
A escolha do dia 26 de julho como o Dia das Avós tem origem religiosa: é dedicada a Sant'Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo, considerados os padroeiros dos avós na tradição católica.
Os avós desempenham papéis cada vez mais ativos na sociedade contemporânea. Muitos ajudam na criação dos netos, oferecem apoio financeiro às famílias e até assumem responsabilidades parentais em lares marcados pela ausência dos pais.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 5,2 milhões de crianças e adolescentes brasileiros vivem em domicílios chefiados por pessoas com 60 anos ou mais, boa parte delas avó, fenômeno impulsionado por mudanças sociais e econômicas.
Além do papel funcional nas famílias, os avós são guardiões da memória e das tradições culturais, transmitindo histórias, receitas, hábitos e valores que ajudam a manter vivas as raízes familiares.
Mas elas também estão mudando.
Como eram as avós
Perfil tradicional: Geralmente dedicadas exclusivamente ao lar, com pouco ou nenhum envolvimento no mercado de trabalho.
Figura materna estendida: Assumiam muitas vezes o papel de segunda mãe, com autoridade rígida e foco na disciplina.
Vestimenta e comportamento discretos: Muitas usavam roupas mais sóbrias, cabelos presos ou com coque, e mantinham uma postura recatada.
Sabedoria doméstica: Conheciam bem as lidas da casa, sabiam costurar, bordar, cozinhar "com amor" e preparar receitas caseiras passadas de geração em geração.
Relação mais formal com os netos: Havia carinho, mas também hierarquia. O respeito era muitas vezes sinônimo de certa distância.
Como elas são, agora

As avós Fátima Falcão e Heide Lacerda (em primeiro plano) anteciparam a comemoração e levaram o neto Caetano ao zoológico, em Salvador
Ativas e independentes: Muitas continuam trabalhando, fazem atividades físicas, viajam e usam redes sociais.
Estilo de vida mais dinâmico: Vestem-se com liberdade, praticam hobbies como yoga, dança ou jardinagem, e participam de eventos culturais.
Afeto aliado à amizade: Buscam se conectar com os netos de forma mais próxima, afetiva e horizontal, sendo muitas vezes "confidentes" e companheiras de brincadeiras.
Tecnológicas e conectadas: Utilizam smartphones, mandam mensagens por WhatsApp, fazem videochamadas e publicam fotos com os netos no Instagram ou Facebook.
Papel educativo mais flexível: Ajudam na criação, mas muitas vezes preferem curtir os netos com menos cobrança e mais leveza, como uma forma de "recompensa" da maternidade.
Se antes a figura da avó estava atrelada à cadeira de balanço, cabelo preso em coque e tardes silenciosas de crochê, hoje ela pode muito bem estar cruzando a linha de chegada de uma corrida de rua, pegando pesado na academia, aprendendo um novo idioma, gerenciando um negócio online, vivendo novas experiências ou mesmo organizando sua próxima viagem ao exterior.
Essa transformação tem raízes profundas, entre elas, a maior expectativa de vida da população feminina e o acesso crescente à informação sobre saúde e bem-estar.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres brasileiras vivem, em média, sete anos a mais do que os homens, atingindo uma expectativa de vida de 80,5 anos.
No entanto, viver mais não basta -- é preciso viver com qualidade. A menopausa, por exemplo, ainda é um marco na vida de muitas mulheres e, embora natural, pode ser acompanhada de sintomas desafiadores. Mas, com suporte médico adequado, estilo de vida ativo e bons hábitos, é possível atravessar essa fase com autonomia e disposição.
"A menopausa não deve ser encarada como o fim de um ciclo produtivo ou de uma vida ativa. Pelo contrário, ela marca o início de uma nova etapa que pode ser vivida com plenitude, saúde e propósito, desde que a mulher receba orientação adequada e adote hábitos saudáveis", afirma o ginecologista Jorge Valente, especialista em saúde metabólica e longevidade.
Entre as principais queixas desse período estão ondas de calor (os temidos "fogachos"), alterações de humor, ganho de peso, insônia e perda da libido.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mais de 80% das mulheres na menopausa relatam sintomas que afetam diretamente sua qualidade de vida.
Mas esse não é, necessariamente, um destino inevitável. Segundo o médico, práticas como atividade física regular, alimentação balanceada, reposição hormonal quando indicada e manejo do estresse são pilares fundamentais para atravessar esse momento de forma saudável.
Um dia na vida da avó Rossela
Aos 64 anos, a artesã e empreendedora Rossela Oliveira é um exemplo dessa virada de chave. Ela vive o que chama de sua melhor fase -- com corpo em movimento, mente em expansão e metas para os próximos 30 anos. “Sempre acreditei que a longevidade com qualidade é construída no dia a dia. Cuido da minha saúde com responsabilidade, com apoio médico e profissional, porque quero chegar bem aos 70, 80, 90”, afirma.
Rossela começa as manhãs com atividade física e leitura, e dedica parte do dia à sua loja de acessórios femininos, onde, entre laços de fitas, pedrarias e apliques, expressa sua criatividade e amor pelo artesanato. No fim da tarde, estuda inglês, marketing e ainda encontra tempo para tocar piano. Os fins de semana são ao ar livre, com pedaladas, contato com a natureza e a companhia da família.
“Tenho três netos, com idades entre 7 e 15 anos, e adoro acompanhá-los em corridas de rua. Vivemos todos a rotina de forma ativa e saudável. Isso me motiva ainda mais a manter uma vida plena e sem limitações”, diz ela.
A alimentação balanceada, o sono reparador e a ausência de doenças crônicas fazem parte do seu cotidiano. “Sinto-me feliz, disposta e em paz com meu corpo e minha mente. É assim que quero seguir envelhecendo.”
Para o médico Jorge Valente, a história de Rossela reflete um movimento crescente entre mulheres maduras no Brasil. "Há um novo perfil feminino se consolidando. Mulheres que, ao entrarem na menopausa, não se sentem limitadas -- elas buscam alternativas, se cuidam, continuam se reinventando e se reconhecendo potentes."