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Santa Bárbara: quando o vermelho tinge as ladeiras antigas de Salvador

O vermelho, cor associada tanto à santa católica quanto à orixá Iansã, predomina

4 de dezembro: as ruas do centro histórico de Salvador se transformam. Bandeiras vermelhas e brancas enfeitam as fachadas coloniais, anunciando a chegada da Festa de Santa Bárbara, uma das celebrações mais significativas do calendário religioso baiano, testemunhando o sincretismo religioso que marca a cultura da região, unindo tradições católicas e afro-brasileiras em uma única manifestação de fé.

A festividade tem início com uma missa solene na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, situada no coração do Pelourinho. O templo, construído no século XVIII por escravizados africanos, é um símbolo da resistência e da espiritualidade negra. A celebração litúrgica atrai fiéis de diversas partes da cidade e turistas interessados em vivenciar a riqueza cultural de Salvador.

Após a missa, uma procissão percorre as ruas estreitas e ladeiras do centro histórico. Imagens de Santa Bárbara são carregadas por devotos, enquanto grupos de afoxé e blocos afro entoam cânticos e tocam tambores, criando uma atmosfera única de devoção e celebração. O vermelho, cor associada tanto à santa católica quanto à orixá Iansã, predomina nos trajes e adereços dos participantes.

O sincretismo

A Festa de Santa Bárbara é um exemplo  do sincretismo religioso brasileiro. No candomblé, religião de matriz africana, Santa Bárbara é associada a Iansã, orixá dos ventos, tempestades e fogo. Essa associação surgiu durante o período colonial, quando africanos escravizados sincretizaram seus orixás com santos católicos como forma de preservar suas crenças sob a repressão religiosa.

Iansã é uma figura de grande importância nas tradições afro-brasileiras, representando força, coragem e independência. Sua ligação com Santa Bárbara enriquece a celebração, adicionando elementos de ambas as tradições em uma convivência harmoniosa. Este sincretismo é uma expressão da identidade cultural baiana, onde diferentes crenças coexistem e se influenciam mutuamente.

Elementos culturais e gastronômicos

A festa não se limita aos rituais religiosos; ela também é uma celebração da cultura e da gastronomia local. Nas ruas, barracas oferecem pratos típicos como o acarajé, abará e o tradicional caruru de Santa Bárbara, preparado com quiabo e diversos tipos de temperos. A comida é uma parte essencial da festa, simbolizando fartura e compartilhamento.

Grupos culturais apresentam danças e músicas que refletem a herança africana, como o samba de roda e o maculelê. Essas manifestações artísticas enriquecem o evento e atraem a participação de pessoas de todas as idades.

A importância histórica e social

A Festa de Santa Bárbara é mais do que um evento religioso; é um patrimônio cultural que reflete a história de resistência e resiliência do povo afro-brasileiro. A celebração destaca a importância da preservação das tradições e contribui para o fortalecimento da identidade cultural da Bahia.

Além disso, a festa serve como um espaço de diálogo entre diferentes crenças e promove o respeito pela diversidade religiosa. É uma oportunidade para educar sobre a importância das religiões de matriz africana na formação da sociedade brasileira e combater preconceitos ainda existentes.

Como fica o trânsito

Será proibido o estacionamento de veículos na Ladeira da Praça, em ambos os lados, das 4h às 13h, para a reserva de vagas destinadas aos veículos oficiais do Comando do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar da Bahia. Barreiras fixas serão instaladas das 5h às 16h em pontos estratégicos, como na Ladeira Ramos de Queiroz (parte baixa), na Rua das Flores com a Ladeira Ramos de Queiroz, e na Rua do Tabuão com o Caminho Novo do Taboão.

O tráfego será desviado, das 7h às 16h, no cruzamento entre a Rua Siqueira Campos e a Rua Engenheiro João Pimenta Bastos, a Avenida J.J. Seabra (Aquidabã) e a Rua Padre Agostinho Gomes. Barreiras móveis serão posicionadas, a partir das 8h, na Ladeira Ramos de Queiroz (parte alta), Avenida J.J. Seabra com a Rua do Alvo, e Rua Direita de Santo Antônio com a Rua dos Marchantes, permitindo acesso controlado para moradores e hóspedes do Hotel do Carmo.

O Largo do Pelourinho terá tráfego interditado das 8h às 20h. A partir das 10h, barreiras móveis progressivas serão ativadas em diversos pontos, incluindo a Ladeira da Praça, Largo de São Miguel, e Rua Frei Vicente, para ordenar a circulação. Também a partir das 10h, haverá interdição progressiva em vias como o Largo do Terreiro de Jesus, Praça da Sé, Ladeira da Praça e Avenida José Joaquim Seabra.

Opções de tráfego – Motoristas que trafegam pelo Centro com destino à Baixa dos Sapateiros podem utilizar vias alternativas, como a Rua do Pau da Bandeira, Ladeira da Montanha e Ladeira da Conceição da Praia. Já aqueles vindos das Sete Portas e Bonocô podem optar pelo Vale do Nazaré e Avenida Joana Angélica.

O acesso de moradores às vias interditadas será garantido mediante apresentação de comprovação de endereço, como contas de serviços essenciais.