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Grande Hotel de Itaparica de volta aos tempos áureos

Após um longo período de total abandono e indefinições, o Grande Hotel de Itaparica - que serviu até de esconderijo para criminosos durante os 15 anos que ficou desativado – finalmente voltará a ser um centro de lazer e repouso da sociedade na Bahia e, claro, receberá também milhares de turistas, a partir do próximo mês de outubro. O empreendimento, construído em 1950 com o sinônimo de glamour e luxo, está sendo totalmente reformado pelo Sesc (Serviço Social do Comércio), desde o início deste mês, com recursos próprios na ordem de R$ 15 milhões. 

O Grande Hotel de Itaparica tem como limite frontal as margens da Baía de Todos os Santos e é tido como primeiro hotel cassino da Bahia. Acolheu nas décadas de 60, 70 e 80 importantes personalidades do cenário regional, nacional e até internacional. Agora, com as obras de reforma a pleno vapor, sob responsabilidade da CSG Engenharia Ltda – que venceu certame -, tem a missão de voltar a atuar como polo hoteleiro e reacender o turismo em Itaparica, importante localidade da Baía de Todos os Santos, carente de hotéis e pousadas.

Entre 20 e 27 de março próximo, por exemplo, haverá uma competição náutica – regata – em Itaparica e, de acordo com informações da presidente do Sindicato de Hotéis e Turismo da Ilha, Antomara Lima, velejadores e respectivas famílias estão tendo dificuldades para hospedagem, pois o único hotel existente em Itaparica, o Icaraí, está com reservas lotadas. “O Grande Hotel vai fortalecer toda a região, inclusive o comércio e a questão de emprego e renda na localidade. Fico feliz que o trade se fortaleça, mas é preciso que o governo do Estado invista na questão da acessibilidade”, pontuou.

De acordo com a diretora regional do Sesc, Célia Batista, o hotel manterá o mesmo padrão, de alto luxo. “Vamos considerar a implantação de um projeto de arquitetura de interiores adequado à qualidade da obra, do hotel. O comerciário terá prioridade na hospedagem, no entanto, o hotel estará aberto para a atividade turística em todos os segmentos”, explicou.

O Sesc adquiriu o hotel em 2006, após vencer licitação feita pela Bahiatursa - Empresa de Turismo da Bahia S/A. Na época, o Serviço Social do Comércio pagou ao governo do Estado R$ 3,3 milhões, valor este, definido por empresa especializada em avaliação de imóvel. De lá para cá, iniciou obras de recuperação uma vez, mas a empresa responsável pela reforma não cumpriu com o contrato e logo o hotel estava novamente abandonado. “Agora, estamos reconstruindo com muito afinco, e, com isso, vamos recuperar o valor que o hotel sempre teve perante a sociedade baiana”, afirmou Célia.

Se depender da generosidade das instalações, o hotel retomará mesmo a condição de referência para a atividade turística na ilha. O novo Grande Hotel de Itaparica terá dois prédios para hospedagem, com três suítes master’s, duas suítes luxo e 73 apartamentos. Vai dispor ainda de salão de beleza, sauna, sala de ginástica, brinquedoteca, lan-house, salão de jogos, piano-bar, lanchonete, piscinas, parque esportivo com quadras poliesportivas, tênis e futvoley, com área total construída de 7.546,99 m².

Anexo ao Hotel está sendo construído um moderno Centro de Convenções, atendendo todas as exigências que um equipamento deste solicita, como salas de trabalho, sala de informática, balcão de recepção, instalações sanitárias, divisórias móveis para adequar o salão às dimensões de eventos, podendo subdividi-lo em até quatro espaços independentes, salão para coquetéis com copa de apoio, e camarins, com área total de 1.160,00m², ampla área verde e quatro salões para coffee-break.

Reforma agrada a itaparicanos

Residente a duas quadras do hotel, a dona de casa Maria da Silva, 52, ficou contente quando soube pela reportagem da reforma do Grande Hotel de Itaparica.

“Isso é uma bênção, o local era moradia de marginais, eu tinha medo até de passar por perto, era deserto demais, com muito mato”. Já o artesão Marivaldo Araújo, 48, falou que a reforma vai trazer renda para o povo da localidade. “Eu mesmo já vou me preparar para vender meu artesanato, começar a produção”, contou. Já o pescador Francisco Bezerra, disse que espera que os filhos, sem perspectiva de trabalho, possam garantir uma oportunidade no hotel. O Sesc não informou o número de funcionários que serão contratados.

Histórico – Logo após a inauguração, na década de 50, em pleno auge do turismo na ilha, o Grande Hotel de Itaparica logo se tornou uma referência em hotelaria na região.  Ao longo da existência, o hotel sofreu duas intervenções. A primeira em 1972, quando foi ampliado e ganhou um segundo anexo.

Jogos e cassinos tinham sido proibidos na primeira metade da década de 60 e o Grande Hotel já não podia exercer tais funções. Em 1996 foi vendido e reformado.
Naquela época o turismo no local já não era o mesmo.

O então comprador, Juarez Oliveira, tomou posse do imóvel com a esperança de transformá-lo novamente em cassino. Mas, como não houve a aprovação da lei que permitia o jogo, decidiu colocar novamente o imóvel à venda. Somente agora, após 10 anos, renova-se a esperança de o Grande Hotel de Itaparica voltar a encantar turistas e moradores da Ilha.