O sexto álbum de Anitta, “Funk Generation”, chegou às plataformas de música nessa sexta-feira (26 de abril).
Marcado pela sonoridade do funk carioca, o disco apresenta um resgate das raízes da cantora, exaltando os sons e referências que a inspiraram a ser artista.
“O funk tem um milhão de nuances, né? E tem também uma enorme importância cultural para quem mora nas favelas, subúrbios e periferias do país. Neste trabalho, eu homenageio o lugar de onde eu vim e faço um recorte de alguns elementos, com toda a potência desse som, que faz parte de quem sou como pessoa e artista.”
A capa do registro – idealizada pelo diretor criativo Franc Fernandez, responsável pelo vestido de carne usado por Lady Gaga no VMA de 2010 – “ilustra a nossa caminhada para incluir o funk no cenário internacional”, explica a artista.
A viagem proposta por “Funk Generation” começa fazendo referência aos primórdios da cena funkeira. A inaugural “Lose Ya Breath” explode em arranjo inspirado no miami bass e no electro, subgêneros da música eletrônica que inspiraram a criação do gênero brasileiro. Aqui, a cantora convida o ouvinte a embarcar em uma jornada de tirar o fôlego. É o baile começando.
“Grip”, a faixa seguinte, se inspira nessa mesma sonoridade, desta vez com uma letra sensual sobre uma figura feminina que domina a cena. A canção é um dos carros-chefes do álbum e ganha videoclipe inspirado nas festas de rua características das periferias brasileiras.
Gravado em um galpão no Rio de Janeiro, o audiovisual envolveu 180 pessoas em sua produção e foi dirigido pela GINGA Pictures – que colaborou com Anitta em videoclipes como “Funk Rave”, “Boys Don’t Cry” e “El Que Espera”.
Experimentações sonoras
Outras faixas, como “Savage Funk”, apresentam Anitta misturando seu ritmo base com referências da música eletrônica. Aqui brilha a influência do rave funk, muito popular no estado de São Paulo.
“O beat é um dos elementos mais importantes do funk. Tipo aquele grave que bate e faz tremer até a alma, sabe?”, conta Anitta. “É por isso que algumas músicas do disco tem umas batidas mais loucas… Eu quis provocar essa sensação nas pessoas.”
“Cria de Favela” exemplifica a complexidade descrita pela artista, com produção dançante, graves pulsantes e quebras inusitadas. Por sua vez, “Sabana” explode aos ouvidos, empregando, de forma surpreendente, um sample de “Pelada”, do goiano MC Jacaré.
A técnica de samplear – ou seja, utilizar a amostra de uma música ou som já existentes em outra obra – faz parte da cultura colaborativa do gênero carioca, assim como ocorre no hip hop. Anitta incorpora esse fazer artístico também em “Joga pra Lua”, já conhecida pelos fãs e um dos hits do Carnaval 2024, em parceria com DENNIS e Pedro Sampaio. A canção sampleia o clássico “Uva”, do grupo Os Saradinhos.
As letras sobre sexo marcam forte presença em “Funk Generation”. “Essa coisa da sexualidade explícita, sem papas na língua, é muito característica do funk. E acho que, quando nós mulheres cantamos sobre isso, a música se torna uma forma de libertação, né? A minha ideia é inspirar a sermos sexualmente livres”, comenta.
Em “Puta Cara”, por exemplo, a girl from Rio assume o comando na cama, falando abertamente sobre como gosta de explorar sua sexualidade. Na já lançada “Double Team”, em parceria com Brray e Bad Gyal, ela escancara seus desejos sem medo: “Sou bem puta, mais cachorra que o Rintintin”, canta.
Refletindo sobre um relacionamento em que ela quer apenas curtir, sem compromisso, “Fría” é outro retrato de protagonismo feminino: “Você deixou claro que não te faço bem / Mas o proibido te faz querer mais”, ela brinca na faixa, que é marcada por elementos do tamborzão.
Amores, flertes, encontros e desencontros também são narrados em algumas das produções mais melódicas do trabalho, como “Meme”, “Love in Common” e “Mil Veces” (funk melody que remonta aos primeiros singles da carreira de Anitta). Por sua vez, o dueto com Sam Smith, “Ahi”, combina uma melodia pop chiclete com as batidas do ritmo brasileiro.
Já “Aceita” esbanja versatilidade: aqui, características de funk carioca e reggaeton se misturam, em uma canção em que a poderosa se apresenta como uma entidade, que sai pelas ruas celebrando seus feitos. “Saí da favela / Pareço novela / Itália, tomando chá com Donatella / Música, filmes, show, passarela”, ela versa.
Para garantir a autenticidade, Anitta recrutou parceiros artísticos brasileiros para construírem este álbum com ela. O DJ Gabriel do Borel, conhecido por diversos sucessos da cena funkeira, é um dos principais colaboradores da obra (produção musical e composição). “Ela está escrevendo um novo capítulo na história da música brasileira e é muito gratificante poder fazer parte disso”, celebra o produtor.
Os músicos da Brabo Music também foram escolhidos para colaborar no disco. E festejam a parceria com a cantora: “Foi um mergulho ao passado, sem tirar os olhos do presente e futuro. As faixas que produzimos são uma espécie de ‘carta de amor’ nossa ao funk, a todo mundo que veio antes da gente”, divide o representante do time, Rodrigo Gorky.
Outros nomes nacionais, como o duo Tropkillaz (que colaborou com Anitta em hits como “Vai Malandra” e “Bola Rebola”), o ganhador do Grammy Latino Márcio Arantes e o paulista DJ GBR também fizeram parte do registro.
Nomes internacionalmente renomados, como Diplo (de produções com Madonna e Justin Bieber), Stargate (Mariah Carey e Rihanna) e Julia Lewis (Bad Bunny, Peso Pluma), por sua vez, promovem o encontro do funk com sonoridades globais na tracklist.