A colisão aconteceu próximo a Washington, na noite dessa quarta-feira (29 de janeiro), envolvendo um jato comercial da companhia American Airlines, com 60 passageiros e 4 tripulantes, e um helicóptero do Exército dos Estados Unidos, que transportava 3 militares.
O voo 5342, operado por um Bombardier CRJ700, partiu de Wichita, Kansas, com destino ao Aeroporto Nacional Ronald Reagan.
Entre os passageiros estavam atletas e treinadores de patinação artística, incluindo os ex-campeões mundiais Evgenia Shishkova e Vadim Naumov, que retornavam de um evento em Wichita.
A outra aeronave era um helicóptero Sikorsky UH-60 Black Hawk, em missão de treinamento.
A colisão ocorreu por volta das 21h, horário local, enquanto o jato se aproximava para pouso na pista 33 do aeroporto Nacional. Testemunhas relataram ter visto uma bola de fogo e destroços em chamas caindo no rio Potomac. As condições climáticas eram favoráveis no momento do acidente, com céu claro e boa visibilidade.
Cerca de 300 socorristas foram mobilizados para o local, enfrentando condições adversas, como temperaturas baixas e águas geladas do rio. As autoridades descartam a possibilidade de encontrar sobreviventes nesse que é o desastre aéreo mais mortal nos Estados Unidos em quase 24 anos. No dia 12 de novembro de 2022, pouco após a decolagem, um voo da American Airlines caiu em uma área residencial de Belle Harbor, Nova York, No acidente morreram todas as 260 pessoas a bordo.
Investigações iniciais
As investigações preliminares indicam que ambos os pilotos seguiam os padrões de voo e comunicação estabelecidos e estavam cientes da presença um do outro.
Menos de 30 segundos antes da colisão um controlador de tráfego aéreo perguntou à tripulação do helicóptero se eles tinham o voo 5342 em vista. A tripulação confirmou o contato visual e solicitou "separação visual" da aeronave, o que foi aprovado pelo controlador. M
omentos depois, o controlador instruiu o helicóptero a passar atrás do voo 5342. No entanto, as duas aeronaves colidiram, causando a explosão do helicóptero e a queda de ambas no rio Potomac.
A Administração Federal de Aviação (FAA) e o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) estão conduzindo investigações para determinar as causas exatas do acidente. Até o momento, não há evidências de terrorismo ou atividade criminosa relacionada ao incidente.
O presidente Donald Trump classificou o acidente como uma "terrível tragédia". Depois. questionou as ações do helicóptero e da torre de controle: "O avião estava em uma linha de aproximação perfeita e rotineira ao aeroporto. O helicóptero estava indo diretamente em direção ao avião por um período prolongado de tempo. Por que o helicóptero não subiu, desceu ou virou? Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer em vez de perguntar se eles viam o avião? Esta é uma situação ruim que parece que deveria ter sido evitada".
O secretário de Transportes, Sean Duffy, assegurou ao público que o espaço aéreo dos EUA é seguro e prometeu uma investigação completa sobre o acidente. Ele afirmou: "Posso garantir ao público americano que os Estados Unidos têm o espaço aéreo mais seguro e protegido do mundo? E a resposta para isso é, absolutamente sim, nós temos."
Duffy também mencionou que as condições climáticas eram ideais no momento do acidente.
Após a colisão, todas as decolagens e aterrissagens no Aeroporto Nacional Ronald Reagan foram suspensas, com voos sendo desviados para aeroportos próximos, como Dulles International e Baltimore/Washington International.
O aeroporto foi reaberto às 11h do dia seguinte, horário local.
Modelo igual ao que colidiu, em Washington
Foto: Pixabay | Creative Commons
Conheça o helicóptero UH-60 Black Hawk
O Sikorsky UH-60 Black Hawk é um helicóptero militar multifuncional, bimotor, de médio porte, com rotor principal de quatro pás, desenvolvido pela empresa norte-americana Sikorsky Aircraft.
Desde sua introdução no final da década de 1970, tornou-se uma peça central nas operações do Exército dos Estados Unidos e de diversas forças armadas ao redor do mundo.
Sua versatilidade e robustez permitiram sua adaptação a uma ampla gama de missões militares e humanitárias.
Ele foi projetado para atender às necessidades de transporte tático de tropas e equipamentos em ambientes de combate.
Com capacidade para transportar até 12 soldados totalmente equipados, além de uma tripulação de quatro membros, o helicóptero pode atingir uma velocidade máxima de aproximadamente 280 km/h e possui um alcance de cerca de 590 km sem reabastecimento.
Sua capacidade de carga externa é de até 5 toneladas, permitindo o transporte de equipamentos pesados, como obuses M119 de 105 mm.
