Para o ex-governador do Ceará e candidato derrotado em eleições presidenciais, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, "está simplesmente produzindo nulidade para, inclusive, garantir a impunidade dos malfeitores".
A declaração foi dada em vídeo divulgado no X (antigo Twitter), em referência ao chamado inquérito das fake news, aberto há cinco anos para investigar ataques ao STF e que passou a englobar tudo o que o ministro considera desinformação, mesmo que sem relação direta com o Supremo.
Ciro Gomes (PDT) comparou as ações do ministro Alexandre de Moraes a um jogador de futebol que bate um lateral, faz um gol de cabeça, como juiz valida embora haja uma queixa de impedimento e faz, ele mesmo, a perícia do VAR no lance".
Segundo o pedetista, Moraes "está, aparentemente, perdendo a isenção e o distanciamento".
O jornal Folha de S.Paulo começou a divulgar, em uma série de reportagens, o conteúdo de mais de 6 gigabytes de diálogos e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes, entre eles o seu principal assessor no STF, que ocupa até hoje o posto de juiz instrutor (espécie de auxiliar de Moraes no gabinete), e outros integrantes da sua equipe no TSE e no Supremo.
As reportagens revelam ordens solicitadas pelo ministro e por seus assessores ao ex-chefe do órgão de desinformação no tribunal eleitoral dadas de maneira informal. O juiz Airton Vieira, assessor do ministro demonstrou em áudios a preocupação de que essas ordens pudessem ser questionadas. "Formalmente, se alguém for questionar, vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim. Como um juiz instrutor do Supremo manda [um pedido] pra alguém lotado no TSE e esse alguém, sem mais nem menos, obedece e manda um relatório, entendeu? Ficaria chato."
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), abriu no dia 19 de agosto um inquérito, sob sigilo, para apurar o caso de mensagens entre assessores de seu gabinete e ex-auxiliares do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No dia 14, o ministro disse, durante sessão no plenário do Supremo, que nenhuma das matérias preocupa seu gabinete ou a ele, afirmando estar tudo documentado. O presidente da corte, Luís Roberto Barroso, e o decano, Gilmar Mendes, apoiaram o colega.