Patrimônio vivo do Recife e passista em atividade mais idosa do país, Zenaide Bezerra, de 75 anos, criadora do Grupo Folclórico Egídio Bezerra, receberá o reconhecimento de heroína popular no próximo dia 23 de janeiro, quinta-feira, em Salvador.
Ela será agraciada com o Troféu Sankofa, como parte da programação do VI Rede Capoeira, que ocorre entre os dias 22 e 25 de janeiro no Doca 1 - Polo de Economia Criativa, no Comércio.
Além de ser homenageada ao lado de mais de nove mestres e mestras da cultura popular, dona Zenaide será a integrante mais aguardada no dia 23, às 11h30, no painel “Roda de Conversa - A Capoeira, o Repente e o Frevo”.
A atividade contará também com a participação de Mestre Nô, do repentista Bule-Bule e da historiadora Mônica Beltrão, com mediação do poeta e pesquisador James Martins.
Às 16h40 do mesmo dia, a premiada passista de frevo assume o comando da oficina “Vivência Frevo”. Com mais de 60 anos dedicados à cultura popular — ela foi iniciada no frevo aos 8 anos por seu pai, Egídio Bezerra —, Zenaide compartilhará sua rica experiência como guardiã do frevo, sendo uma exímia dançarina até os dias de hoje.
Em 1975, Zenaide fundou o Grupo Folclórico Egídio Bezerra, que preserva a memória de seu pai e mestre, conhecido como o “Rei do Passo”, enquanto perpetua tradições como o frevo, a ciranda, o coco, o forró e o xaxado, sendo o único grupo de xaxado em atividade no Recife. Desde então, ela ensina danças populares de Pernambuco a crianças e adolescentes. Em 2022, Zenaide foi declarada Patrimônio Vivo da Cidade do Recife pela Prefeitura do Recife.
A passista também ensinou aos cinco filhos, sobrinhos, netos e bisnetos os passos que aprendeu com o pai. Do esposo, já falecido, herdou o grupo folclórico Urso Teimoso da Torre, cuja gestão está sob sua responsabilidade. No entanto, é nas apresentações do Grupo Folclórico Egídio Bezerra que Zenaide, filhos, netos e bisnetos dançam juntos, em um belo exemplo de defesa da cultura popular.
Homenagem
Zenaide Bezerra será reconhecida como heroína popular ao lado dos emblemáticos capoeiristas octogenários Mestre Nô, Mestre Virgílio da Fazenda Grande, Mestre Baiano, Mestre Fernando e Mestre Boa Gente; da aclamada sambadeira Dona Santinha; do Mestre Walmir Lima, integrante da chamada “primeira geração” do samba de Salvador; do músico Mateus Aleluia, grande símbolo de resistência e sabedoria; e do cordelista e repentista nordestino Mestre Bule-Bule.
Na sua sexta edição, o VI Rede Capoeira segue com a missão de reconhecer, em vida, o legado de mestres e mestras que cumprem um papel fundamental na preservação da cultura popular no Brasil. A programação do evento é toda gratuita e inclui palestras, contação de histórias com griôs, diálogos culturais, oficinas, rodas de capoeira e samba, shows e outras atividades.
Com idealização e coordenação de Mestre Sabiá, o VI Rede Capoeira é realizado pelo Projeto Mandinga (@projetomandinga), com patrocínio do Instituto Cultural Vale (@institutoculturalvale), por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.