lo e aprimorá-lo”.
Reeleito no último dia 5, Imbassahy será um dos principais interlocutores de um possível governo do PSDB. Para ele, o objetivo será ajudar o estado e os baianos.
Tribuna - A campanha está atípica. Qual a avaliação que o senhor faz do cenário atual?
Antonio Imbassahy - Uma avaliação muito positiva, principalmente numa perspectiva de vitória do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB). Sem dúvida, será a vitória da mudança, a retirada de um governo que fracassou, como na economia permitindo a volta da inflação e do não crescimento da nossa nação. A nossa expectativa, sem sombra de dúvidas, é a de vitória.
Tribuna - Qual a avaliação que o senhor faz da passagem de Aécio por Salvador, na última sexta?
Imbassahy - Em toda minha vida pública, eu, jamais, tinha assistido a uma demonstração de tanta vibração com a festa democrática, no mais amplo sentido, entusiasmo da população de Salvador e de muita gente que veio do interior. Não se trata de uma campanha partidária do PSDB ou de partidos da aliança, mas sim uma campanha da sociedade brasileira por mudança. A manifestação de Salvador foi muito boa.
Tribuna - Qual a meta para o segundo turno? Conseguem 40% do eleitorado?
Imbassahy - Nós estamos trabalhando ativamente. Na Bahia, nós tivemos uma reorganização em 32 polos regionais, definindo responsáveis por cada um deles, e estamos na maior atividade política no sentido de colocar, de uma maneira mais clara, o Aécio Neves como uma pessoa bastante conhecida. Ele ainda não é conhecido como deveria ser na Bahia.
Tribuna - Como viu a votação de Aécio no Nordeste, onde Dilma saiu vitoriosa? O que fazer para virar o jogo?
Imbassahy - O Nordeste do Brasil é uma região em que o PT tem conseguido resultados eleitorais mais favoráveis, mas existe uma tendência forte do candidato Aécio, principalmente por conta da exaustão do governo do PT.
Tribuna - E o Bolsa Família? Realmente o programa social tem mais peso aqui no Nordeste, na Bahia?
Imbassahy - O Bolsa Família tem mais peso no Nordeste, evidente. Mas sempre é bom lembrar que o programa existe desde o governo Fernando Henrique Cardoso, criado da unificação dos programas de promoção de FHC, como o Bolsa Escola e Vale Gás, por exemplo. O Lula juntou todos esses programas nossos e pegou o nosso cadastro inicial. A nossa proposta não é acabá-lo, mas mate-lo e aprimorá-lo.
Tribuna - Como Aécio viu a informação de que teria havido pouca mobilização dos seus aliados no primeiro turno? Dá para diminuir a diferença agora pra Dilma?
Imbassahy - Eu até contesto essa informação de que não teria tido essa mobilização. Ao contrário. Eu acompanhei toda movimentação da chapa majoritária, liderada pelo ex-governador Paulo Souto (DEM) e o então candidato ao Senado Geddel Vieira Lima (PMDB), e todos estavam e estão empenhados na vitória de Aécio. Você pode encontrar um ou outro candidato a deputado que pode ter tido pressão de lideranças de cidades do interior, no sentido de não fazer uma campanha do Aécio. Isso, porém, não aconteceu na chapa majoritária. Houve um participação forte do prefeito ACM Neto (DEM).
Tribuna - Se eleito, o que o povo da Bahia pode esperar do governo Aécio com um governador de oposição? O que Rui pode esperar?
Imbassahy - Eu lembro da relação que Aécio, ainda governador de Minas Gerais, teve com o então prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que era do PT. Tiveram uma parceria notável. E BH avançou como nunca. Aécio é uma pessoa que respeita a democracia, pois é uma tradição de família, e a Bahia, posso assegurar, será muito bem tratada. Será mais bem tratada do que se possa imaginar.
Tribuna - Os debates mostram um clima de acirramento e poucas propostas. Para o Nordeste, o que o senhor pode destacar?
Imbassahy - Eu lamento, pois a campanha da candidata do PT tem pautado a sua propaganda muito na base das inverdades e na agressividade. Um sinal muito claro de uma campanha que marcha para derrota e de desespero dela, o que prejudica o desenvolvimento das propostas por todos. Pois Aécio tem que gastar seu tempo também para se defender.
Tribuna - Foi lançado um projeto, em Salvador, para desenvolvimento do Nordeste. Qual avaliação o senhor faz e o que isso pode contribuir com a população de modo geral?
