O vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior, usou as redes sociais, na manhã desta segunda-feira (8 de abruil), para fazer questionamentos após os transtornos provados pelas chuvas em Salvador. “Tudo que a gestão municipal tem a fazer é tocar sirene de emergência e dizer que choveu acima da média? Chover acima da previsão é o ‘novo normal’ diante das mudanças climáticas globais. A Prefeitura não tem nada mais efetivo para enfrentar o problema?”, indagou.
Geraldo Júnior, que está monitorando as ocorrências em todo o estado junto à Superintendência de Proteção e Defesa Civil (Sudec), destacou a atuação do Executivo baiano na capital. “O Governo da Bahia, por meio da Conder, realiza em Salvador o maior programa de contenção de encostas do país, com a entrega de 117 encostas nos últimos anos, com mais 12 em construção neste momento. Ação fundamental para salvar vidas e promover mais segurança às famílias que moram em lugares com riscos de deslizamentos”, afirmou o vice-governador.
O vice-governador lembrou que o Governo do Estado, em parceria com o presidente Lula, por meio do Novo PAC, deu início a uma grande obra de micro e macrodrenagem para atender à população da Cidade Baixa, “região historicamente esquecida pela administração municipal, que convive com alagamentos há décadas”.
No X, antigo Twitter, Geraldo Júnior concluiu: “É urgente que a Prefeitura assuma a sua responsabilidade e seja parte da solução. O povo de Salvador não pode se acostumar com esse caos. Salvador merece muito mais”.
Vereador sai em defesa da Prefeitura
Líder da bancada de governo na Câmara Municipal, o vereador Kiki Bispo (União Brasil), disse que na gestão do prefeito Bruno Reis são mais de 300 geomantas e cerca de 190 obras de contenção de encostas.
“O sistema de sirenes, tão importante para preservar vidas, está longe de ser a única ação da administração municipal. A Prefeitura tem trabalhado muito para evitar tragédias, com um número expressivo de intervenções em áreas de risco nos últimos anos.”
O vereador destacou que a gestão municipal investe, também, em auxílio para famílias afetadas pelas chuvas e em abrigos para pessoas que moram em áreas de risco.
A posição da Prefeitura
A Prefeitura de Salvador afirmou ter intensificado as ações para reduzir os efeitos das chuvas que atingem a capital baiana nas últimas horas, o que levou a Defesa Civil (Codesal) a emitir nível de alerta máximo na noite deste domingo (7).
Nas últimas 24 horas, foram registrados mais de 175 mm de chuvas e, no mês, mais de 300 mm, número que já superou a previsão para abril inteiro. A média histórica para o mês é de 284,9 mm.
Como saber se é muita chuva?
A classificação para a intensidade de chuva diária muda, de um lugar para outro, mas no Brasil é comum serem adotadas as seguintes medidas:
-- Chuva fraca: abaixo de 5 mm/h
-- Chuva moderada: entre 5 e 25 mm/h
-- Chuva forte: entre 25,1 e 50 mm/h
-- Chuva muito forte: acima de 50 mm/h
Na manhã desta segunda-feira (8), o prefeito Bruno Reis se reuniu com secretários e dirigentes que integram o Sistema Municipal de Defesa Civil, no Centro de Monitoramento de Alerta e Alarme da Codesal, para avaliar o cenário e as medidas que estão sendo adotadas para solucionar os problemas ocasionados pelas chuvas e dar suporte à população, principalmente aquela que vive em áreas de risco.
Participaram da reunião os secretários da Saúde, Ana Paula Matos; de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Francisco Torreão; e de Manutenção (Seman), Lázaro Jezler; o superintendente de Obras Públicas (Sucop), Orlando Castro; o superintendente da Transalvador, Décio Martins; o diretor de Iluminação, Angelo Magalhães; dentre outros dirigentes.
Por causa do alto volume de chuva, as sirenes foram acionadas em oito comunidades. Também foram registrados desabamentos, deslizamentos, alagamentos e queda de árvores.
O prefeito afirmou que a Prefeitura vai conceder auxílio emergencial para indenizar as famílias que perderam seus pertences. “Portanto, a Prefeitura está chegando junto, mas é importante a sua participação. Então, quem mora em área de risco, onde nós acionamos os sistemas, por favor, procurem algum dos nossos abrigos. Temos nove escolas onde estamos abrigando as pessoas, além das nossas unidades de acolhimento”, alertou.
Bruno Reis alertou que, mesmo em locais de risco em que as sirenes não foram acionadas, é importante que as pessoas fiquem alertas. “Como também quem mora em outras áreas que não tem um sistema de alerta e alarme, mas que nós sabemos que é uma área de risco, por favor, evacuem as suas casas”, frisou.
Em caso de ocorrências, as pessoas podem acionar o 199.
As sirenes foram acionadas nas seguintes comunidades: Bom Juá; Irmã Dulce e Mangabeira, na região de Cajazeiras; Calabetão; Vila Picasso (Capelinha de São Caetano); Vila Sabiá (Liberdade); Voluntários da Pátria (Lobato); e Baixa do Cacau (São Caetano). Hoje, são 14 sirenes instaladas em áreas de risco da capital baiana.
O diretor da Codesal, Sosthenes Macedo, explica que as sirenes são acionadas após um acumulado de 150 mm de chuvas em 72 horas, somado à continuidade de chuvas fortes ou muito fortes por mais 24 horas. “A gente envia o SMS, encaminha as nossas equipes e aciona a sirene para que as pessoas possam ir para um abrigo, no caso uma escola municipal”, afirmou.
Sosthenes Macedo disse ainda que as fortes chuvas das últimas horas foram ocasionadas por um sistema inédito em Salvador. “A gente não tinha ainda vivenciado ele aqui na capital dos baianos, que era um complexo convectivo que trouxe 107 milímetros em duas horas e meia de segunda para terça-feira. Durante toda a semana, nós tivemos ventos úmidos associados a um sistema de baixa pressão, conhecido como cavado, que intensifica esses ventos úmidos, trazendo muita chuva”, explicou.
Somado a isso, continuou o diretor da Codesal, também há resquício de uma frente fria que atuou na região Sudeste e chegou a Salvador durante a semana. Ele disse que as chuvas devem continuar nesta segunda e terça-feira (9) e devem reduzir a partir de quarta (10).