No Brasil, as mulheres ainda enfrentam obstáculos para atuar neste meio, e representam apenas 18% dos candidatos eleitos, em 2022.
Para explicar o cenário, Luciana Panke, considerada uma das 12 mulheres mais influentes na comunicação política pela The Washington Academy of Political Arts & Sciences (EUA), propõe que o preconceito com mulheres atinge direita e esquerda.
Os números reforçam a ideia proposta. Em 2022, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TRE), elas eram 53% do eleitorado, mas representavam apenas 34% das candidaturas, e 14% das reeleições.
Para Panke, não há naturalização da presença feminina em espaços de liderança, “O preconceito com as mulheres acontece no poder, não só na política, isso ocorre em qualquer ideologia, esquerda, direita, centro, porque o machismo e a misoginia ocorrem em qualquer situação onde a mulher ameaça o status quo”.
Apesar da baixa participação quando comparada aos homens, há um aumento com relação às eleições anteriores, que pode estar relacionado às políticas públicas propostas pelo governo, como Fundo Especial de Financiamento de Campanha, valendo para as mulheres, e a cota de gênero, que exige das legendas percentual mínimo 30% das candidaturas femininas ou masculinas.
A avaliação da especialista é de que existe um avanço nesta questão no âmbito nacional, “As políticas públicas ajudam a transformar o tema em agenda política. Isso significa que o assunto vai para rodas de conversas e notícias. Agora falar sobre mulheres no poder não está mais restrito a grupos feministas”.
Segundo a autora do livro “Campanhas Eleitorais femininas para mulheres: tendências e desafios”, o machismo e o patriarcado são os principais obstáculos na vida de mulheres na política, não só no Brasil, mas em toda a América Latina.
“O patriarcado é caracterizado por entender que os homens estão no poder e mandam em outros homens e mandam em outras mulheres. O entendimento de que isso é a ordem natural das coisas é o principal obstáculo, enquanto ainda acharem que ser homem é ser superior a mulher em vários aspectos, a eleição da mulher ainda vai ser difícil”, explica.
Para que as mulheres possam superar as dificuldades estabelecidas na sociedade e se elegerem, a professora detalha que é preciso realizar um estudo aprofundado na cidade ou estado em questão.
A pesquisa sobre o eleitorado é, segundo Panke, ponto essencial para estruturar uma campanha eleitoral, tendo em vista que o público é diferente dentro do um mesmo território.
Em seu último livro “Caminos para El Protagonismo Femenino”, a estudiosa analisou a gestão pública de países liderados por mulheres durante a pandemia da Covid-19. “Nos países onde as mulheres estavam governando, foram os países com menos casos de morte pela doença”, ressalta. A conclusão foi de que nesses espaços a gestão pública era mais voltada para as pessoas, o bem-estar e a ciência.
Luciana Panke vai palestrar no Compol, Congresso de Comunicação, Política e Institucional, no Espaço Villa Rica, em Londrina, no dia 22 de maio, para falar sobre as principais características em uma eleição pensando em mulheres candidatas.
Especialistas na comunicação política e autoridades do Judiciário estarão presentes no evento, como Marcelo Senise, Luiza Borges, Bruno Falcão, Lucas Pimenta, Fernanda Viotto, Laércio Menegaz e o presidente do TRE Paraná Sigurd Roberto Bengtsson.