São João 2013

Conheça as danças do São João

Foto: SXC/Creative Commons

Forró
O forró, além de gênero musical e denominação genérica para a festa nordestina movida à música, é também uma dança. 

Trata-se de uma dança de contato corporal. Os braços arqueados definem a distância entre os corpos, que pode ser maior ou menor, a depender da intimidade entre o par. 

Apesar das variações ― dos rodopios do chamado forró universitário aos passos repetitivos com os pés arrastando no chão do forró tradicional ― , segundo Gilberto Gil, no texto “O forró”, do seguinte elemento nunca se abriu mão: 

“o agarradinho, o bate-coxa, o mela-cueca, o esquenta-mulé que a estabelece como dança de contato sexual, de socialização sensualizada, contra-pontuada pelos meneios rodopiantes dos pares soltos pelos salões; um jogo de prende-desprende de alta tensão erótica entre o dançar colado e o plácido deslizar dos corpos soltos”.

A música “Folia Brasileira”, composta por Nando Cordel e interpretada por Elba Ramalho, estabelece as condições para se dançar o forró:

Tem que ter molejo, meu bem/ Tem que ter tempero, meu bem/ Se agarrar com jeito/ Se esfregar direito/ Nesse vai e vem [...] Tem que ter/ Perna batendo com perna/ Coxa roçando com coxa/ No umbigo e no pescoço/ Tem que ter/ Um roça roça toda hora/ Um pra dentro/ Outro pra fora/ Pra gente sentir o gosto”.  

Folia Brasileira by Elba Ramalho on Grooveshark

Em música, Gilberto Gil já disse que o baião, o xote e o xaxado vêm debaixo do barro do chão. E, no já citado texto, ele explica, de uma maneira lírico-analítica, de onde vem a inspiração para as coreografias de forró

“A dança do forró tem basicamente elaborado sua coreografia inspirada, seja nas melodias mornas das toadas românticas, seja no resfolego soluçante dos xaxados de letras provocantes. Tem sido, das danças brasileiras, a que mais faz dialogar, pelos pares em movimento, os sonhos de aconchego e gozo e os suspiros de carne em êxtase e de espírito em repouso: a danca do forró, em que a mão alcança a cintura de pilão da cabocla mais próxima e o pensamento voa até a cabocla tão distante “esperando na janela”, criando assim um pathos de sensualidade e lirismo que se espalha, como brasa de fogueira, pelo salão afora”.

Cabrueira
A Cabrueira mais do que um novo jeito de dançar forró é praticamente um novo estilo de dança, bem contemporâneo e bastante diferente.

No salão, se ouve Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês, entre outros grandes nomes do forró. No entanto, também é possível identificar passos de samba, de gafieira, salsa, tango, bolero e chá-chá-chá.

"Sempre gostei de dançar tudo. Como sou louco por forró, e era complicado aprender todos os ritmos, resolvi misturar. Durante muito tempo, realizei uma pesquisa e cheguei a fazer algumas aulas de samba e salsa, e até viajei para Argentina, para aprender a dançar tango. De cada ritmo, consegui tirar um passo", disse Edj Braga, que é professor de forró há 12 anos e, em abril de 2005, fundou o grupo Cabrueira.

Segundo Edj, além de outros ritmos de dança de salão, o gingado da capoeira também é muito presente no estilo de forró criado por ele, uma vez que este se caracteriza pelas jogadas de perna, batizadas pelos alunos de "pedaladas".

Para dançar Cabrueira, é preciso passar por alguns níveis. "Primeiro, o aluno tem que entender o que é o forró. Depois, ele passa para o forró universitário, e só quando dominar bem esse estilo, eu começo a ensinar Cabrueira", explica o professor.

Veja uma aula: 

Quadrilha 
A quadrilha junina tem como origem uma dança de salão francesa para quatro pares, chamada de “quadrille". Ela chegou ao Brasil junto com a corte portuguesa, que trouxe para o país os modismos da vida europeia, e acabou sendo incorporada às tradições populares.

O professor Roberto Benjamin, da Universidade Federal de Pernambuco, no documentário “Viva São João”, afirma que a quadrilha é um exemplo de como funciona a dinâmica da cultura popular. 

“[as quadrilhas] Foram danças camponesas na Europa, depois foram incorporadas às cortes, especialmente, à corte francesa. Com a vinda da princesa Leopoldina para o Brasil, a primeira imperatriz, esposa de Dom Pedro I, ela trouxe um grupo de cortesãos de Viena, com oficiais, soldados e damas da corte, e esse pessoal introduziu nos palácios do Rio de Janeiro essa dança. Mas a rapaziada também a introduziu nos cabarés e nas tavernas. E então a quadrilha acabou caindo no gosto popular e se incorporou às tradições brasileiras”.

Embora tenha sido adotada inicialmente pela elite urbana brasileira, foi no meio rural que a quadrilha teve maior disseminação, sendo hoje uma dança característica dos festejos juninos.

Na dança, a evolução dos pares, cujo número é variável, é guiada pelos comandos ― muitos deles ainda são termos de origem francesa ― de um mestre “marcador”. 

Os participantes vestem roupas de matuto ou caipira, e, geralmente, o par que abre a quadrilha representa as figuras do noivo e da noiva, uma vez que a encenação de um casamento fictício é também um elemento que costuma fazer parte da tradição junina.

Saiba mais:
Neste vídeo, Targino Gondim explica as diferenças entre o xote, o forró, o baião e o arrasta-pé. Aprenda a dançar cada ritmo.