Desde o início do atual governo de Donald Trump, a economia americana tem enfrentado uma deterioração acentuada, refletida tanto na forte desvalorização das empresas listadas em bolsa quanto no aumento das incertezas que pairam sobre o mercado financeiro.
Com uma agenda pautada por medidas protecionistas e restrições comerciais, o governo não apenas abalou a confiança dos investidores, mas também reacendeu temores inflacionários e riscos de recessão.
A queda expressiva no valor de mercado das maiores corporações americanas e a escalada do índice VIX — o conhecido "termômetro do medo" — expõem o cenário turbulento enfrentado pela maior economia do mundo.
As perdas acumuladas pelas empresas americanas desde a posse de Trump ultrapassam a marca dos US$ 4 trilhões, conforme levantamentos de mercado, evidenciando o ambiente de aversão ao risco.
Gigantes como Tesla, Nvidia e Alphabet figuram entre as mais afetadas, sinalizando que o temor não está restrito a um setor específico, mas sim disseminado por toda a estrutura empresarial. A Tesla, por exemplo, amarga perdas superiores a meio trilhão de dólares, um reflexo direto da instabilidade que domina o cenário econômico e político.
A derrocada dos principais índices acionários americanos — S&P 500, Nasdaq e Dow Jones — reforça o mau humor do mercado.
Empresa | Setor | Perda de Valor (US$ bi) |
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Tesla | Tecnologia / Automobilístico | 565 |
Nvidia | Tecnologia | 404 |
Alphabet (Google) | Tecnologia | 379 |
Outras (Microsoft, Apple, Amazon, Meta) | Vários | 752 |
Total das "Sete Magníficas" | - | 2.100 |
Total Geral (todas as listadas) | - | 4.000 |
Contrariando o desempenho de bolsas internacionais, como o Euro Stoxx 50 e o próprio Ibovespa brasileiro, que acumulam valorização no mesmo período, o mercado americano caminha na contramão, com quedas significativas e persistentes.
O cenário mostra que o caminho escolhido por Trump pode comprometer o crescimento sustentável dos EUA a médio prazo e impõe uma reflexão sobre os custos de uma política econômica baseada em isolamento e confrontação.
Mais do que um ajuste passageiro, o ambiente de incerteza criado tende a afetar investimentos futuros e a competitividade do país em relação a outras potências.
Se as tarifas forem mantidas ou ampliadas, o risco de um ciclo recessivo prolongado se intensifica, com impactos que poderão extrapolar as fronteiras americanas e afetar o equilíbrio global.
Diante desse quadro, o desafio do próximo período será encontrar formas de restabelecer a confiança, mitigar os efeitos adversos das políticas em curso e reposicionar a economia americana num cenário internacional cada vez mais integrado e competitivo.
As recentes imposições tarifárias sobre importações, especialmente de insumos fundamentais como aço e alumínio, desencadearam uma escalada nos preços internos.
E as barreiras comerciais, em vez de fortalecerem a indústria doméstica como prometido, elevaram os custos de produção e minaram a competitividade de diversos setores.
Data | Produto | Preço (US$/tonelada) | Variação (%) |
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25/02/2025 | Aço laminado a quente | 779 | - |
10/03/2025 | Aço laminado a quente | 939 | +20,53% |
Produtos importados, agora mais caros, têm efeito direto na cadeia produtiva, encarecendo desde automóveis até equipamentos industriais, o que pressiona os preços ao consumidor final.
Reflexo disso é o avanço das expectativas inflacionárias, já captadas em pesquisas de opinião e sondagens de mercado.
Uma pesquisa recente conduzida por uma universidade americana revelou que as expectativas de inflação para os próximos cinco anos atingiram o maior patamar em quase três décadas, sinalizando o temor generalizado de um ciclo prolongado de aumento de preços.
A alta no preço do aço, por exemplo, com avanço superior a 20% em poucas semanas, ilustra como as tarifas protecionistas acabam alimentando a inflação, ao invés de protegê-la.
A combinação de inflação em alta e desaceleração econômica coloca o FED-Federal Reserve (banco central americano) em um dilema crucial.
A princípio, o mercado esperava que o banco central pudesse reduzir os juros em 2025 para estimular a economia. No entanto, com o avanço das pressões inflacionárias, as expectativas se ajustam para uma política monetária mais restritiva, ou, no mínimo, menos expansionista do que se imaginava.
Mês/Ano | Expectativa (%) | Observação |
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Dez/2024 | 2,8% | Nível médio dos últimos anos |
Fev/2025 | 3,5% | Maior patamar desde 1995 |
Juros altos nos Estados Unidos estimulam uma fuga de capitais investidos em países como o Brasil, o que é uma péssima notícia para a economia brasileira, pela pressão exercida sobre o câmbio, por consequência alimentando a alta generalizada de preços.
O Banco Central brasileiro também terá trabalho para reduzir a taxa básica de juros.