O artista plástico Antonio dos Santos, mais conhecido como Júnior Pakapym, é o criador da marca "Salvador Capital Afro", tema do Carnaval da capital baiana deste ano.
Além de seu trabalho como ilustrador em diversos livros e revistas, Pakapym se destaca na criação de logotipos em projetos como "Ori Literário", "Curuzu Afrofuturista", "Revista Laroyê", "Culturas do Recôncavo", entre outros.
Segundo ele, a marca "Salvador Capital Afro" surgiu com um convite surpreendente. "Fiquei bem surpreso com o convite, porém, depois, surgiram algumas dúvidas da minha parte, sobre se eu conseguiria fazer o trabalho por conta de todo o contexto que nossa cidade vive", disse. Ele ressaltou a representatividade como um aspecto essencial do convite, sendo um jovem negro, candomblecista e da periferia.
O tema deste ano, centrado nos 50 anos dos blocos afros, tem no Ilê Aiyê sua inspiração principal. "Eu tentei trazer uma Salvador Capital Afro da diáspora, trazendo insígnias que constam na cidade, que são afros". Ele mencionou a importância do Ilê como pioneiro, representando "o samba, a musicalidade e a dança".
A marca, de acordo com o artista, incorpora elementos simbólicos, como os gradis em forma de adinkras, representando os legados dos antepassados africanos que chegaram aqui na “violenta condição de escravizados”. As cores vibrantes, inspiradas no continente africano, e o mapa da África como uma raiz que reverbera em todas as diásporas, evidenciam a conexão com as raízes culturais.
Júnior Pakapym também pontuou o símbolo do sankofa, representando o Ilê Aiyê e sua função em combate ao racismo, intolerância e violência.
O tema é uma homenagem à cultura afro-brasileira presente na cidade. Para a folia, a Prefeitura de Salvador irá investir mais de R$8 milhões nos blocos afro e afoxés, além de apoiar 130 entidades de matriz africana independentes.