A Petrobras comunicou ao mercado interesse na compra de uma participação na refinaria de Mataripe (BA), vendida pela própria Petrobras em 2021 ao fundo árabe Mubadala por 1,6 bilhão de dólares.
"A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que está dando prosseguimento às discussões com o Mubadala Capital em relação à formação de parceria de downstream no Brasil, cujo escopo envolve a avaliação de aquisição de participação na Refinaria de Mataripe S.A. (RefMat) e de projeto em desenvolvimento de uma biorrefinaria integrada (Biorrefinaria)", esclareceu.
O Mubadala Capital. Petrobras e Mubadala Capital informam que não assinaram qualquer documento vinculante sobre a parceria até a presente data e reforçam que o processo de análise da parceria será feito com respeito aos processos e governança interna de ambas as companhias, às pessoas e aos compromissos assumidos junto aos governos, agências reguladoras e demais públicos de interesse.
Analistas entendem que o segmento não deveria ser a prioridade da Petrobras neste momento. “A notícia é negativa, com a Petrobras voltando a investir em um ativo que acabou de ser privatizado e que não faz parte de seu corebusiness“, escrevem os analistas da Genial Investimentos em relatório enviado a clientes.
As ações da Petrobras caíram 2% no início da tarde desta segunda-feira, 18.
A Refinaria de Mataripe, situada em São Francisco do Conde no estado da Bahia, possui capacidade de processamento de 333 mil barris/dia, e seus ativos incluem quatro terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos que interligam a refinaria e os terminais totalizando 669 km de extensão.
O projeto de biorrefino integrado, com capacidade projetada de produção de 20 mil barris/dia (na fase inicial), contempla planta de produção de diesel renovável e querosene de aviação sustentável a partir de óleo vegetal oriundo de culturas nativas, com operações nos estados da Bahia e Minas Gerais.
Até a transferência para a Mubadala, chamava-se Refinaria Landulpho Alves (RLAM).
A refinaria tem área é de 6,4 quilômetros quadrados e é responsável pela contribuição em impostos de 750 milhões de reais por ano (ICMS) (80% da arrecadação de São Francisco do Conde), além de empregar inúmeros trabalhadores direta e indiretamente, o que faz da cidade uma das mais ricas por PIB per capita.
Seus principais produtos refinados são propano, propeno, iso-butano, gás liquefeito de petróleo (GLP), diesel, gasolina, nafta petroquímica, querosene, querosene de aviação, parafinas e n-parafinas, lubrificantes, óleos combustíveis e asfaltos.
A primeira refinaria nacional de petróleo, a Refinaria Nacional do Petróleo ou Refinaria de Mataripe começou a ser construída em 1949 e, com funcionamento iniciado em 17 de setembro de 1950, está diretamente ligada à descoberta dos primeiros poços de petróleo no País, precisamente no Recôncavo Baiano (onde se deu a primeira acumulação comercial de petróleo em Candeias).
Sua construção e operação formou uma classe operária egressa do trabalho com a pesca e a agricultura e inaugurou um novo ciclo econômico, com a atividade industrial do refino virando a página da até então reinante agroindústria da cana-de-açúcar.
Com a criação da Petrobras, em 1953, a refinaria foi incorporada ao patrimônio da companhia, passando a chamar-se quatro anos depois Refinaria Landulpho Alves-Mataripe, em homenagem ao engenheiro e político baiano que muito lutou pela causa do petróleo no País.
Como interventor do Estado Novo na Bahia, Landulfo Alves pleiteava desde 1938 a construção de uma refinaria em território baiano, o que só foi autorizado pelo governo federal em 1946. E
m consequência da nova refinaria, a Bahia se manteve como principal estado produtor por quase três décadas e chegou a ser responsável por produzir cerca de 30% da demanda do Brasil.
Em março de 2006, a então RLAM alcançou um novo recorde de processamento de petróleo, com 1 348 225 m³ de carga, o que equivale a uma média diária de 43 491 m³ (273 550 barris). Até então, o melhor desempenho mensal da refinaria havia sido registrado em agosto de 2005, com a marca de 1 292 153 m³, equivalente a uma média de 41 682 m³/dia (262 172 barris/dia).
Mais adiante, em outubro de 2014, foram registrados novos recordes: carga total processada de 51 mil m³/dia, 1% superior ao recorde anterior, de 50,4 mil m³/dia em junho e a produção de diesel de 563 mil m³, 5% superior ao recorde anterior de 536 mil m³, alcançado em janeiro.