A denúncia de um golpe contra clientes do Banco do Brasil e Redecard, em Salvador, feita nesta quinta-feira (4) pelo jornalista Alex Ferraz, é estarrecedora.
Ao usarem o cartão de débito clientes tiveram a senha transformada em valor e o dinheiro retirado da conta.
Por exemplo: se a senha é 123456, está sendo debitado não o valor da compra, mas 1.234,56. Se a senha é 654321, sai da conta 6.543,21.
E como age o Banco do Brasil? Informa ao cliente que se vire com a loja.
A atitude do BB é gravíssima, por vários motivos: primeiro, trata-se de uma afronta ao Banco Central, que no artigo 3º de sua Resolução 3695 estabelece claramente: "É vedada às instituições financeiras a realização de débitos em contas de depósitos (à vista) sem prévia autorização do cliente."
Configuram-se, portanto, nestes casos registrados em Salvador, débitos não autorizados pelo clientes.
Com sua recusa o Banco do Brasil põe em risco um dos pilares do sistema bancário: a confiança.
E ao estabelecer que o ônus da resolução do problema é do lojista, coloca o comércio contra a parede.
Ora, não foi o lojista quem desenvolveu e instalou o sistema de segurança do Banco do Brasil; não foi o lojista quem contratou a Redecard para administar os cartões de débito do BB; não pode o lojista arcar com os prejuízos de uma fraude, se não a cometeu.
Cabe ao Banco Central agir rápido, como é de sua tradição, e com o rigor que o caso exige.
Cabe ao Banco do Brasil e à Redecard verificarem (também rapidamente) onde se encontra a falha de segurança do sistema (porque é inadmissível que uma senha trafegue desprotegida em qualquer uma das etapas do processo).
Cabe aos lojistas (com o apoio de suas entidades de classe) deixarem claro, ao banco e à administradora de cartões, que não aceitarão o ônus de um problema dessa natureza.
Cabe aos clientes recorrerem a todas as instâncias disponíveis: desde à Polícia ao Ministério Público, do Banco Central à Imprensa, para que fatos como esse deixem de acontecer.