Imbassahy - Isso significa mais que um compromisso, mas um desejo político do Aécio de resolver as desigualdades sociais que existem das regiões brasileiras. Não há dúvida de que Aécio será um presidente do Nordeste brasileiro. Eu estou ao lado dele desde o início da sua possibilidade de se transformar candidato a presidente da República e vejo em conversas de gabinete a sua vontade de ser presidente desta região. O governador eleito da Bahia, Rui Costa (PT), terá em Aécio uma atenção especial, principalmente para tocar obras que já foram anunciadas e não acontecem. Tem muita coisa parada na Bahia.
Tribuna - Como viu a derrota de Paulo Souto? O que aconteceu?
Imbassahy - Surpreendente, pois sem dúvida nenhuma o governador Paulo Souto (DEM) foi um grande candidato, um homem honrado, digno, de experiência de administração todas exitosas, um grande governador da Bahia e certamente teria condições de tocar um novo projeto para o nosso estado. Mas assim não quiseram os baianos. Resta a todos nós respeitar uma decisão legítima e democrática que aconteceu e fazer uma torcida para que o atual governo possa também fazer uma grande administração como faria Paulo Souto caso fosse eleito.
Tribuna - A que o senhor atribui essa virada do PT? Erro de estratégia do DEM?
Imbassahy - É difícil você fazer uma avaliação com tão pouco tempo com o fato acontecido. Mas o que parece ter acontecido foi o efeito dos programas ligados a áreas sociais, como o Bolsa Família, em que a população sofreu muitas ameaças por parte do PT de que esses programas seriam interrompidos. Uma prática repetida do PT, não só na Bahia, mas no Brasil, mas esse feito está diminuindo, e percebemos isso no pleito deste ano.
Tribuna - Como o senhor vê o resultado das urnas para o Senado?
Imbassahy - Evidente que a situação de Paulo Souto está relacionada com a de Geddel (PMDB). Ele foi um grande candidato, demonstrou muita vitalidade durante a campanha, tem uma história exitosa, de trabalho em favor da Bahia, jovem e ainda, certamente, vai continuar prestando serviços ao nosso estado e ao Brasil. Acho que o esforço e o desprendimento com que Geddel se comportou neste período merecem reconhecimento de todos nós que fazemos parte de uma aliança de oposições aqui na Bahia.
Tribuna - O senhor deverá ser um dos principais interlocutores de um eventual governo Aécio. O que a Bahia pode esperar de Imbassahy e do PSDB?
Imbassahy - Não existe necessidade de interlocutores. Todos nós somos colaboradores, amigos e queremos o bem da Bahia e do Brasil. Me coloco em meio a tantos companheiros que estão se dedicando de maneira muito forte para a vitória de Aécio. Então estaremos ao lado do Aécio, eleito presidente, se essa for a vontade majoritária do povo brasileiro e ajudar a Bahia. Vamos tirar o estado desta situação de criminalidade alta e serviços de saúde desfavoráveis e que a gente possa retomar o crescimento com obras estruturantes.
Tribuna - A capacidade de investimentos da prefeitura será limitada no próximo ano, caso não tenha o suporte do governo federal, já que este ano não teve. Acredita que o prefeito ACM Neto conseguirá dar uma votação expressiva a Aécio Neves?
Imbassahy - O prefeito ACM Neto conseguiu superar a principal adversidade que ele tinha no início da sua administração. Ele já visa longe uma administração reconhecida por toda população brasileira, até porque Salvador é uma cidade que é observada por todo país. Eu acho que ele tem mostrado capacidade administrativa e também muita competência política para superar obstáculos. Qualquer que seja a decisão, eu acho que Salvador vai continuar sendo bem administrada e avançando cada vez mais. A expectativa da vitória do Aécio cria um ambiente mais favorável ainda para que Salvador e a Bahia possam avançar.
Tribuna - Como o senhor viu a declaração do governador eleito Rui Costa de que se Aécio ganhar o estado vai ser retaliado?
Imbassahy - Uma declaração reprovável. O governador eleito não pode ameaçar a população. Esse tipo de ameaça não deu certo em Salvador, houve a eleição da ACM Neto e vimos a transformação de nossa cidade, e os baianos vão resistir a esse tipo de terrorismo eleitoral e vão dar um grande resultado a Aécio Neves em nosso estado.
Tribuna - O senhor atua como líder do PSDB na Câmara Federal. Qual sua expectativa sobre esse novo período?
Imbassahy - Aproveito para agradecer a votação que recebi em toda Bahia e em especial em Salvador. Posso afirmar que vou honrar cada voto que recebi, da mesma maneira que fiz neste mandato de deputado federal. O futuro é quem vai definir condições para sabermos exatamente como organizaremos um novo trabalho no Congresso. Temos que aguardar a eleição presidencial e a eleição do Aécio, pois significará uma garantia de realização da reforma política já no primeiro ano do seu governo, como também a reforma tributária que vai avançar bastante.
Colaboraram: Fernanda Chagas e Victor Pinto