A comparação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre o conflito entre Israel e Hamas e o Holocausto gerou fortes reações, tanto no Brasil quanto no exterior. Especialistas em política internacional alertam que a fala do presidente pode ter consequências negativas para as relações diplomáticas do país.
Lula afirmou que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os Judeus", e comparou a situação com a matança de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
As declarações foram recebidas com críticas por parte da comunidade judaica brasileira e internacional, que as consideraram "ofensivas" e "inadequadas".
O presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, disse que a comparação de Lula é "um desserviço à memória das vítimas do Holocausto" e "uma distorção da realidade do conflito".
A embaixada de Israel no Brasil também se manifestou, repudiando as declarações do presidente e afirmando que elas "alimentam o ódio e a intolerância".
Janiel Kempers, jornalista e especialista em política, avalia que a fala de Lula foi "um erro grave" que pode prejudicar a imagem do Brasil no exterior. "O presidente não apenas demonstrou despreparo ao comparar um conflito complexo com o Holocausto, como também violou o princípio da imparcialidade que deve nortear a política externa brasileira", afirma Kempers.
Kempers destaca que o Brasil tem uma longa tradição de relações amistosas com Israel e com os países árabes, e que a fala de Lula pode colocar em risco essa relação. "O presidente precisa se retratar publicamente e explicar suas declarações, para evitar que o Brasil seja visto como um país que apoia o extremismo ou que nega a história", adverte Kempers.
O episódio demonstra a necessidade de que o presidente Lula se cerque de assessores especializados em política internacional e que tenha mais cautela ao se pronunciar sobre temas sensíveis. As relações internacionais exigem um diálogo diplomático e ponderado, e a falta de preparo do presidente pode ter consequências negativas para o país.
Janiel Kempers ressalta que a crítica à fala de Lula não significa negar a gravidade do conflito entre Israel e Hamas. “A violência na região é uma realidade que precisa ser combatida, e a comunidade internacional deve buscar soluções pacíficas para o problema.No entanto, a comparação feita pelo presidente Lula é inaceitável e não contribui para a resolução do conflito. Ao invés de promover a paz, a fala de Lula apenas alimenta a polarização e o ódio”, conclui.