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Ator de "Porta dos Fundos" fala das conquistas do canal na internet

Rafael Infante está em cartaz no Rio com a peça "Rain Man" e anuncia casamento para outubro

Foto: Ricardo Ramos/iG
Humor na web e drama no palco: Rafael Infante comemora sucesso e anuncia casamento

Em menos de um ano, Rafael Infante viu a vida virar de cabeça para baixo. Seu trabalho se tornou reconhecido, os convites para ações publicitárias despencam aos montes no colo, sua conta bancária engordou e ele pode, finalmente, pedir a mão da sua mulher em casamento e programar a subida ao altar em 20 de outubro. Como isso tudo foi possível? Talento e "Porta dos Fundos".

O ator contratado do grupo que estourou na internet com um humor, acima de tudo, livre, colocou a vida em ordem financeiramente e hoje colhe os frutos que começaram após a exposição na web. "Rain Man" é um deles. A produção da peça, uma adaptação do filme de Barry Morrow, ganhador de quatro Oscar em 1989, chegou até o nome de Rafael por causa do "Porta". E o carioca de 27 anos, sempre tão expansivo e com a gargalhada forte, mingua de gratidão ao falar do orgulho de estar na montagem.

“Estar nessa peça hoje foi ótimo para me apresentar como ator mesmo, diz Rafael nos bastidores do espetáculo, no Rio. Enquanto conta sobre a vida, ele monta Charlie, seu personagem, sem pressa. Um pouco de base para esconder as espinhas, cabelinho repartido de lado com gel, relógio no pulso e a aliança salta do anelar para o dedo indicador. Ele é um vendedor de carros ambicioso e falido que se aproxima do irmão autista Raymond após ele herdar toda a herança do pai.

Rafael tem raciocínio rápido. Emenda um assunto no outro e fala com empolgação, por exemplo, do assédio que hoje tem tanto com o público feminino quanto com o masculino. “Ih, eu recebo muita coisa. ‘Tenho tesão no seu vídeo do ‘rola’, fala ‘rola’ para mim’... Tem de tudo [risos]. Mas as mulheres são mais fofas e sutis na abordagem”, conta.

Filho de pai psicólogo e mãe psiquiatra (“hoje eu não faço terapia, mas já fiz muita”), Rafael também é romântico e garante que está ajudando nos preparativos do casamento com Tatiana Novais. Ele participa das reuniões com a cerimonialista e planeja cantar uma música que fez para a futura mulher no início da cerimônia ecumênica. No altar, Marcelo Serrado e sua mulher, Roberta Fernandes, sacramentarão a união como padrinhos. E o “sim” terá até registro em TV: o programa “Chuva de Arroz”, do canal pago GNT, deve acompanhar os passos dos noivos. Veja o bate-papo:

iG: Você está em destaque na web como revelação do humor e, ao mesmo tempo, explora o lado dramático com “Rain Man”.
Rafael Infante:
Estar nessa peça hoje foi ótimo para me apresentar como ator mesmo. Eles me chamaram para uma leitura com o José Wilker, nosso diretor, eu conversei muito com o Marcelo (Serrado), porque esse contato tinha de ser afinado, e tudo se encaixou. Eu não conhecia o Marcelo, mas parece que a gente já se conhece há anos. Uma curiosidade legal é que eu acho ele muito parecido com meu pai, que faleceu há seis anos, e na peça ele faz o meu irmão mais velho. Isso foi muito doido.

iG: Você imaginou que o “Porta dos Fundos” faria teu nome ficar conhecido desta forma?
Rafael Infante:
Não, nunca. Ninguém ali, na verdade, tinha noção que o reconhecimento seria tão rápido. Imagina, completou agora um ano. Eu fazia vídeos com o Ian, diretor do “Porta”, para um site de comédia chamado Anões em Chamas e todo mundo já era meio que amigo em comum. Daí a gente se reuniu para tocar a ideia do projeto, mas ninguém tinha a mínima noção do que iria acontecer. Óbvio que a gente queria uma coisa bem legal, mas até hoje nos surpreendemos.