Além do transporte de tropas, o Black Hawk pode ser configurado para uma variedade de missões, incluindo evacuação médica (MEDEVAC), guerra eletrônica, operações de busca e salvamento (SAR) e apoio logístico. Algumas variantes são equipadas com armamentos, como metralhadoras e sistemas de mísseis, aumentando sua capacidade de apoio em combate.
Treinamento da tripulação
Operar o UH-60 Black Hawk requer um treinamento rigoroso e abrangente para garantir a segurança e a eficácia em missões diversas.
Os pilotos passam por um programa de instrução que inclui:
Formação teórica: Estudo aprofundado dos sistemas da aeronave, procedimentos operacionais padrão, navegação e compreensão das capacidades e limitações do helicóptero.
Simulações de Voo: Uso de simuladores avançados que replicam condições reais de voo, permitindo que os pilotos pratiquem manobras complexas, respostas a emergências e adaptação a diferentes cenários operacionais sem os riscos associados ao treinamento em voo real.
Voo prático: Sessões de voo supervisionadas, onde os pilotos aplicam o conhecimento teórico e as habilidades desenvolvidas em simuladores, realizando decolagens, pousos, manobras táticas e operações em diversos ambientes, incluindo terrenos montanhosos e condições climáticas adversas.
A tripulação de apoio, incluindo engenheiros de voo e pessoal de manutenção, também recebe treinamento especializado para garantir que a aeronave seja mantida em condições operacionais ideais e que quaisquer problemas técnicos sejam rapidamente identificados e resolvidos.
Desafios operacionais
Embora o UH-60 Black Hawk seja reconhecido por sua robustez e confiabilidade, sua operação apresenta desafios significativos:
Ambientes hostis: Muitas missões exigem que o Black Hawk opere em zonas de combate ativas, onde a ameaça de fogo inimigo é constante. A tripulação deve estar preparada para manobrar a aeronave sob risco de ataques e em condições de visibilidade reduzida.
Condições climáticas adversas: Operações em climas extremos, como desertos quentes ou regiões árticas, podem afetar o desempenho da aeronave e exigir ajustes nos procedimentos operacionais.
Manutenção complexa: A complexidade dos sistemas do Black Hawk requer uma manutenção meticulosa. Qualquer falha pode comprometer a missão e a segurança da tripulação, tornando essencial um programa de manutenção preventiva rigoroso.
Carga de trabalho da tripulação: Durante operações intensas, a tripulação deve gerenciar múltiplas tarefas simultaneamente, incluindo navegação, comunicação, monitoramento de sistemas e, em alguns casos, operação de armamentos. Isso exige altos níveis de coordenação e resistência mental.
Emprego em operações
O UH-60 Black Hawk tem sido fundamental em diversas operações militares e humanitárias desde sua introdução:
Transporte tático: Desempenha um papel crucial no deslocamento rápido de tropas para zonas de combate, permitindo inserções e extrações em áreas de difícil acesso.
Evacuação médica: As variantes configuradas para MEDEVAC são equipadas com sistemas médicos avançados, permitindo o transporte rápido de feridos do campo de batalha para instalações médicas, aumentando as chances de sobrevivência.
Operações especiais: Unidades de operações especiais utilizam versões modificadas do Black Hawk para missões que requerem infiltração discreta, como a incursão que resultou na morte de Osama bin Laden em 2011.
Resposta a desastres: Além de missões de combate, o Black Hawk tem sido empregado em operações de socorro em desastres naturais, fornecendo transporte de suprimentos, evacuação de civis e apoio logístico em áreas afetadas.
O Aeroporto Nacional Ronald Reagan é um dos principais terminais aéreos que atendem à região metropolitana de Washington, D.C. Localizado em Arlington, Virgínia, a aproximadamente 8 km do centro da capital dos Estados Unidos.
É reconhecido por seu intenso movimento aéreo. Originalmente projetado para atender cerca de 15 milhões de passageiros por ano, atualmente opera com um volume anual superior a 25 milhões de passageiros, quase o dobro de sua capacidade inicial. Em 2023, o aeroporto registrou um recorde de 25.453.581 passageiros.
Devido às dimensões relativamente curtas das pistas, o aeroporto é mais adequado para aeronaves de porte médio e pequeno (a pista 1/19 tem 2.185 metros de comprimento, a pista 4/22 possui 1.487 metros e a pista 15/33 se estende por 1.586 metros).
A localização estratégica do aeroporto apresenta desafios significativos. O espaço aéreo ao longo do rio Potomac é altamente congestionado, exigindo procedimentos rigorosos de controle de tráfego aéreo. A proximidade com o Pentágono, a Casa Branca e outras instalações governamentais impõe restrições adicionais, tornando essencial a coordenação precisa entre pilotos e controladores de tráfego aéreo para garantir operações seguras.