Eleito em abril, o novo presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços, e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio), o empresário Carlos de Souza Andrade, tomará posse oficialmente hoje, 16, em solenidade especial no espaço Unique Eventos, na Av. Tancredo Neves, a partir das 20h, junto com toda equipe de vices-presidentes, secretários, tesoureiros, diretores e membros do conselho fiscal, além de delegados representantes da Confederação Nacional de Comércio.
Data simbólica também para todos os profissionais brasileiros da área, quando se celebra o Dia do Comerciante. Natural de Amargosa, Andrade trilhou toda sua trajetória empresarial no comércio farmacêutico baiano, tendo fundado a antiga rede Estrela Gaudino, as farmácias de manipulação A Fórmula – que atualmente tem unidades em toda a região Norte e Nordeste do país, em sistema de franquias.
O farmacêutico também foi pioneiro nas questões associativistas desse setor, tendo sido o fundador e primeiro presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado da Bahia.
Aos 65 anos, Carlos Andrade chega à presidência da Fecomércio, após dois anos como vice-presidente da entidade. O amargosense conversou com a Tribuna sobre os novos planos e desafios para os próximos quatro anos de sua gestão, além de avaliar o setor terciário da economia baiana.
Tribuna da Bahia – Como o senhor encara esta nova fase de vida a frente da Fecomércio?
Carlos de Souza Andrade – Com a alegria, entusiasmo e vontade de quem quer continuar um bom trabalho. Eu participei da equipe de Carlos Amaral [o antigo presidente, que antecedeu Andrade], nós fizemos um planejamento estratégico e do qual eu participei durante dois anos, montamos uma equipe, e é essa mesma equipe que está assumindo a diretoria agora. A partir desse momento colocaremos em prática esse planejamento. O objetivo maior é a interiorização, através de nossos dois braços sociais o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Com o Senac nós temos a educação e formação profissional do comerciário, e pelo Sesc, nós temos a parte da cultura, o esporte e o lazer. Vamos expandir o Sesc para o interior, focando nas cidades de Alagoinhas, Jacobina, Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Feira de Santana. Já numa segunda etapa, pensamos em Irecê e Ilhéus.
TB – Existem novos desafios para a atual gestão? Quais são eles?
CSA – Desafios sempre existem, mas vamos tentar superá-los. Os obstáculos maiores são os obstáculos burocráticos. Nós entendemos que a burocracia é necessária. Somos auditados pela Advocacia Geral da União, pelo Tribunal de Contas da União, pela Controladoria Geral, e essa burocracia nos atravanca um pouco. Mas temos certeza que, através da equipe que montamos, podemos contornar os desafios e realizar as obras do planejamento.
TB – A interiorização foi uma das principais pautas de sua campanha. Como os comerciários se beneficiarão dessa iniciativa?
CSA – Nós pensamos no comerciário e também na família, levando o aprendizado do Senac e o lazer cultural do Sesc. É importante frisar que os benefícios não virão apenas para os comerciários, mas para toda a sociedade, através dos serviços oferecidos. Com essa interiorização, queremos também agregar novos sindicatos. Atualmente a Fecomércio baiana possui 29 entidades sindicais associadas. Por meio do Sesc e do Senac, queremos nos aproximar de novas entidades e chegar aos 40 associados. Além disso, queremos criar uma estrutura para fortalecer esses sindicatos, principalmente em nível de gestão das entidades. Por meio das novas unidades do Sesc, também queremos promover uma olimpíada esportiva com os associados, que teriam etapa inicial nos municípios, e a etapa final aqui na capital. Também temos como meta, prestigiar os empresários que forem destaque em suas respectivas regiões, e ampliar a premiação tradicional da Fecomércio, que é o Comerciante do Ano, homenageando outros segmentos do comércio, abarcando todo o estado.
TB – O senhor também pretende fazer uma reforma no Estatuto do Comerciário. O que justifica essa medida?
CSA – Nós estamos fazendo uma modernização do Estatuto, e o principal objetivo é limitar o tempo da presidência em apenas uma reeleição. Entendemos que uma reeleição oxigena o sistema. Queremos evitar o acomodamento dos futuros líderes, e que o dirigente entre numa zona de conforto que não é saudável. Na hora que convocamos novos colegas, podemos oxigenar o sistema, e mudar da forma que for necessário.
TB – Como o senhor avalia o setor terciário na Bahia atualmente?
CSA – Eu acho que o setor terciário baiano é muito pouco prestigiado. O governo assiste a indústria e agricultura com muito recurso, enquanto que o pequeno e médio comércio são muito pouco assistidos. O pequeno e médio empresário agrega muito mais empregos. Na indústria são usados milhões e milhões, para dar 50 empregos, enquanto que o pequeno comércio, com muito menos, se emprega uma família.
TB – Levando-se em conta o fim da Copa do Mundo, da qual Salvador foi sede, e do fato de que o turismo é um dos setores trabalhados pela Fecomércio, como o senhor avalia o desenvolvimento dessa área atualmente no estado?
CSA – O turismo no Bahia, assim como em todo o Brasil, é muito pouco privilegiado. Não existe um foco dos governos estaduais e do federal nessa área. A Copa foi exemplo disso. Poderia ter sido um sucesso se o investimento turístico encontrasse espaço maior em todo o dinheiro gasto nos estádios e nas grandes estruturas.
TB – Chegando agora na presidência, o senhor acredita que sua trajetória profissional atingiu o ápice, já que representa neste momento uma grande federação que serve aos interesses dos outros comerciários baianos?
CSA – Olha, preciso confessar: eu nunca paro de caminhar. Essa é a minha filosofia. Acredito tanto que uso um período do escritor Eduardo Galeano para definir meu percurso. “A utopia está lá no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe jamais o alcançarei. Para que serve a utopia? Que sirva para isso: para que eu não deixe de caminhar”.