iG: Você identifica fãs do “Porta” na plateia de “Rain Man”?
Rafael Infante:
Sim. Eu acho engraçado que muitas pessoas me perguntam como eu faço drama. Eu sou ator, né? Mas eu entendo que essa pergunta surgiu muito pela projeção do “Porta”. Muita gente vem ao teatro por causa do grupo e chega para mim falando “caraca, eu imaginava que você iria mandar super mal”. Eu sinto um pouco que o público está me testando, saca? Claro que no processo eu não fiquei preocupado com isso, mas foi algo que surgiu depois. Tem uns que falam na cara que só vieram para rir ou para dar uma contestada. Depois eles mandam depoimentos no Facebook do tipo “olha, eu queria dizer que fui assistir à peça, eu tive preconceito, mas saí surpreso”. [risos] É muito doido isso.

iG: Você pode dizer que sua vida mudou completamente com o “Porta”?
Rafael Infante:
Total, e ainda mais por ser uma coisa que nasceu na internet. O “Porta” não tem idade nem classe, sexo, nada. É uma coisa muito positiva e também foi surpreendente, porque a gente pensou, inicialmente, que iria falar com um nicho dos 16 a 20 e poucos anos. Outro dia a genial Susana Vieira veio assistir à peça e pediu para tirar foto comigo depois, disse que era minha maior fã. Quando que eu iria imaginar que, por causa de um trabalho da internet, a Susana Vieira seria minha fã?

iG: E quantas propostas o “Porta” já recebeu para migrar para a TV?
Rafael Infante:
Acho que uma 187 mil [risos]. Eu não sou um dos sócios, sou um dos atores do grupo, então não participo muito dessas reuniões, mas sei que quase toda semana tem. De A a Z, de TV aberta, TV fechada…Eu acho que tem que continuar na internet, pelo menos nesse formato de esquetes. A não ser que a galera crie uma outra coisa, outra linguagem. Mas o projeto nos abriu outros caminhos. Vários estão trabalhando em paralelo na TV, nós lançamos o livro agora e vamos rodar o filme esse ano. Estamos em processo de finalização de roteiro.

iG: Qual vídeo você mais curtiu fazer?
Rafael Infante:
O “Deus” eu gostei muito, porque mudou minha vida [risos]. Mudou com relação ao público, aos convites para trabalhos fora, e foi o meu vídeo que teve mais sucesso popular. Eu ainda coloquei lá o bordão “errou feio, errou rude”, que virou moda na internet um tempo depois.

iG: E rola assédio feminino e masculino?
Rafael Infante:
Ah, rola. Feminino e masculino. Às vezes tem algumas coisas no Twitter do tipo “vamos combinar de dar beijinho não sei aonde”... “Tenho tesão no seu vídeo do ‘rola’, fala ‘rola’ para mim”... Tem de tudo [risos]. Mas as mulheres são mais fofas e sutis.

iG: O que o “Porta” mudou na sua vida financeiramente?
Rafael Infante:
Me rendeu a possibilidade de escolher trabalhos. Antes, eu não podia fazer isso, eu estava sempre correndo atrás de alguma coisa ou tentando ser visto por alguém. Agora a coisa se reconfigura. E eu acho legal, porque não é algo cavado ou forçado, é realmente fruto de um trabalho legal, sabe? Não foi um lance de “quem indicou”, sei lá…

iG: Mas você já está rico?
Rafael Infante:
[Risos] Não, não estou rico nada. Claro que consegui organizar mais a minha vida. Eu comprei meu carro, comprei um terreno com a minha mulher em Ilha de Guaratiba (RJ) e, se Deus quiser, vou construir minha casa. Tudo pé no chão. Ah, eu vou casar dia 20 de outubro. Sou “juntado” há um ano e meio. A gente sempre achava meio cafona essa coisa de casamento, mas vai rolar. Acho importante sacramentar isso para Deus e para meus amigos.

iG: Você tem projetos para a TV aberta?
Rafael Infante:
Estou em conversa para fazer um programa de humor, mas não existe absolutamente nada fechado. Eu fiz também “Muita Calma Nessa Hora 2”, do Bruno Mazzeo, e estou escrevendo junto com o Marcelo Serrado e minha mulher o meu espetáculo de stand-up, que era uma coisa que nunca achei que fosse fazer. Deve estrear no ano que vem.

Serviço: "Rain Man"
Teatro dos Quatro - Shopping da Gávea
Rua Marquês de São Vicente, 52 - Gávea - Rio de Janeiro
Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h