
A situação financeira das pequenas indústrias piorou pelo segundo trimestre consecutivo, mostra levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta terça-feira (6 de maio).
Na passagem do 4º trimestre de 2024 para o 1º trimestre de 2025, o indicador que mede a avaliação dos empresários sobre as finanças, margem de lucro operacional e facilidade de acesso ao crédito caiu 1,4 ponto, de 42 pontos para 40,6 pontos.
O índice de situação financeira das indústrias de pequeno porte já havia recuado 0,8 ponto entre o 3º e o 4º trimestres do ano passado. A queda observada na pesquisa mais recente é, portanto, quase o dobro da anterior. O indicador vai de 0 a 100. Quanto menor, pior é a avaliação da situação financeira pelas pequenas indústrias.
Assim como a situação financeira, o desempenho das pequenas indústrias caiu no 1º trimestre de 2025, em relação ao trimestre anterior. O indicador recuou 2,1 pontos, passando de 46,8, pontos para 44,7 pontos. A queda é usual para o período e o índice mostra desempenho parecido com o do 1º trimestre de 2024, quando registrou 44,3 pontos. O indicador pondera volume de produção, utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual e evolução do número de empregados.
Confiança cai pelo 5º mês seguido
Em abril, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) das indústrias de pequeno porte caiu de 46,5 pontos para 45,6 pontos. O ICEI ficou abaixo dos 50 pontos pelo quinto mês consecutivo, sugerindo que os empresários do segmento estão sem confiança. Desde outubro do ano passado, o indicador acumula perda de 6,4 pontos.
Segundo o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a principal explicação para a queda dos indicadores da pequena indústria nos últimos meses é a elevação da Selic. “Não à toa, a piora da situação financeira e da confiança começou logo após o início do ciclo de elevação da taxa de juros. Até então, o setor apresentava dados bastante positivos, com demanda e atividade aquecidas, mas isso foi se enfraquecendo desde o fim do ano passado”, pontua.
O índice de perspectivas da indústria de pequeno porte, que captura as expectativas dessas empresas com relação ao desempenho de seus próprios negócios, caiu 0,5 ponto em abril, para 47,7 pontos. O patamar é inferior ao observado no mesmo mês do ano passado – quando se situava em 49,2 pontos –, o que demonstra que as pequenas indústrias estão mais pessimistas.
Demanda interna insuficiente
No 1º trimestre, 39% das pequenas empresas da indústria de transformação escolheram a carga tributária elevada como o principal problema enfrentado pelo setor. Em segundo lugar, apontada por 26,5% das indústrias, aparece a demanda interna insuficiente – que antes ocupava a sexta posição do ranking –, enquanto, a falta ou alto custa da matéria-prima aparece em terceiro, lembrada por 25,3% dos empresários.
Entre as indústrias de pequeno porte da construção, a lista dos principais problemas é liderada pelas altas taxas de juros, apontada por 39% das empresas. Em seguida, vêm carga tributária elevada (29,7%) e demanda interna insuficiente (23,7%). Assim como no caso das indústrias de transformação, a preocupação com a demanda interna insuficiente foi o problema que mais cresceu entre as empresas da construção. Antes, figurava na nona colocação do ranking.