Muitos pais enfrentam desafios diários à mesa, especialmente diante da resistência das crianças em consumir alimentos saudáveis. No entanto, algumas estratégias práticas podem ajudar a transformar esse momento em uma experiência mais tranquila e proveitosa.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a rejeição alimentar em crianças de 1 a 6 anos é frequente e, muitas vezes, está ligada mais ao ambiente e à condução das refeições do que à comida em si.
Segundo especialistas, no entanto, atitudes simples do dia a dia -- como respeitar o apetite, incluir os pequenos no preparo da comida e manter uma rotina -- podem reduzir significativamente os episódios de resistência e mau humor à mesa.
Ana Cristina Silveira Martins, doutora em Tecnologia dos Alimentos e coordenadora do curso de Nutrição da Uninassau Paulista, explica, por exemplo, que a apresentação dos alimentos desempenha um papel essencial na aceitação infantil. “Uma boa dica é misturar alimentos novos com aqueles que a criança já gosta. Além disso, utilizar cortes ou formatos divertidos, assim como criar pratos coloridos, pode chamar a atenção dos pequenos”, orienta a nutricionista.
Criar um ambiente lúdico durante as refeições também pode contribuir para reduzir a tensão e tornar o momento mais atrativo. Ana Cristina destaca que pratos com cores e texturas variadas despertam o interesse das crianças. “Transformar refeições em aventuras – como chamar brócolis de 'árvores verdes' – pode engajar a imaginação da criança”, acrescenta.
Outra recomendação da especialista é envolver as crianças nas etapas de escolha e preparo dos alimentos. Essa participação pode aumentar o interesse pelos pratos e tornar o momento mais prazeroso. “Evite forçar a criança a comer. Dê espaço para ela experimentar as novas opções no ritmo dela”, aconselha.
A criação de uma rotina alimentar é apontada como fundamental para o desenvolvimento de bons hábitos. “Estabelecer horários regulares ajuda a evitar lanches excessivos, que podem reduzir o apetite na hora certa. Também é essencial não usar a comida como recompensa ou punição, pois isso pode criar uma relação emocional negativa com os alimentos”, alerta a nutricionista.
Ana Cristina destaca que a paciência dos pais é um fator importante para garantir um ambiente seguro e acolhedor durante as refeições. Com atitudes simples e consistentes, é possível tornar esse momento mais calmo e agradável para toda a família.
Principais estratégias para evitar conflitos
Respeitar os sinais de fome e saciedade - Especialistas alertam que obrigar a criança a comer tudo o que está no prato pode causar aversão ao momento das refeições. O ideal é oferecer porções menores e permitir que ela peça mais, caso ainda esteja com fome.
Estabelecer uma rotina alimentar - Criar horários fixos para café da manhã, almoço, lanches e jantar ajuda o corpo da criança a se adaptar. Rotina gera previsibilidade, e isso reduz a ansiedade. A criança sabe o que esperar e quando.
Tornar o ambiente acolhedor e sem distrações - Evitar o uso de telas durante as refeições e criar um ambiente calmo são atitudes que favorecem a atenção à comida e reduzem birras. A presença dos pais e a conversa à mesa tornam o momento mais positivo e educativo.
Envolver a criança no preparo das refeições - Convidar os pequenos para lavar legumes, montar o prato ou escolher um ingrediente estimula o interesse pela comida. Essa prática, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, aumenta a aceitação de novos alimentos e promove a autonomia.
Oferecer variedade e apresentar os alimentos de forma lúdica - Usar formas divertidas, cores variadas e pratos montados de maneira criativa pode tornar a refeição mais atrativa. A estética do prato faz diferença, especialmente para crianças que estão descobrindo sabores e texturas.
O que evitar durante as refeições
Pressão e chantagens como “se não comer, não vai ganhar sobremesa”
Distrações como televisão, celular ou brinquedos à mesa
Comparações com irmãos ou outras crianças, que podem gerar frustrações e inseguranças
Substituições imediatas por lanches ou doces se a criança rejeitar o prato principal