Alberto Oliveira

A Bíblia que pode matar

Alberto Oliveira

Como se espera que seja tratado um monumento em forma de bíblia, em uma cidade cujo prefeito é evangélico? Na pior das hipóteses, que seja bem cuidado.

Não, se a cidade é Salvador.

No dia 25 de setembro, mostramos o abandono em que se encontra o monumento em forma de Bíblia, na Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba.

Na placa que o identifica, via-se uma pixação, em inglês ("Deus odeia o que é feio").

E concordamos que o monumento está realmente feio. Muito feio.

No mesmo dia, a Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop) distribuiu nota garantindo que a vistoria do monumento seria feita logo no dia seguinte (26/9).

Após a vistoria, de acordo com a Sucop, seriam "iniciados os reparos necessários para garantir o bem estar da população que frequenta essa área de lazer da cidade".

Deixamos passar 15 dias e voltamos à praça.

E o que fez a Sucop (ou alguém compadecido)? Cobriu a frase, com tinta branca.

As fotos foram tiradas na manhã desta terça-feira (9/10), portanto, 15 dias depois que a Sucop distribuiu nota à Imprensa garantindo que iria tomar providências.

A primeira imagem que se vê é um monte de lixo, no caminho que leva ao monumento.

E lá, um risco que não existia há duas semanas: uma poça de água. Parada. Estagnada. Habitat perfeito para o mosquito da dengue.

A morte, portanto, encontrou um bom lugar para se reproduzir. Sob a bíblia da praça Ana Lúcia Magalhães.

Agora virou um caso para a Secretaria de Saúde.